Qual o Contexto?

O CagriSema (CS), uma combinação de análogos de ação prolongada da amilina (cagrilintida) e do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (semaglutida), está em desenvolvimento clínico para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. O CS induz perda de peso ao suprimir a ingestão de alimentos, mas não se sabe se estão envolvidos mecanismos contrários à adaptação metabólica. Diante disso, esse tema foi abordado pelo Dr. Rune Kuhre durante sua palestra no evento da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD) 2024.

Resumo da Palestra:

O palestrante inicia explicando que o estudo investigou o efeito da combinação CagriSema (cagrilintide + semaglutida) em ratos obesos induzidos por dieta, focando na perda de peso e gasto energético (EE). Os ratos tratados com CagriSema perderam cerca de 11% do peso corporal, com uma redução de 50% na ingestão alimentar em comparação ao grupo controle. Apesar da perda de peso, o gasto energético total (TEE) nos ratos tratados com CagriSema não foi reduzido, enquanto os ratos que perderam peso apenas por restrição calórica (WM) apresentaram um TEE 14% menor. Esse grupo WM também necessitou de 15% menos calorias para alcançar a mesma perda de peso. O Dr. Kuhre conclui que a CagriSema evitou a adaptação metabólica (redução do EE associada à perda de peso) vista nos ratos WM, sugerindo que o tratamento previne a queda no TEE sem aumentar a temperatura corporal. Além disso, níveis elevados de T3 e manutenção de T4 em ratos tratados com CagriSema podem estar relacionados à prevenção dessa adaptação.

Qual o Impacto na Prática?

Na prática clínica,  a CagriSema previne a adaptação metabólica associada à perda de peso. Esse efeito parece ser mediado tanto pela cagrilintida quanto pela semaglutida. Os mecanismos subjacentes podem envolver a elevação da triiodotironina circulante e a prevenção da diminuição da tiroxina plasmática.