Qual o Contexto? 

As taxas de sangramento em idosos com fibrilação atrial (FA), que usam anticoagulantes para prevenção de acidente vascular encefálico (AVC), são maiores do que em jovens. Por isso, prescreve-se doses mais baixas, apesar de dados limitados. Assim, realizou-se esta análise post-hoc do ENGAGE AF-TIMI 48, que mostrou que, neste perfil de pacientes, as taxas de eventos hemorrágicos maiores são mais baixas naqueles que receberam doses reduzidas de anticoagulantes, sem aumento de eventos isquêmicos.

Como o Estudo Foi Feito? 

Esta análise post-hoc do ENGAGE AF-TIMI 48 selecionou 2.966 pacientes com idade ≥ 80 anos, sem critérios de redução de dose, que receberam edoxabana 60mg/dia versus edoxabana 30mg/dia; bem como, pacientes com ou sem critério de redução de dose, que receberam edoxabana 30mg/dia versus warfarina. Os dados foram analisados entre outubro/2022 e dezembro/2023. O desfecho primário era morte, AVC ou embolia sistêmica, sangramento maior e cada componente individual. Seus resultados mostraram que em pacientes com idade ≥ 80 anos, com FA, as taxas de eventos hemorrágicos maiores foram mais baixas naqueles que receberam edoxabana 30mg/dia, quando comparados aos que receberam edoxabana 60mg/dia (em pacientes sem critério de redução de dose) ou warfarina (independente do status de redução de dose), sem aumento de eventos isquêmicos.

Qual o Impacto na Prática? 

Esta análise secundária reforça o que se recomenda fortemente e o que já faço na prática clínica: em pacientes idosos extremos (idade ≥ 80 anos), com FA, devemos sempre nos atentar ao risco hemorrágico do paciente e considerar o uso de doses reduzidas dos anticoagulantes para prevenção de AVC, visto que eventos hemorrágicos podem ser altamente deletérios e letais para este perfil de pacientes.