Suplementação de Creatina durante o Exercício para a Saúde Óssea em Mulheres Pós-Menopáusicas
13 de fevereiro de 2025
7 minutos de leitura
Adicionar creatina à uma rotina de exercícios melhora a massa óssea em mulheres pós-menopáusicas?
A baixa densidade mineral óssea (DMO) em mulheres pós-menopáusicas aumenta o risco de osteoporose e fraturas, representando um fardo significativo para a saúde pública. Estudos anteriores demonstraram que exercícios, como treinamento de resistência e caminhada, são eficazes para melhorar a DMO, embora os efeitos sejam modestos. A suplementação de creatina tem mostrado potencial para aumentar a atividade metabólica dos osteoblastos e reduzir a reabsorção óssea, podendo complementar os benefícios do exercício. Este estudo teve como objetivo avaliar o impacto de dois anos de suplementação de creatina associada ao exercício sobre a DMO e as propriedades geométricas ósseas no colo do fêmur, quadril total e coluna lombar.
Ensaio clínico randomizado
Bicêntrico, conduzido na Universidade de Saskatchewan e na Universidade de Regina (Canadá).
Duplo cego
Controlado por placebo
Duração de 3 anos: 2 anos de intervenção + 1 ano adicional de acompanhamento para registro de quedas e fraturas.
Randomização na proporção 1:1 (creatina vs. placebo) com estratificação por tempo de menopausa (≤9 anos ou >9 anos).
Poder amostral: cálculo baseado em uma diferença clínica de 5% na DMO do colo do fêmur. Foram recrutadas 237 mulheres para garantir poder estatístico de 80%.
Mulheres pós-menopáusicas recrutadas entre 2014 e 2016
Mulheres pós-menopáusicas sem menstruação nos últimos 2 anos.
Risco baixo ou moderado de fraturas conforme diretrizes canadenses de osteoporose.
Anormalidades renais ou hepáticas.
Uso de medicamentos que afetam o metabolismo ósseo.
Portadoras de osteoartrite grave, doença de Crohn ou doença de Cushing.
Prática atual de treinamento de resistência (>20 min, >2x/semana).
Planejamento de viagens longas (>2 semanas).
Suplementação de creatina monohidratada (0,14 g/kg/dia), mistura com maltodextrina e ingestão sob supervisão após o exercício e com as refeições.
Placebo composto por maltodextrina (0,28 g/kg/dia) e administração com protocolo idêntico ao grupo de intervenção.
Treinamento de resistência supervisionado (3 dias/semana).
Caminhada supervisionada (6 dias/semana).
Suplementação de cálcio (500 mg/dia) e vitamina D (10 μg/dia).
Primário: DMO no colo do fêmur.
Secundários: DMO da coluna lombar e fêmur total, propriedades geométricas (módulo de seção, índice de colapso cortical) do fêmur proximal, massa magra, velocidade de caminhada e força muscular.
MasculinoFeminino
Total = 237 pacientes // Feminino 100%
Creatina (N = 120) x Placebo (N = 117)
Idade média (anos): 59 x 59
Peso (kg): 73,3 x 71,8
Altura (cm): 164 x 163
DMO colo do fêmur (g/cm²): 0,725 x 0,721
DMO fêmur total (g/cm²): 0,879 x 0,881
DMO coluna lombar (g/cm²): 0,932 x 0,923
Colo do fêmur:
Espessura cortical (cm): 0,17 x 0,17
Largura subperióstea (cm): 3,27 x 3,26
Área da seção transversal (cm²): 2,77 x 2,77
Módulo de seção (cm³): 1,35 x 1,34
Massa magra (kg): 41,4 x 40,3
Força no supino (kg): 32,1 x 30,6
Força no agachamento “Hack Squat” (kg): 57,6 x 56,6
Equilíbrio dinâmico (s): 43,9 x 44,9
Tempo para caminhar 80 m (s): 48,6 x 48,3
Ingestão total de calorias (kcal/dia): 1662 x 1550
Ingestão de cálcio (mg/dia): 805 x 778
Ingestão de vitamina D (μg/dia): 148 x 149
Ingestão de proteína (g/dia): 67 x 64
Densidade Mineral Óssea:
Colo do fêmur: não houve diferença significativa entre os grupos após 2 anos (creatina: 0,712 ± 0,100 g/cm²; placebo: 0,706 ± 0,097 g/cm², p=0,84).
Fêmur total: também não houve diferença significativa (creatina: 0,872 ± 0,114 g/cm²; placebo: 0,873 ± 0,109 g/cm², p=0,69).
Coluna lombar: sem diferença significativa (creatina: 0,925 ± 0,131 g/cm²; placebo: 0,915 ± 0,143 g/cm², p=0,44).
Propriedades Geométricas do Fêmur:
Módulo de seção no colo do fêmur: a creatina manteve o módulo de seção, enquanto o placebo apresentou uma redução significativa (p=0,001). A diferença média entre os grupos foi de 0,06 cm³ (IC95%: 0,02–0,10).
Espessura cortical no eixo femoral: a creatina manteve a espessura cortical, enquanto o placebo apresentou uma redução (p=0,017). A diferença média entre os grupos foi de 0,02 cm (IC95%: 0,01–0,03).
Na velocidade de caminhada, o grupo da creatina reduziu significativamente o tempo para caminhar 80 metros (p=0,0008), sugerindo uma melhora na capacidade funcional.
Houve um aumento significativo na massa magra no grupo da creatina em comparação com o placebo (p=0,046). A diferença média entre os grupos foi de 1,1 kg (IC95%: 0,1–2,1).
Não houve diferença significativa entre os grupos em termos de ganho de força muscular. Ambos os grupos aumentaram a força no supino e no agachamento hack, sem diferenças significativas entre creatina e placebo (p > 0,05).
A incidência de eventos adversos renais, hepáticos e gastrointestinais foi semelhante entre os grupos, sem diferenças estatísticas (p > 0,05).
A adesão à suplementação foi similar entre os grupos (56% creatina vs. 60% placebo, p > 0,05).
A taxa de desistência ao longo do estudo foi relativamente alta (50% no grupo creatina vs. 43% no grupo placebo).
A adição de creatina por 2 anos durante um programa de exercícios não melhorou a densidade mineral óssea em mulheres pós-menopáusicas.
Ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, com amostra dimensionada adequadamente para testar suas hipóteses principais.
Intervenção de longa duração, o que permitiu avaliar os efeitos a longo prazo da suplementação de creatina combinada com exercícios.
Avaliação de múltiplos desfechos relacionados à saúde óssea e muscular que impactam pacientes mulheres pós-menopáusicas.
Baixa adesão à suplementação e ao programa de exercícios, o que pode ter limitado a capacidade de detectar efeitos mais pronunciados da creatina.
Alta taxa de desistência ao longo do estudo, o que pode ter afetado o poder estatístico do estudo e a generalização dos resultados.
Dificuldade em detectar pequenos efeitos devido à variabilidade nas medidas de força muscular.
O estudo foi realizado em apenas dois centros no Canadá, com uma população homogênea de mulheres pós-menopáusicas, o que limita a generalização dos resultados para outras populações.
Autor do conteúdo
Beatriz Vilaça
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/suplementacao-de-creatina-durante-o-exercicio-para-a-saude-ossea-em-mulheres-pos-menopausicas
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