Tireoide: Personalização Genética Instiga Novos Tratamentos
14 de outubro de 2024
3 minutos de leitura
Recife - PE, 13 de Outubro de 2024. O 36º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia (CBEM 2024) trouxe importantes avanços na área de tireoide. Um dos destaques foi a apresentação de estudos que demonstram a possibilidade de personalizar os níveis de referência do hormônio estimulador da tireoide (TSH) com base em informações genéticas.
De acordo com a Dra. Laura Ward, professora titular e chefe do laboratório de genética molecular do câncer da UNICAMP, uma metanálise com mais de 270 mil europeus, identificou variantes genéticas associadas à função tireoidiana. A partir dessas informações, foi possível criar um "score poligênico" que permite calcular intervalos de referência mais precisos para o TSH, individualizando o diagnóstico de hipotireoidismo e hipertireoidismo subclínicos.
"Estamos tratando a Doença de Graves com droga antitireoidiana em 80% dos casos e usando cada vez menos o iodo radioativo".
Outro ponto relevante abordado no congresso foi o tratamento da esteato-hepatite não alcoólica (NASH). Estudos demonstraram que o resmetiron, um agonista seletivo do receptor do hormônio tireoidiano beta, pode melhorar a fibrose hepática e reduzir a progressão da doença. O fármaco já foi aprovado pelo FDA e mostrou resultados promissores em ensaios clínicos de fase 3.
A Doença de Graves, uma doença autoimune que afeta a tireoide, também foi tema de diversas apresentações. Uma revisão sistemática e metanálise avaliou a eficácia de diferentes tratamentos para a Doença Ocular da Tireoide (DOT), uma complicação comum da Doença de Graves. Os resultados indicam que o corticoide em doses elevadas é mais eficaz para o tratamento da inflamação, enquanto o teprotumumab é uma opção para casos com diplopia e proptose. Além disso, o estudo demonstrou que existe uma janela terapêutica ideal para iniciar o tratamento da DOT, com maior eficácia quando iniciado nos primeiros seis meses.
As novidades apresentadas no CBEM 2024 têm o potencial de transformar a prática clínica em diversas áreas da endocrinologia. A personalização genética do diagnóstico de disfunção tireoidiana pode levar a um tratamento mais preciso e individualizado, evitando o diagnóstico de doenças que não existem e permitindo um acompanhamento mais adequado de pacientes com alterações subclínicas.
O desenvolvimento de novas terapias para a NASH e a DOT representa um avanço significativo no tratamento dessas doenças, que podem evoluir para complicações graves como cirrose e cegueira. Além disso, o aumento do uso de drogas antitireoidianas para o tratamento da Doença de Graves indica uma mudança de paradigma no manejo dessa doença, com maior segurança e eficácia.
Os pesquisadores envolvidos nesses estudos destacam a necessidade de realizar mais pesquisas para validar os resultados em diferentes populações e para desenvolver novas ferramentas de diagnóstico e tratamento. Além disso, a disponibilidade e o custo das novas terapias são desafios que precisam ser superados para que os pacientes tenham acesso a essas novidades.
A área de tireoide está em constante evolução, com novas descobertas e avanços que prometem melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A personalização genética, o desenvolvimento de novas drogas e a otimização dos tratamentos existentes são exemplos de como a pesquisa científica está transformando o cuidado com pacientes.
Autor do conteúdo
Caroline Pamponet
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/tireoide-personalizacao-genetica-instiga-novos-tratamentos
Compartilhe
Copyright © 2024 Portal de Conteúdos MEDCode. Todos os direitos reservados.