Uso de Metanfetamina e Rins: Quais Lesões a Biópsia Pode Revelar?
15 de agosto de 2024
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Com o aumento do uso recreativo de drogas ilícitas, é fundamental compreender os efeitos tóxicos dessas substâncias na prática clínica e na realização de diagnósticos diferenciais. Este estudo retrospectivo, realizado em um centro nos Estados Unidos entre 2013 e 2023, teve como objetivo elucidar as manifestações clínicas e histopatológicas renais em pacientes com histórico de uso abusivo de metanfetaminas. Dada a ampla gama de condições associadas ao uso de metanfetaminas, como hipertensão severa e infecções concomitantes, é crucial entender como esses fatores influenciam os achados renais.
Foi realizada uma análise retrospectiva de 112 pacientes com histórico de uso abusivo de metanfetaminas, identificados através de um banco de dados institucional. Destes, 55% usavam apenas metanfetaminas. A mediana de idade foi de 40 anos, com 76% dos pacientes sendo do sexo masculino. Entre os pacientes, 55% tinham hipertensão pré-existente, 55% apresentavam complicações infecciosas, e a creatinina na admissão tinha mediana de 5,1 mg/dL. Além disso, 27% apresentavam hematúria, 65% tinham proteinúria, sendo que 34% apresentavam proteinúria nefrótica e apenas 6,5% se apresentavam com síndrome nefrótica. Os principais achados histopatológicos nos pacientes que usavam apenas metanfetaminas foram: 66% com necrose tubular aguda, dos quais 19% apresentavam cilindros de mioglobina; 53% com glomeruloesclerose segmentar e focal; 37% com nefrite intersticial; 24% com microangiopatia trombótica; e 15% com glomerulonefrite pós-infecciosa.
É importante considerar que, como este é um estudo retrospectivo, há limitações inerentes, incluindo a possibilidade de subnotificação do uso de outras substâncias que poderiam influenciar os achados. Ainda assim, na prática clínica, é essencial observar que a principal manifestação clínica em usuários de metanfetaminas é a insuficiência renal aguda e/ou proteinúria, e que o espectro da patologia renal associada ao uso dessa substância é amplo. Deve-se prestar atenção especial às associações clínicas, como necrose tubular aguda com cilindros de mioglobina secundários à rabdomiólise, nefrite intersticial associada ao uso da substância e/ou processos infecciosos, hipertensão maligna acelerada com manifestação histológica de microangiopatia trombótica, além de infecções que podem ser responsáveis por glomerulonefrite pós-infecciosa.
Autor do conteúdo
Equipe DocToDoc
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Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/uso-de-metanfetamina-e-rins-quais-lesoes-a-biopsia-pode-revelar
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