Qual o Contexto? 

Infecções pelos herpes vírus humanos (citomegalovírus - CMV e herpes simplex vírus - HSV) costumam reativar em pacientes críticos com síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) relacionada à COVID-19. No entanto, existem discussões sobre a relação da reativação com a mortalidade e o benefício da terapia antiviral. Este estudo de coorte mostrou que reativações pelo HSV são comuns e a dinâmica da carga viral do HSV antes ou sem terapia antiviral está associada à mortalidade.

Como o Estudo Foi Feito?

Essa coorte observacional incluiu 194 pacientes em ventilação mecânica, com diagnóstico de COVID-19 confirmado e sob risco de reativação viral, pela presença de IgG positivo contra CMV ou HSV. Broncoscopia diagnóstica com lavado broncoalveolar (BAL) foi realizada e analisada para cargas virais alveolares e biomarcadores inflamatórios. Utilizando modelos conjuntos, explorou-se a associação dinâmica entre trajetórias de carga viral e mortalidade. Os resultados mostraram que a reativação pulmonar de CMV ocorreu em 6% dos pacientes IgG positivo para CMV e a de HSV ocorreu em 37% dos pacientes IgG positivo para HSV. Além disso, a dinâmica da carga viral do HSV antes ou sem tratamento antiviral foi associada ao aumento da mortalidade em 90 dias.

Qual o Impacto na Prática? 

Em pacientes com SDRA relacionada à COVID-19 que apresentem piora da função respiratória e do status clínico, é importante considerar a reativação viral de HSV (mais comum) ou de CMV. Os achados do estudo destacam que a reativação pulmonar de HSV é frequente e está associada a uma inflamação alveolar aumentada, que estabiliza com o início do tratamento antiviral. Isso sugere que a intervenção precoce com antivirais pode melhorar os desfechos clínicos. Contudo, é necessário um estudo de intervenção direcionado para confirmar esses benefícios e definir o melhor ponto de corte para a carga viral, considerando as particularidades de cada paciente.