Qual o contexto?

A caquexia é uma complicação frequente do câncer, associada à redução da sobrevida e piora da qualidade de vida. O fator de diferenciação do crescimento 15 (GDF-15), uma citocina circulante, tem níveis elevados na caquexia associada ao câncer. Um estudo fase 1b sugeriu que o ponsegromab, um anticorpo monoclonal humanizado que inibe o GDF-15, pode melhorar desfechos. Para confirmar sua eficácia, este estudo randomizado demonstrou que o uso do ponsegromab resultou em aumento significativo de peso, melhora do nível geral de atividade e redução dos sintomas da caquexia.

Como o estudo foi feito?

Foram incluídos 187 pacientes com caquexia associada ao câncer e níveis elevados de GDF-15 (≥1500 pg/ml), randomizados em proporção 1:1:1:1 para receber ponsegromab em doses de 100 mg, 200 mg ou 400 mg, ou placebo, administrado por via subcutânea a cada 4 semanas por 3 doses. O desfecho primário foi a mudança no peso corporal em 12 semanas. Os pacientes tratados com ponsegromab tiveram ganho de peso significativamente maior do que aqueles no grupo placebo, com diferenças medianas de 1,22 kg (IC 95%, 0,37 a 2,25) no grupo de 100 mg, 1,92 kg (IC 95%, 0,92 a 2,97) no grupo de 200 mg e 2,81 kg (IC 95%, 1,55 a 4,08) no grupo de 400 mg. Eventos adversos foram relatados em 70% dos pacientes no grupo ponsegromab e em 80% no grupo placebo.

Qual o impacto na prática?

Os resultados sugerem que o ponsegromab pode representar uma nova abordagem terapêutica para a caquexia associada ao câncer, com potencial para melhorar peso, atividade e qualidade de vida. No entanto, a medicação ainda está em fase experimental, e estudos adicionais são necessários para avaliar seus efeitos a longo prazo e confirmar seu impacto na sobrevida. A previsão é de que o processo de registro do fármaco seja iniciado em 2025, tornando-o uma possível opção terapêutica futura.