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    Segurança e Eficácia de Upadacitinibe na Artrite Reumatoide Refratária

    18 de julho de 2024

    6 minutos de leitura

    Pergunta:

    O upadacitinibe é eficaz para controlar atividade de doença em pacientes com artrite reumatoide refratária às drogas modificadoras sintéticas convencionais? 

    Background:

    Pacientes com artrite reumatoide frequentemente apresentam resposta inadequada aos tratamentos convencionais. O upadacitinibe, um inibidor seletivo da Janus quinase 1 (JAK1), foi desenvolvido para oferecer uma nova opção terapêutica para esses pacientes. Estudos de fase 2 mostraram que a inibição de JAK pode reduzir a inflamação e a progressão da doença na artrite reumatoide (AR) moderada a grave. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a eficácia e segurança do upadacitinibe em pacientes com artrite reumatoide, que apresentam resposta inadequada  às drogas modificadoras de doença sintéticas convencionais (DMCDsc)

    Desenho do estudo:

    • Ensaio clínico randomizado de fase 3. 

    • Multicêntrico (150 centros em 35 países). 

    • Duplo-cego controlado por placebo.

    • Randomização na proporção de 2:2:1:1, com pacientes recebendo DMCDsc de base com dose estável. Após randomização, os pacientes foram distribuídos da seguinte forma:

    • Grupo 1: 15 mg de Upadacitinibe uma vez ao dia.

    • Grupo 2: 30 mg de Upadacitinibe uma vez ao dia.

    • Grupo 3: placebo.

    • Grupo 4: placebo.

    •  Assumiu-se uma taxa de resposta ACR20 de 25% no grupo placebo e uma diferença de 20% entre os grupos, necessitando 150 pacientes por grupo para um poder de 90% e significância de 0,05, com 20% de desistência.

    População:

    Adultos com artrite reumatoide ativa, sem resposta adequada ao uso de, pelo menos, uma droga sintética modificadora de doença recrutados entre 2015 a 2016.

     Critérios de inclusão:

    • Idade  > 18 anos

    • AR ativa por > 3 meses, preenchendo os critérios de classificação ACR/EULAR de 2010

      • > 6 articulações edemaciadas e > 6 articulações dolorosas

    • PCR > 3mg/L

    • Uso de até 2 DMCDsc (exceto leflunomida e metotrexato concomitantes) por > 3 meses

    • Dose estável de DMCDsc  > 4 semanas antes da entrada do estudo

    • Sem resposta adequada a pelo menos um DMCDsc

    Critérios de exclusão:

    • Uso prévio de imunobiológico sem resposta adequada ao tratamento da AR

    • Exposição anterior a um inibidor de JAK

    • História de artropatia inflamatória que não seja AR

    • Aumento de transaminases, disfunção renal (TFG < 40 mL/min/1,73 m²) ou disfunção hematológica (anemia, plaquetopenia, leucopenia)

    Intervenção:

    • Upadacitinibe de liberação prolongada de 15 mg ou 30 mg por 12 semanas

    Controle:

    • Placebo uma vez ao dia por 12 semanas 

    Desfechos:

    • Primários: proporção de pacientes que atingiram resposta ACR20 na semana 12; proporção de pacientes que alcançaram pontuação < 3,2 do DAS28-PCR na semana 12

    • Secundários: proporção de pacientes com resposta ACR50 e ACR70, com baixa atividade de doença (DAS28-PCR) < 2,6 , com CDAI < 10, com melhora nos escores de incapacidade (HAQ-DI), qualidade de vida (SF-36), índice de fadiga (FACIT-F), duração da rigidez matinal e a proporção de pacientes que alcançou ACR20 na semana 1.

    Características dos pacientes:

     

    Masculino (21% Masculino)Feminino (79% Feminino)
    Masculino
    Feminino

     

    • Distribuição geográfica: América do Norte 40%, Europa Oriental 34%, Europa Ocidental 10%, Ásia 7%, América Latina e do Sul 4%, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul 4%.

    • Grupo Controle(N=221) x Grupo Intervenção 15mg/dia (N=221) x Grupo Intervenção 30mg/dia (N=219)

    • Idade (anos): 56,0 ±12,2 x 55,3 ±11,5 x 55,8±11,3

    Em relação ao uso dos medicamentos:

    • Uso de apenas Metotrexato: 141 (64%) x 122 (55%) x 136 (62%) 

    • Uso de metotrexato e outro DMCDsc: 49 (22%) x 47 (21%) x 39 (18%)

    • Uso de glicocorticoide oral: 106 (48%) x 96 (43%) x 103 (47%)

    • Dose média de glicocorticoide (mg): 6,3 ± 2,6 x 6,0 ± 2,4 x 6,3 ± 2,6 

    • Exposição prévia de DMCDb (resposta inadequada foi critério de exclusão): 29 (13%) x 27 (12%) x 28 (13%)

    Em relação às características da doença:

    • Duração da artrite reumatoide (anos):  7,3 x 7,3 x 7,3

    • PCR (mg/L): 12,3 ± 14,0 x 16,6 ± 19,2 x 14,8 ±16,9

    • Escore DAS28(PCR): 5,6 ± 0,8 x 5,7 ± 1,0 x 5,7 ± 0,9 

    • Escore CDAI: 37,8 ± 11,8 x 38,3 ± 11,9 x 38,6 ± 12,7 

    • Fator reumatoide ou anti-CCP reagentes:  181 (82%) x 184 (83%) x 164 (75%) 

    • Contagem das 68 articulações dolorosas: 24,7 ± 15,0 x 25,2 ± 13,8 x 26,2 ± 14,3 

    • Contagem das 66 articulações edemaciadas: 15,4 ± 9,2 x 16,0 ± 10,0 x 16,2 ± 10,6

    • Escore HAQ-DI (0-3): 1,4 ± 0,6 x 1,5 ± 0,6 x 1,5 ± 0,6

    • Escore FACIT-F: 28,3 ±11,5 x 28,1 ± 11,1 x 27,5 ± 12,6

    • Escore SF-36 PCS: 33,1 ± 7,7 x 33,4 ± 7,4 x ± 32,6 ± 7,9

    Resultados:

    • Os pacientes tratados com upadacitinibe apresentaram melhora significativa na resposta ACR20 na semana 12: 64% (IC 95% 58–70) no grupo de 15 mg e 66% (IC 95% 60–73) no grupo de 30 mg, comparado a 36% (IC 95% 29–42) no grupo placebo (p<0,0001).

    • Melhora significativa no DAS28-PCR < 3,2 na semana 12: 48% (IC 95% 42-55) nos grupos de 15 mg e 30 mg, comparado a 17% (IC 95% 12-22) no grupo placebo (p<0,0001).

    • Respostas ACR50 e ACR70 foram significativamente maiores nos grupos de upadacitinibe (p<0,0001).

    • Início de resposta rápido, com maior proporção de pacientes atingindo ACR20 na semana 1: 22% (IC 95% 17–28) no grupo de 15 mg e 28% (IC 95% 22–34) no grupo de 30 mg, comparado a 9% (IC 95% 5–12) no grupo placebo (p<0,0001).

    • Melhora nos escores de incapacidade física, atividade da doença e qualidade de vida na semana 12.

    • Os eventos adversos foram similares entre os grupos, com maior incidência de infecções do trato respiratório superior e herpes zoster no grupo de upadacitinibe.  Nenhum dos grupos apresentou tuberculose.

    Conclusões:

    • Em pacientes com artrite reumatoide ativa refratária ao uso de drogas modificadoras sintéticas, o upadacitibine foi eficaz no controle de atividade de doença, em comparação com placebo.

    Pontos Fortes:

    • Estudo multicêntrico e bem desenhado, abrangendo diversos centros em vários países, o que aumenta a validade externa dos resultados.

    • Avaliação de múltiplos desfechos clínicos relevantes, incluindo a resposta ACR e seus componentes individuais, como a intensidade da rigidez matinal.

    • Uso de vários índices de atividade da doença, como DAS28-PCR, CDAI e SDAI, proporcionando uma visão abrangente da eficácia do tratamento.

    • Observação precoce da resposta ACR20 logo na primeira semana, indicando um rápido início de resposta ao tratamento com upadacitinibe.

    • Avaliação do impacto na vida do paciente medido através de escores de incapacidade física (HAQ-DI), qualidade de vida (SF-36) e fadiga (FACIT-F).

    Pontos Fracos:

    • Patrocínio pela indústria farmacêutica, o que pode introduzir viés nos resultados e interpretações.

    • Curta duração do período controlado por placebo (12 semanas), o que limita a avaliação da eficácia e segurança a longo prazo.

    • Exclusão de pacientes com disfunção renal grave e disfunções hematológicas, o que limita a generalização dos resultados para essas populações.

    • Critérios de exclusão que não capturam pacientes com falha terapêutica a imunobiológicos, restringindo a aplicabilidade dos achados a pacientes que já não respondem aos tratamentos biológicos atuais.


    Autor do conteúdo

    SAMARA Fernandes


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/seguranca-e-eficacia-de-upadacitinibe-na-artrite-reumatoide-refrataria


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