Tocilizumabe Reduz Atividade de Doença na Artrite Reumatoide com DMARD Convencional
06 de agosto de 2024
5 minutos de leitura
João Lucas Aquino Rangel
O tocilizumabe em combinação com DMARDs tradicionais é eficaz para reduzir a atividade da doença em pacientes com artrite reumatoide ativa e resposta inadequada a DMARDs?
O tratamento moderno da artrite reumatoide tem o objetivo de redução do processo inflamatório articular e sistêmico, com vias à preservação de qualidade de vida e funcionalidade. Em 2008, o arsenal terapêutico contava com DMARDS sintéticos e biológicos com diferentes mecanismos de ação, mas a refratariedade ou morosidade de obtenção de resposta terapêutica continuavam a ser um problema para parcela significativa dos pacientes. O estudo TOWARD avaliou a eficácia e segurança do anticorpo monoclonal humanizado anti-receptor-IL-6 (tocilizumabe), em combinação com DMARD sintético, em pacientes com artrite reumatoide ativa.
Ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo
Multicêntrico internacional (18 países)
Randomização proporcional 2:1 (intervenção: placebo)
Cálculo amostral de 1200 pacientes para ter 90% de poder para detectar uma diferença de 20% na taxa de resposta entre os grupos, com um nível de significância (alfa) de 0,05
Pacientes com artrite reumatoide em atividade moderada/grave, incluídos de 2005 a 2006
Diagnóstico de artrite reumatoide (American College of Rheumatology 1987)
Maiores de 18 anos
Atividade moderada/grave de doença (ACR 1987)
Uso estável de DMARDS permitidos pelo estudo por ≧ 8 semanas (metotrexato, difosfato de cloroquina, hidroxicloroquina, sulfassalazina, leflunomida, azatioprina, sais de ouro)
Uso AINES e corticoide sistêmico (< 10mg/dia de equivalente de prednisona), se dose estável há ≧ 6 semanas.
Pacientes que não responderam à anti-TNF previamente
Tocilizumabe combinado com DMARD convencional. Tocilizumabe foi administrado por via intravenosa na dose de 8 mg/kg a cada quatro semanas, em conjunto com o DMARD que o paciente já estava utilizando
Placebo combinado com DMARD convencional. Placebo intravenoso, administrado na mesma frequência (a cada quatro semanas)
Desfecho primário: resposta de 20% de melhora conforme os critérios ACR20 na semana 24
Desfechos secundários: resposta clínica (ACR50 e ACR70), melhora na função física (HAQ), alterações nos marcadores inflamatórios (PCR e ESR), segurança e tolerabilidade (eventos adversos e descontinuação do tratamento).
Características dos Pacientes:
MasculinoFeminino
Tocilizumabe (N=803) x Controle (N=413)
Média de idade: 53 ± 13 x 54 ± 13 anos
Sexo feminino: 81% x 84%
Duração média da doença: 9,8 ± 8,8 x 9,8 ± 9,1 anos
DAS28 médio: 6,7 ± 1,0 x 6,6 ± 1,0
Uso de DMARDs de base:
1 DMARD: 77% x 75%
2 ou mais DMARDs: 22% x 24%
Medicamentos no início do estudo:
Metotrexato: 75,8% x 73,9%
Cloroquina/hidroxicloroquina: 20,6% x 19,8%
Sulfassalazina: 13,1% x 14,3%
Leflunomida: 12,1% x 15,5%
Ouro parenteral: 0,2% x 0,7%
Azatioprina: 2,2% x 2,2%
Corticoides orais: 51,2% x 54,6%
Ácido fólico: 71,8% x 70,0%
AINEs: 71,4% x 77,1%
Outros: 36,9% x 34,5%
O tratamento com tocilizumabe em combinação com DMARDs resultou em uma maior proporção de pacientes atingindo ACR20 na semana 24, em comparação ao grupo placebo (61% vs. 25%; p < 0,001).
Os pacientes no grupo de tocilizumabe também mostraram melhora significativa nos critérios ACR50 (38% vs. 9%) e ACR70 (21% vs. 3%), em comparação ao grupo placebo (p < 0,001 para ambos).
Houve melhora significativa na função física e reduções significativas de marcadores inflamatórios no grupo tocilizumabe.
Infecções foram mais comuns no grupo tocilizumabe (37% vs. 32%), com infecções graves em 3% vs. 2%.
Neutropenia foi mais frequente no grupo tocilizumabe, com 29% dos pacientes apresentando contagens de neutrófilos baixas, comparado a 4% no grupo controle.
Elevação de transaminases foi mais comum no grupo intervenção, mas com nítido predomínio em elevações <3x LSN
Alterações em colesterol e outros lipídeos foram observadas apenas no grupo intervenção
A combinação de tocilizumabe com DMARDs convencionais é mais eficaz em reduzir atividade de doença do que DMARDs convencionais isoladamente em pacientes com artrite reumatoide ativa.
Desenho rigoroso e controlado: o estudo seguiu um rigoroso protocolo de controle randomizado, assegurando a confiabilidade dos resultados.
Tamanho amostral grande e representativo: a inclusão de 1220 pacientes proporcionou uma amostra robusta que atendeu ao cálculo amostral.
Avaliação abrangente e detalhada da eficácia e segurança: o estudo avaliou de forma abrangente tanto a eficácia quanto a segurança do tocilizumabe, fornecendo uma visão detalhada dos benefícios e riscos.
Duração relativamente curta: com 24 semanas de tratamento, o estudo pode não capturar totalmente os efeitos a longo prazo e a durabilidade dos benefícios e riscos associados ao uso de tocilizumabe.
Baixa diversidade: a maioria dos pacientes era do sexo feminino e o estudo foi conduzido principalmente em países desenvolvidos, com cerca de 70% dos pacientes sendo etnicamente brancos, o que pode limitar a generalização dos resultados para diferentes populações ou contextos.
Exclusão de dados de radiologia: o estudo não incluiu exames radiológicos para avaliar a progressão da doença, o que poderia fornecer informações adicionais sobre o impacto do tratamento na destruição articular e na progressão da artrite reumatoide.
Autor do conteúdo
Marcos Jacinto
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/tocilizumabe-reduz-atividade-de-doenca-na-artrite-reumatoide-com-dmard-convencional
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