Vacina Quadrivalente de Alta Dose contra Influenza em Idosos com 65 Anos ou Mais
28 de novembro de 2024
7 minutos de leitura
A vacina quadrivalente de alta dose é segura e imunogênica para adultos com 65 anos ou mais, quando comparada às vacinas trivalentes?
Idosos têm maior risco de complicações graves e mortalidade associadas à influenza devido ao declínio imunológico e comorbidade. Por isso, são necessárias abordagens para melhorar as respostas imunológicas, que incluem o aumento da dose de antígeno vacinal, adicionando um adjuvante, além da exploração de vias alternativas de administração. Além disso, nas últimas duas décadas, duas linhagens distintas de influenza B (Victoria e Yamagata) co-circularam, tornando difícil prever qual das duas linhagens B predominará durante a próxima temporada de infecção por influenza. Portanto, foram desenvolvidas vacinas quadrivalentes (IIV4-HD) contra influenza que incorporaram cepas de cada linhagem B, para melhorar a proteção contra a doença. O objetivo deste estudo é avaliar a segurança e a imunogenicidade da vacina IIV4-HD inativada contra influenza em adultos com idade ≥ 65 anos.
Ensaio clínico randomizado
Duplo cego
Multicêntrico, realizado em 35 centros nos EUA.
Uma amostra de 2.616 indivíduos foi determinada, com base em um poder geral de 90% para demonstrar não inferioridade para a inibição de hemaglutinação (HAI) e taxas de soroconversão comparando IIV4-HD versus vacina trivalente de alta dose (IIV3-HD1) e/ou vacina trivalente de alta dose, contendo H1N1, H3N2 e linhagem B Yamagata (IIV3-HD2) para todas as quatro cepas de vírus, assumindo-se uma taxa de desistência de 8% na análise por protocolo.
Randomização na razão 4:1:1 para recebimento de uma única injeção intramuscular no braço de IIV4-HD (vacina quadrivalente de alta dose), IIV3-HD1 (vacina Trivalente de alta dose com linhagem B Victoria) ou IIV3-HD2 (vacina Trivalente de alta dose com linhagem B Yamagata).
Idosos saudáveis selecionados entre 8 de setembro de 2017 e 15 de setembro de 2017
Idade ≥ 65 anos
Ausência de vacinação contra gripe nos últimos 6 meses, antes da seleção para o estudo.
Recebimento de qualquer vacina nos últimos 28 dias antes do estudo
Planejamento para receber uma vacina antes de 28 dias após a vacinação do estudo.
Recebimento de imunoglobulinas, sangue ou produtos derivados do sangue nos últimos 3 meses, antes do estudo.
Imunodeficiência congênita ou adquirida conhecida ou suspeita
Terapia imunossupressora nos últimos 6 meses antes do estudo
Terapia com corticosteroides sistêmicos de longo prazo (prednisona ou equivalente) por mais de 2 semanas consecutivas nos últimos 3 meses antes do estudo.
Hipersensibilidade sistêmica conhecida a qualquer um dos componentes da vacina ou histórico de reação com risco de vida às vacinas utilizadas no ensaio ou a uma vacina contendo qualquer uma das mesmas substâncias.
Trombocitopenia ou distúrbio hemorrágico contraindicando vacinação intramuscular.
História pessoal ou familiar de síndrome de Guillain-Barré.
Aplicação da vacina IIV4-HD intramuscular (0,7ml)
Aplicação IIV3-HD1 ou IIV3-HD2 intramuscular (0,5ml)
Todos os pacientes coletavam amostras de sangue pré-vacinação (dia 0) e uma outra amostra de sangue pós-vacinação no final da fase ativa do ensaio (dias 28 a 35) para testes de HAI.
Durante 7 dias após a vacinação, usando um cartão diário, os pacientes registravam a temperatura diária e relatavam sobre alterações em local de aplicação da injeção (eritema, enduração), bem como reações sistêmicas e medidas tomadas, caso sintomas aparecessem.
Primário: não-inferioridade da IIV4-HD em relação à IIV3-HD nos títulos HAI (inibição da hemaglutinação) e taxas de soroconversão.
Secundários: superioridade para cepas B não incluídas na IIV3-HD e descrição do perfil de segurança.
MasculinoFeminino
IIV4-HD (N=1680) x IIV3-HD1 (N=423) x IIV3-HD2 (N=430)
Idade ≥ 75 anos: 35,4% x 33,3% x 38,1%
Negros: 6,8% x 8,5% x 7,4%
Brancos: 91,2% x 89,8% x 89,5%
Sobrepeso (IMC entre 25–29.9 kg/m2): 33,6% x 36,9% x 35,1%
Obesidade (IMC ≥ 30): 41,1% x 38,8% x 42,6%
Tabagismo: 6,2% x 5% x 5,1%
História de condições médicas crônicas: 55,8% x 57,8% x 49,3%
Vacinação prévia contra influenza (ano anterior ao estudo): 75,4% x 69,5% x 74%
A inclusão de uma segunda cepa B na IIV4-HD melhorou a imunogenicidade contra a linhagem adicional sem comprometer a resposta imunológica às outras cepas ou a segurança da vacina.
Para a cepa B Victoria, o HAI pós-vacinação foi:
IIV4-HD: 516 (IC 95%: 488–545), comparável ao IIV3-HD1 (476 [IC 95%: 426–532]), mas superior ao IIV3-HD2 (253 [IC 95%: 226–283]).
Taxas de soroconversão foram de 36,5% (IC 95%: 34,2%–38,9%) para IIV4-HD, comparáveis ao IIV3-HD1 (39,0% [IC 95%: 34,3%–43,8%]) e significativamente superiores ao IIV3-HD2 (15,2% [IC 95%: 11,9%–18,9%]).
Para a cepa B Yamagata, o HAI pós-vacinação foi:
IIV4-HD: 578 (IC 95%: 547–612), equivalente ao IIV3-HD2 (580 [IC 95%: 519–649]) e superior ao IIV3-HD1 (282 [IC 95%: 250–318]).
Taxas de soroconversão foram de 46,6% (IC 95%: 44,2%–49,0%) para IIV4-HD, comparáveis ao IIV3-HD2 (48,4% [IC 95%: 43,5%–53,2%]) e superiores ao IIV3-HD1 (17,6% [IC 95%: 14,1%–21,6%]).
As respostas imunológicas (títulos HAI e taxas de soroconversão) para as cepas A (H1N1 e H3N2) e B (linhagens Victoria e Yamagata) foram equivalentes ou superiores às respostas observadas nas vacinas trivalentes de alta dose (IIV3-HDs).
Para A/H1N1, o HAI foi:
IIV4-HD: 312 (IC 95%: 292–332), comparável ao IIV3-HD (374 [IC 95%: 341–411]).
Taxas de soroconversão:
IIV4-HD: 50,4% (IC 95%: 48,0%–52,8%).
IIV3-HD: 53,7% (IC 95%: 50,2%–57,1%).
Para A/H3N2, o HAI foi:
IIV4-HD: 563 (IC 95%: 525–603), comparável ao IIV3-HD (594 [IC 95%: 540–653]).
Taxas de soroconversão:
IIV4-HD: 49,8% (IC 95%: 47,3%–52,2%).
IIV3-HD: 50,5% (IC 95%: 47,1%–53,9%).
As reações adversas mais comuns foram similares entre os grupos: dor no local da injeção, mialgia, mal-estar e dor de cabeça.
A proporção de eventos adversos que levaram à descontinuação do estudo foi equivalente entre os grupos.
Não foram identificadas novas preocupações de segurança durante o estudo, com acompanhamento de até 180 dias.
Uma vacina quadrivalente inativada de alta dose contra influenza (IIV4-HD), com a adição de uma segunda cepa B gera melhor imunogenicidade contra a cepa adicionada sem comprometer a imunogenicidade das outras cepas ou a tolerabilidade da vacina.
Avaliou pacientes idosos, uma população subestudada, na maioria dos ensaios clínicos.
Comparou eficácia e segurança da IIV4-HD com vacinas trivalentes contra influenza que são consagradas e aprovadas pelas principais agências de saúde, o que apresenta grande relevância para prática clínica.
Boa proporção de distribuição entre os gêneros.
Boa proporção de distribuição de comorbidades entre os grupos, o que afasta o viés de seleção.
Avaliou apenas idosos saudáveis. Assim, não podemos extrapolar os resultados para pacientes idosos com fragilidade extrema ou hospitalizados.
Avaliou pacientes apenas de centros nos Estados Unidos. Por isso, seus resultados não podem ser extrapolados para outros perfis populacionais.
Baixa heterogeneidade étnica.
Estudo patrocinado pela Sanofi.
Autor do conteúdo
Carolina Ferrari
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/vacina-quadrivalente-de-alta-dose-contra-influenza-em-idosos-com-65-anos-ou-mais
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