ADA 2024 - Tirzepatida: Uma Nova Abordagem para Diabetes Tipo 1 com Obesidade?
27 de junho de 2024
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Atualmente, a maior parte dos pacientes com diabetes tipo 1 (DM1) nos Estados Unidos têm sobrepeso e obesidade, o que contribui para resistência à insulina e piora do controle glicêmico, aumentando o risco de complicações micro e macrovasculares. O único tratamento aprovado pelo FDA para o DM1 é a terapia baseada em insulina, e doses elevadas de insulina associadas a um alto aporte calórico resultam em ganho de peso. Assim, o uso de incretinas, como análogos de GLP1 e análogos duplos de GIP e GLP1, tem sido considerado para esses pacientes devido ao potencial de redução do apetite, aumento da saciedade, lentificação do esvaziamento gástrico e consequente perda de peso. Um estudo retrospectivo, caso-controle, de mundo real, unicêntrico e apresentado no Encontro da Associação Americana de Diabetes 2024 avaliou o uso da tirzepatida (agonista duplo de GLP1 e GIP) em pacientes com DM1 e sobrepeso ou obesidade. O uso de tirzepatida em pacientes com DM1 e sobrepeso/obesidade reduziu significativamente o peso corporal e melhorou os parâmetros glicêmicos, além de reduzir a necessidade diária de insulina.
62 pacientes adultos com DM1 e sobrepeso ou obesidade, que receberam prescrição de tirzepatida e foram acompanhados por um ano. O grupo controle incluiu 37 pacientes com DM1 e sobrepeso/obesidade que não usaram nenhuma medicação para tratamento de perda de peso no mesmo período. A idade média foi de 40,5 anos, com média de tempo de duração do diabetes de 24 anos no grupo tirzepatida e 27 anos no grupo controle. A hemoglobina glicada (HbA1c) média no início do seguimento foi de 7,0% no grupo tirzepatida e de 6,7% no grupo controle. Em ambos os grupos, 27% dos participantes eram homens. O grupo tirzepatida apresentou doses de insulina basal, peso e IMC iniciais maiores. As demais características, como idade, tempo de duração do diabetes e níveis de HbA1c, foram semelhantes entre os grupos. A dose inicial de tirzepatida foi de 2,5 mg, com ajuste de dose a cada 1-2 meses. A dose média alcançada foi de 7,5 mg/semana, chegando a 10 mg/semana nos pacientes que completaram os 12 meses de tratamento. Houve uma redução significativa de peso no grupo tirzepatida, observada já nos primeiros três meses após o início do tratamento. No final dos 12 meses, o grupo tirzepatida teve uma perda média de 22,5 kg e uma redução de IMC de 7,5 kg/m², enquanto no grupo controle não houve mudança significativa no peso ou IMC. Após um ano de tratamento, 93% dos pacientes do grupo tirzepatida perderam mais de 5% do peso e 87% perderam mais de 10%. No grupo controle, 9% perderam mais de 5% e nenhum perdeu mais de 10% nesse mesmo período, sendo essas diferenças estatisticamente significativas. A média de redução da HbA1c no grupo tirzepatida foi de 0,67%, sem mudança significativa no grupo controle. Houve também uma redução significativa nos níveis de glicemia monitorada continuamente, de 15,6 mg/dL no grupo tirzepatida, enquanto no grupo controle não houve mudança significativa. A dose total diária de insulina foi reduzida em média 27,6 unidades/dia no grupo tirzepatida, sem mudanças significativas no grupo controle. Não houve aumento de hipoglicemias graves nem de cetoacidose diabética durante o estudo.
Este estudo piloto, com uso off-label de tirzepatida, trouxe evidências iniciais promissoras. No entanto, as limitações metodológicas, incluindo o pequeno tamanho amostral e a natureza retrospectiva do estudo, reduzem sua capacidade de alterar condutas assistenciais na prática clínica atual. Portanto, os resultados trazem perspectivas para futuros estudos maiores, randomizados e controlados, a fim de avaliar a eficácia e segurança da tirzepatida nesse perfil de pacientes.
Autor do conteúdo
Equipe DocToDoc
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/tirzepatida-uma-nova-abordagem-para-diabetes-tipo-1-com-obesidade
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