Qual o contexto?

Úlceras nos pés são complicações temidas em pacientes diabéticos, com 20% evoluindo para infecção e potencial amputação. Por isso, este ensaio clínico randomizado investigou se a limpeza diária com clorexidina 2% reduziria o desenvolvimento de novas complicações nos pés em comparação com a limpeza convencional com água e sabão em veteranos diabéticos de alto risco. Os resultados demonstraram que o uso diário de clorexidina não ofereceu vantagem significativa sobre água e sabão na prevenção de complicações nos pés diabéticos.

Como o estudo foi feito?

175 veteranos com diabetes (97% homens, idade média 68 anos) foram randomizados para usar diariamente lenços umedecidos com clorexidina 2% ou lenços com água e sabão durante um ano. Todos os participantes receberam a mesma loção para aplicação após o uso dos lenços e orientações sobre autocuidado. O desfecho primário foi o tempo até o desenvolvimento de novas complicações nos pés (úlcera crônica, infecção ou amputação). Após um ano, 15% dos participantes desenvolveram complicações, sem diferença significativa entre os grupos (HR 0,83; IC 95%, 0,39-1,80; p=0,64). Notavelmente, os pacientes com histórico prévio de úlceras apresentaram risco muito maior, com 32% desenvolvendo novas complicações.

Qual o impacto na prática?

Este estudo reforça que não há necessidade de recomendação específica de clorexidina em vez de água e sabão para a higiene diária dos pés de pacientes diabéticos. O foco deve ser garantir que pacientes diabéticos realizem higiene regular e consistente dos pés, independentemente do produto. No entanto, a estratificação de risco é crucial: pacientes com histórico de úlceras prévias exigem monitoramento mais intensivo e estratégias adicionais de prevenção. O desafio da prevenção de complicações nos pés diabéticos permanece, indicando a necessidade de abordagens que vão além da simples antissepsia tópica.