Qual o Contexto?

Embora a redução da pressão arterial (PA) seja uma estratégia central para prevenir eventos cardiovasculares, a meta ideal de PA sistólica em pacientes com diabetes tipo 2 (DM2) ainda não era clara. O estudo BPROAD (Blood Pressure Reduction in Older Adults with Diabetes) foi desenhado para avaliar se uma abordagem mais intensiva (PA sistólica < 120 mmHg) oferece benefícios superiores ao controle padrão (PA sistólica < 140 mmHg). Os achados têm o potencial de redefinir diretrizes para o manejo da hipertensão em pacientes com DM2.

Como o Estudo Foi Feito?

O BPROAD incluiu 12.821 pacientes com DM2, idade ≥ 50 anos, PA sistólica elevada e risco aumentado de doença cardiovascular, recrutados em 145 centros na China entre 2019 e 2021. Os participantes foram randomizados para receber tratamento intensivo visando PA sistólica < 120 mmHg ou tratamento padrão visando PA < 140 mmHg, com um seguimento médio de 4,2 anos. O desfecho primário foi uma composição de acidente vascular cerebral não fatal, infarto do miocárdio não fatal, hospitalização por insuficiência cardíaca ou morte cardiovascular. O grupo de tratamento intensivo alcançou uma PA sistólica média de 121,6 mmHg em 1 ano, contra 133,2 mmHg no grupo padrão. Eventos primários ocorreram em 1,65 por 100 pessoas-ano no grupo intensivo versus 2,09 por 100 pessoas-ano no grupo padrão (HR 0,79; IC 95% 0,69–0,90; p < 0,001). Embora eventos adversos graves tenham sido semelhantes entre os grupos, hipotensão sintomática e hipercalemia foram mais frequentes no grupo intensivo.

Qual o Impacto na Prática?

Os resultados do BPROAD, apresentados no Congresso AHA 2024, desafiam paradigmas anteriores que não recomendavam redução agressiva da PA sistólica em pacientes com DM2. A abordagem intensiva demonstrou reduzir significativamente eventos cardiovasculares maiores, melhorando a sobrevida e a qualidade de vida desses pacientes. Entretanto, é fundamental monitorar cuidadosamente possíveis efeitos adversos, como hipotensão e alterações eletrolíticas. Este estudo estabelece novas metas terapêuticas e reforça a necessidade de personalização no manejo da hipertensão, equilibrando os benefícios cardiovasculares com os riscos associados a um controle intensivo da PA.