Qual o contexto?

A inatividade física é um fator de risco para piora funcional e maior morbimortalidade em diversas populações. Em sobreviventes de parada cardíaca extra-hospitalar (PCEH), múltiplos fatores podem impedir a adesão às recomendações de atividade física da Organização Mundial da Saúde (OMS), impactando sua qualidade de vida. Para investigar essa questão, realizou-se esta análise post-hoc do estudo randomizado TTM2, que revelou que um terço dos sobreviventes de PCEH relataram baixos níveis de atividade física. Obesidade, problemas de mobilidade e comprometimento cognitivo foram significativamente associados à menor prática de exercícios.

Como o estudo foi feito?

Nesta análise post-hoc do TTM2, sobreviventes de PCEH atendidos em 61 centros da Europa, Austrália e Nova Zelândia foram convidados para um acompanhamento de seis meses. Os participantes responderam a duas perguntas sobre atividade física autorreferida, cujas respostas foram categorizadas em níveis baixo, moderado ou alto. Posteriormente, os dados foram dicotomizados em nível baixo versus moderado/alto para análise estatística. Os resultados mostraram que 34% dos sobreviventes relataram um nível baixo de atividade física, 44% moderado e 22% alto. Além disso, obesidade (OR = 1,75; IC 95% 1,10–2,77; p = 0,018), problemas de mobilidade (OR = 1,73; IC 95% 1,06–2,84; p = 0,029) e comprometimento cognitivo (OR = 1,78; IC 95% 1,13–2,82; p = 0,013) foram fatores independentemente associados a baixos níveis de atividade física.

Qual o impacto na prática?

Os achados deste estudo sugerem que a inatividade física em sobreviventes de PCEH pode piorar a mobilidade, cognição e aumentar o risco cardiovascular. Obesidade, problemas de mobilidade e comprometimento cognitivo foram associados a menores níveis de atividade física, reforçando a necessidade de triagem e suporte precoce. Dessa forma, após uma avaliação clínica multidisciplinar criteriosa, é essencial incentivar a prática regular de exercícios físicos para melhorar a funcionalidade e reduzir o risco de novos eventos cardíacos nessa população.