Sistemas Automatizados de Administração de Insulina de Código Aberto em Diabetes Tipo 1
11 de fevereiro de 2025
5 minutos de leitura
Um sistema de entrega automatizado de administração de insulina de código aberto melhora o controle glicêmico em comparação a bomba de insulina com sensor integrado em pacientes com diabetes tipo 1?
O diabetes tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune crônica caracterizada pela destruição das células beta pancreáticas, resultando na dependência de insulinoterapia. O manejo do DM1 envolve contagem de carboidratos, monitoramento contínuo da glicemia e ajustes frequentes das doses de insulina, o que pode gerar uma carga significativa para os pacientes, conhecida como “Diabetes Burnout”. Os sistemas automatizados de administração de insulina (AID) surgiram como uma alternativa para aliviar o fardo do tratamento, integrando bomba de insulina, monitoramento contínuo da glicose e algoritmos de administração. Apesar de promissores, esses sistemas enfrentam barreiras como a falta de aprovação regulatória, dados limitados sobre eficácia e segurança, e desafios técnicos percebidos por profissionais de saúde e usuários. Atualmente, existem poucos estudos controlados avaliando a eficácia e segurança dos sistemas AID de código aberto, o que limita sua adoção em larga escala. O presente estudo tem como objetivo avaliar a eficácia e segurança de um sistema AID open-source em comparação com uma bomba de insulina com sensor integrado no manejo do DM1.
Ensaio clínico randomizado.
Multicêntrico, com quatro centros na Nova Zelândia.
Aberto.
Randomização na proporção de 1:1 para o grupo AID ou grupo controle, estratificados de acordo com a idade, local do estudo e nível basal de hemoglobina glicada (≤8,0% ou > 8,0%).
Fase de run-in de 4 semanas para os pacientes se familiarizarem com os dispositivos do estudo.
A intervenção durou 24 semanas. Todos os pacientes compareceram a três consultas presenciais (nas semanas 0, 12 e 24); aqueles do grupo AID também tiveram duas avaliações adicionais por telefone nas semanas 3 e 6.
Crianças e adultos com diabetes tipo 1 e experiência de 6 meses com terapia de bomba de insulina.
Idade de 7 a 70 anos.
Diabetes tipo 1 diagnosticado há pelo menos 1 ano.
Uso de bomba de insulina por pelo menos 6 meses.
Hemoglobina glicada < 10,5%.
Gravidez ou planejamento de gravidez durante o estudo; teste de gravidez positivo na triagem.
Dependência de álcool ou drogas.
Comprometimento visual severo que prejudique o uso do dispositivo.
Fatores médicos ou psicológicos comórbidos que, na avaliação dos investigadores, tornem a pessoa inadequada para o estudo.
Falta de fluência em inglês que, na avaliação dos investigadores, torne a pessoa inadequada para o estudo.
Alergia ou intolerância à insulina NovoRapid®.
Sistema AID open-source (AndroidAPS 2.8 com algoritmo OpenAPS 0.7.0, bomba de insulina DANA-i e sensor Dexcom G6).
Bomba de insulina com sensor Dexcom G6 e alertas de hiperglicemia/hipoglicemia.
Primário: porcentagem de tempo na faixa alvo de glicose de 70 a 180 mg por entre o dia 155 e o dia 168.
Secundários: parâmetros de monitoramento contínuo de glicose (dia, noite, 24h), níveis de hemoglobina glicada e desempenho do sistema AID. Hipoglicemia ou hiperglicemia grave e cetoacidose diabética foram relatadas como eventos adversos graves ou efeitos adversos graves do dispositivo.
AID (N=21) x Controle (N=27):
Média de idade (anos): 14 // 11
Sexo feminino: 52% // 48%
Grupo étnico:
Maori: 19% // 15%
Asiático: 5% // 0%
Europeu ou outro: 76% // 85%
HbA1c (%): 7,5 // 7,5
Uso prévio de CGM: 95% // 96%
Uso prévio de AID: 5% // 7%
Tempo no alvo glicêmico (%): 57,4 // 55,1
AID (N=23) x Controle (N=26):
Média de idade (anos): 40 // 38
Sexo feminino: 65% // 58%
Grupo étnico:
Maori: 9% // 19%
Asiático: 0% // 4%
Oriente Médio, América Latina ou África: 4% // 0%
Europeu ou outro: 87% // 77%
HbA1c (%): 7,6 // 7,8
Uso prévio de CGM: 65% // 65%
Uso prévio de AID: 17% // 19%
Tempo no alvo glicêmico (%): 64,7 // 60,3
O tempo médio na faixa alvo de glicose (70–180 mg/dL) entre os dias 155 e 168 aumentou de 61,2% para 71,2% no grupo AID, enquanto no grupo controle houve uma redução de 57,7% para 54,5%. A diferença média ajustada foi de 14,0 pontos percentuais (IC 95% 9,2–18,8; P < 0,001), correspondendo a uma diferença diária de 3 horas e 21 minutos a mais no intervalo alvo para o grupo AID.
Os parâmetros de monitoramento contínuo de glicose mostraram maior eficácia do AID durante o período noturno, com 76,8% do tempo na faixa alvo comparado a 57,2% no grupo controle. Durante o dia, esses valores foram de 64,3% e 50,9%, respectivamente. O nível médio de hemoglobina glicada no final do estudo foi de 7,0% no grupo AID e 7,6% no grupo controle.
Não ocorreram episódios de hipoglicemia grave, hiperglicemia grave ou cetoacidose diabética em nenhum dos grupos.
Dez eventos adversos relacionados aos dispositivos foram relatados no grupo AID, incluindo hiperglicemia devido a falhas no conjunto de infusão. A taxa de hiperglicemia grave e cetose foi de 0,10 por 100 dias no grupo AID e 0,07 no grupo controle.
Em crianças e adultos com diabetes tipo 1, o uso de um sistema AID de código aberto resultou em uma porcentagem significativamente maior de tempo no alvo de glicose do que o uso de uma bomba de insulina com sensor às 24 semanas.
Pacientes não tinham experiência prévia com AID de código aberto, sugerindo que a educação em novas tecnologias pode beneficiar pacientes com DM1.
O ensaio também teve um alto nível de retenção de pacientes (98%), falta de monitoramento remoto (que se assemelhava à prática clínica do mundo real) e amplos critérios de inclusão, que resultaram em uma população de diversas idades e origens étnicas. .
O suporte no mundo real pode ser diferente daquele fornecido em um teste
O grupo controle não tinha um sistema automatizado para prever níveis baixos de glicose ou suspender a administração de insulina, recursos que demonstraram reduzir a incidência de hipoglicemia.
Pacientes com um nível de hemoglobina glicada relativamente baixo no início do estudo, o que pode impedir extrapolação dos dados para populações com pior controle glicêmico e pior nível sócio-econômico.
Autor do conteúdo
Melanie Rodacki
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/sistemas-automatizados-de-administracao-de-insulina-de-codigo-aberto-em-diabetes-tipo-1
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