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    Teplizumabe, um Anticorpo Anti-CD3, para Pacientes com Alto Risco de Diabetes Tipo 1

    11 de fevereiro de 2025

    5 minutos de leitura

    Pergunta

    • O Teplizumabe é capaz de prevenir ou retardar o início das manifestações clínicas do diabetes tipo 1 (DM1) em pacientes de alto risco?

    Background

    • O DM1 é uma doença autoimune crônica que resulta na destruição das células beta produtoras de insulina, exigindo o uso de insulina exógena para a sobrevivência. Apesar dos avanços no tratamento, o DM1 continua associado a complicações graves e alta mortalidade. Indivíduos geneticamente suscetíveis ao DM1 apresentam uma progressão conhecida por estágios assintomáticos antes do início da hiperglicemia e das manifestações clínicas. Inicialmente, ocorre o desenvolvimento de autoanticorpos (fase 1), seguido pela presença de disglicemias (fase 2). Somente após esses estágios, surge a hiperglicemia evidente, caracterizando a doença clínica (fase 3). Atualmente, há um grande interesse em identificar estratégias para prevenir ou retardar a progressão entre esses estágios. O teplizumabe, um anticorpo monoclonal anti-CD3 que não se liga ao receptor Fc, atua nas células efetoras responsáveis pela destruição das células beta pancreáticas, os linfócitos T CD8+, reduzindo a perda funcional das células beta. O objetivo deste estudo foi avaliar se o tratamento com teplizumabe pode prevenir ou atrasar o início clínico do DM1.

    Desenho do Estudo

    • Ensaio clínico multicêntrico (vários centros distribuídos entre 4 países: Estados Unidos, Canadá, Austrália e Alemanha).

    • Randomizado em proporção de 1:1, estratificado pelo centro, pela idade e pelo resultado do segundo teste de tolerância oral à glicose antes do tratamento.

    • Duplo cego, controlado por placebo.

    • Devido à taxa de recrutamento ter sido mais lenta do que o esperado, o cálculo amostral foi ajustado em relação ao protocolo original (inicialmente planejado para 144 participantes). Determinou-se que seria necessário incluir 71 participantes e acompanhá-los até que 40 deles recebessem o diagnóstico de DM1. Esse número seria suficiente para detectar uma redução de risco de 60% com teplizumabe, correspondente a um hazard ratio de 0,4, com um poder estatístico de 80% e um nível de significância (alfa) unilateral de 0,025. 

    • Patrocinado pela indústria (MacroGenics e Provention Bio).

    População

    • Pacientes não-diabéticos e alto risco de desenvolvimento de DM1 entre 2011  e 2018.

    Critérios de Inclusão

    • Idade ≥ 8 anos.

    • Familiares não diabéticos de pacientes com diagnóstico clínico de DM1.

    • Presença de dois ou mais autoanticorpos relacionados ao DM1.

    • Evidência de disglicemia durante o teste oral de tolerância à glicose ou durante a medida da glicemia pós-prandial.

      • Glicemia em jejum entre 110 e 125 mg/dl ou glicemia pós prandial de 2 horas de 140 a 200 mg/dl. 

      • Glicemia pós-prandial maior que 200 mg/dl em 30, 60 ou 90 minutos após uma refeição.

    Critérios de Exclusão

    • Outras doenças clinicamente relevantes.

    • Pacientes com valores laboratoriais anormais ou com contagens sanguíneas anormais.

    Intervenção

    • Teplizumabe intravenoso, em ambiente ambulatorial, diariamente por 14 dias.

      • A dose utilizada foi de 51 μg por m2 de área de superfície corporal no dia zero; 103 μg/m2 no dia 1; 207 μg/m2 no dia 2; 413 μg/m2 no dia 3; seguido por 826 μg/m2 até finalizar a décima quarta dose.

    Controle

    • Placebo com soro fisiológico intravenoso, em ambiente ambulatorial, diariamente por 14 dias.

    Desfechos

    • Primário: tempo decorrido da randomização até o diagnóstico clínico de diabetes conforme os critérios vigentes da associação americana de diabetes. 

      • Os pacientes eram avaliados com teste de tolerância à glicose 3 e 6 meses após a infusão e, então, a cada 6 meses. A cada 3 meses os pacientes tinham glicemias randômicas avaliadas, sendo realizado um teste de tolerância se valores maiores que 200 mg/dL. 

    Características dos Pacientes

     

    Masculino (55% Masculino)Feminino (45% Feminino)
    Masculino
    Feminino

     

    76 Participantes | Feminino = 45% e Masculino = 55%

    • Teplizumabe (N = 44) e Placebo (N = 32)

    • Idade mediana, em anos: 14 x 13

    • Idade < 18 anos: 66% x 81%

    • Sexo masculino: 57% x 53%

    • Parentesco com a pessoa com diabetes tipo 1:

    • Irmão(ã): 64% x 50%

    • Filho(a): 14% x 19%

    • Pai ou mãe: 14% x 9%

    • Irmão(ã) e outro parente de 1º grau: 5% x 9%

    • Parente de 2º grau: 5% x 9%

    • Parente de 3º grau ou mais distante: 0 x 3%

    • Autoanticorpos positivos:

      • Anti-GAD65 harmonizado: 91% x 88%

      • Microinsulina: 45% x 34%

      • Anti-IA-2 harmonizado: 61% x 75%

      • ICA: 66% x 88%

      • Anti-ZnT8: 73% x 75%

    • Hemoglobina glicada, mediana: 5.2% x 5,3%

    Resultados

    • O uso de Teplizumabe retardou o início do DM1 em fase clínica

    Gráfico

     

     

    • Ao final do estudo, 19 pacientes (43%) do grupo teplizumabe e 23 (72%) do grupo placebo foram diagnosticados com DM1.

    • As taxas anuais de diagnóstico de DM1 foram menores no grupo teplizumabe (14,9%) em relação ao placebo (35,9%).

    • O tempo mediano até o diagnóstico de DM1 foi de 48,4 meses no grupo teplizumabe e 24,4 meses no grupo placebo (HR 0,41; IC 95% 0,22 a 0,78; P = 0,006).

    • A maior taxa de resposta foi encontrada no primeiro ano.

    • O principal evento adverso do tratamento com teplizumabe foi linfopenia, com nadir ao quinto dia, com resolução espontânea na maioria dos casos. Outros eventos adversos foram erupção cutânea, cefaleia e risco de infecções.

    Conclusão

    • O Teplizumabe foi capaz de retardar o início das manifestações clínicas do diabetes tipo 1 (DM1) em pacientes de alto risco.

    Pontos Fortes

    • Desenho robusto, randomizado, duplo-cego.

    • Multicêntrico.

    • Pergunta com importância clínica.  

    Pontos Fracos

    • Amostra pequena.

    • Taxa de recrutamento baixa, com necessidade de redução da amostra.

    • Dificuldade de aplicabilidade clínica na identificação dos pacientes incluídos no estudo. 


    Autor do conteúdo

    Melanie Rodacki


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/teplizumabe-um-anticorpo-anti-cd3-para-pacientes-com-alto-risco-de-diabetes-tipo-1


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