Qual o contexto?

Há hipóteses sobre a associação da sacubitril-valsartana com déficit cognitivo, baseadas no fato de que a inibição da neprilisina aumenta os peptídeos β-amiloide cerebrais, que podem ser neurotóxicos e ligados à demência tipo Alzheimer. Assim, foi realizada essa análise secundária do estudo PARAGON-HF, que mostrou que não houve diferença na função cognitiva em pacientes com insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada (ICFEP) tratados com sacubitril-valsartana ou com valsartana.

Como o estudo foi feito?

2895 pacientes do estudo PARAGON, que completaram o exame Mini Mental na randomização, foram selecionados para esta análise secundária e randomizados em 2 grupos: 1442 foram alocados no grupo que receberia Valsartana e 1453 no que receberia Sacubitril-Valsartana. O desfecho primário era mudança na pontuação Mini Mental total, desde a avaliação inicial, até 96 semanas. Seus resultados mostram que, apesar de pacientes com ICFEP do estudo PARAGON-HF apresentarem exame Mini Mental basal relativamente mais baixo, a função cognitiva, medida por tal exame não difere entre pacientes com ICFEP tratados com Sacubitril-valsartana ou Valsartana.

Qual o Impacto na Prática? 

Assim como o estudo PARAGON-HF não mostrou superioridade da sacubitril-valsartana sobre a valsartana em relação a hospitalizações e mortes cardiovasculares em pacientes com ICFEP, sua análise secundária não mostrou diferença na cognição desses pacientes quando tratados com qualquer uma das duas drogas. Logo, em pacientes com ICFEP, não há benefício da sacubitril-valsartana, uma medicação mais custosa, quando comparada à valsartana. Portanto, ainda não se deve prescrever sacubitril-valsartana para pacientes com ICFEP.