Qual o Contexto?

A tempestade elétrica (TE), caracterizada por múltiplos episódios de arritmia ventricular grave em um curto período, está associada a alta mortalidade precoce. Embora a ablação por cateter (AC) seja uma terapia estabelecida para TE, a extensão de seu impacto na sobrevida ainda não estava totalmente clara. Este estudo multicêntrico, utilizando análise por emparelhamento por escore de propensão, investigou se a AC oferece benefícios significativos na redução da mortalidade em pacientes com TE, especialmente em indivíduos com fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) baixa.

Como o Estudo Foi Feito?

Foram analisados 780 pacientes consecutivos internados por TE em quatro centros terciários. Após o emparelhamento por escore de propensão (1:1), foram formados dois grupos de 288 pacientes: um tratado com AC e outro com terapia medicamentosa isolada, balanceados em características demográficas e clínicas relevantes. Os resultados mostraram que, em um ano, a recorrência de TE foi significativamente menor no grupo de AC (5% contra 26% no grupo de terapia medicamentosa; p < 0,001). Em relação à sobrevida, o grupo submetido à AC apresentou taxas significativamente maiores em 1 ano (91% vs 81%; p < 0,001) e em 3 anos (78% vs 71%; p = 0,017). A eficácia da AC foi particularmente evidente em pacientes com FEVE inferior a 35% (HR: 0,39; IC 95%: 0,27-0,59) e em pacientes com idade superior a 70 anos (HR: 0,39; IC 95%: 0,24-0,66).

Qual o Impacto na Prática?

Este estudo sugere que, para pacientes internados por TE, a ablação por cateter pode oferecer vantagens importantes em relação à terapia medicamentosa isolada, reduzindo tanto a recorrência de arritmia quanto a mortalidade, especialmente em pacientes com FEVE reduzida. Assim, em pacientes com TE, após a exclusão de causas reversíveis (como isquemia coronariana aguda), a AC deve ser considerada como tratamento de primeira linha para minimizar complicações e melhorar a sobrevida.