Qual o contexto?

Embora ensaios clínicos tenham demonstrado a eficácia e segurança da trombectomia endovascular (TEV) para grandes acidentes vasculares cerebrais isquêmicos (AVCi), a maioria excluiu pacientes com oclusão extracraniana da artéria carótida interna (ACI-E). Assim, esta análise secundária do estudo randomizado SELECT2 com o objetivo de comparar os desfechos entre pacientes submetidos à TEV versus manejo medicamentoso nesse perfil de pacientes. Os resultados mostraram melhores desfechos funcionais e um bom perfil de segurança em comparação ao manejo medicamentoso.

Como o estudo foi feito?

Foram analisados 62 pacientes com AVCi de grande núcleo isquêmico (ASPECTS 3–5 ou volume de núcleo ≥50 mL) e oclusão da ACI-E, randomizados para TEV ou tratamento medicamentoso. O desfecho primário foi a distribuição da pontuação na Escala de Rankin modificada (mRS) aos 90 dias, além da incidência de hemorragia intracraniana sintomática (HIC). Os resultados mostraram que a TEV foi associada significativamente a uma melhora funcional (OR 2,51; IC 95% 1,43–4,39; p = 0,001). Além disso, mais pacientes submetidos à TEV alcançaram deambulação independente aos 90 dias (TEV: 37,8% vs. manejo medicamentoso: 8%; p = 0,037). A independência funcional foi maior no grupo TEV (21,6% vs. 8%; p = 0,285), embora sem significância estatística. Não houve casos de HIC em nenhum dos grupos, e a mortalidade foi semelhante entre os grupos. 

Qual o impacto na prática?

Os achados deste estudo sugerem que, em pacientes com oclusão da ACI-E associada a evento neurológico, a TEV leva a melhores desfechos clínicos, sem aumentar o risco de complicações hemorrágicas ou mortalidade. Por ser um procedimento minimamente invasivo, deve ser considerado o tratamento de escolha quando houver equipe de Neurointervenção experiente, infraestrutura adequada para o procedimento e suporte de terapia intensiva para manejo de possíveis complicações.