Risco de Recorrência após Suspensão da Terapia com Metimazol de Curto ou Longo Prazo em Pacientes com Doença de Graves.
25 de fevereiro de 2025
7 minutos de leitura
O uso prolongado de metimazol pode reduzir a recorrência do hipertireoidismo em pacientes com doença de Graves, em comparação com o tempo convencional de tratamento?
Nas últimas décadas, observou-se uma mudança na preferência do tratamento de hipertireoidismo. Estudos demonstram que tanto médicos quanto pacientes privilegiam o uso de drogas antitireoidianas (DATs), em detrimento de terapias definitivas. Uma meta análise sugeriu que o tratamento prolongado com DAT está associado a uma maior taxa de remissão em comparação com a duração tradicional do tratamento de 12 a 18 meses. O estudo atual foi desenvolvido para avaliar os preditores de recaída após tratamentos de curto e longo prazo com metimazol. Além disso, foram comparadas as taxas de remissão do hipertireoidismo em um período de 84 meses após a suspensão do tratamento, entre o grupo de tratamento prolongado e o grupo de tratamento convencional.
Ensaio clínico randomizado de grupos paralelos;
Centro único no Irã;
Aberto para participantes e médicos, cego para funcionários do laboratório;
Randomização na proporção 1:1, utilizando uma tabela de números aleatórios;
Não foi descrita estimativa do tamanho amostral.
Pacientes com diagnóstico inicial de hipertireoidismo devido à Doença de Graves, incluídos entre 2001 e 2008.
Pacientes adultos;
Diagnóstico confirmado de Doença de Graves;
Tratamento prévio com metimazol por um período de 18 a 24 meses.
Necessidade de interrupção ou troca da terapia com DAT devido a efeitos colaterais;
Recaída do hipertireoidismo nos primeiros 18 a 24 meses de tratamento;
Tratamento prévio com radioiodoterapia;
Desenvolvimento de hipotireoidismo nos primeiros 18 a 24 meses de tratamento.
Manutenção do tratamento com metimazol por mais 36 a 102 meses (tempo total de tratamento com metimazol: 60 a 120 meses);
A duração do tratamento foi determinada por: concentração de TRAb (objetivo de manter a medicação até a normalização dos níveis de TRAb e TSH > 0,4 mU/L), preferência do paciente e/ou risco aumentado de hipotireoidismo com continuidade da terapia.
Descontinuação do metimazol após os 18 a 24 meses de tratamento.
Primário: Recaída do hipertireoidismo após a descontinuação do metimazol em 84 meses.
Supressão do TSH e aumento dos níveis de T4 livre e/ou T3, após um período mínimo de 1 ano de remissão.
Secundários: Desenvolvimento de hipotireoidismo subclínico ou clínico; desenvolvimento de hipertireoidismo subclínico.
MasculinoFeminino
Participantes = 258 // Masculino 23,25% e Feminino 76,75%;
Tempo Convencional N = 128 x Tempo Prolongado N = 130;
Idade média, em anos: 40,79 x 42,95;
Sexo masculino: 27% x 19%;
Tabagismo (em qualquer momento): 16% x 13%;
Grau do bócio:
0: 6% x 7%
I-II: 94% x 93%;
T4L, média (pmol/L): 17,1 x 16,8;
T3, média (ng/dL): 132 x 134;
TSH, mediana (mIU/L): 1,2 (0,8 - 2,1) x 1,7 (1,1 - 3);
TRAb, média (IU/L): 1,1 x 1,2;
Dose de manutenção final, média (mg): 4,7 x 4,9;
Seguimento por 84 meses após a descontinuação do metimazol, com 87,3% dos participantes completando o estudo.
A recorrência do hipertireoidismo após 84 meses de descontinuação do metimazol foi menor nos pacientes submetidos ao tratamento prolongado.
Título: Recorrência do hipertireoidismo após 84 meses da descontinuação do metimazol
Duas colunas: Tempo Convencional = 56% e Tempo Prolongado = 17%
teste Log-rank p < 0,001
O risco de recorrência foi 16,2 vezes maior no grupo de tratamento convencional em comparação com o grupo de tratamento prolongado (HR 16,23; IC 95% 4,67 a 56,48; p < 0,001).
Ao final de 84 meses de seguimento, 44% dos pacientes no grupo tratamento convencional estavam em remissão, em comparação com 83% no grupo de tratamento prolongado.
No grupo de tratamento prolongado, 9% dos pacientes desenvolveram hipertireoidismo subclínico transitório e nenhum desenvolveu hipotireoidismo subclínico.
No grupo convencional, 2 de 120 pacientes desenvolveram hipotireoidismo subclínico, enquanto 13 de 120 pacientes apresentaram hipertireoidismo subclínico transitório.
Os fatores associados ao maior risco de recorrência após a descontinuação do metimazol foram:
TRAb sérico ≥ 1,75 UI/mL, correspondendo a um risco 3,4 vezes maior (HR 3,37, IC 95% 2,05 a 5,53, p < 0,001).
Uso curto de metimazol, correspondendo a um risco 20 vezes maior (HR 20,13; IC 95% 5,86 a 69,2; p < 0,001).
T4L no momento da suspensão ≥ 14 pmol/L, correspondendo a um risco 6,5 vezes maior (HR 6,52; IC 95% 1,90 a 22,40; p = 0,003).
Sexo masculino, correspondendo a um risco 1,6 vezes maior (HR 1,63; IC 95% 1,02 a 2,61; p = 0,041).
Idade ≥ 50 anos, correspondendo a um risco 1,8 vezes maior (HR 1,79; IC 95% 1,07 a 2,98; p = 0,026).
A presença de orbitopatia, o tabagismo e a dose de metimazol não foram identificados como fatores preditivos de recorrência.
Não foram observados efeitos colaterais maiores, como agranulocitose ou hepatite, em nenhum dos grupos. Efeitos colaterais menores, como reações cutâneas e elevação de enzimas hepáticas, ocorreram de forma transitória nos primeiros dois meses em 5,3% dos pacientes, mas não foram registrados efeitos colaterais a partir do 3º mês de seguimento.
O uso prolongado de metimazol reduziu significativamente o risco de recorrência do hipertireoidismo em comparação com o uso convencional de metimazol em pacientes com Doença de Graves.
Seguimento e avaliação do desfecho por um tempo prolongado, proporcionando dados mais robustos;
Desenho do estudo direcionado para uma pergunta que não havia sido investigada no tratamento da Doença de Graves;
Randomizado, reduzindo o risco de viés de seleção e minimizando as diferenças entre os grupos, garantindo maior validade dos resultados.
Diferença nos níveis de TSH basal entre os grupos no momento da randomização, com níveis mais elevados no grupo de tratamento prolongado, o que pode estar relacionado a uma população com menor risco de recorrência;
Estudo aberto, com maior risco de viés de seleção e de aferição devido à ausência de cegamento;
Exclusão de 44 pacientes triados antes da randomização, o que pode ter influenciado a seleção de uma população com menor risco de recorrência e de efeitos colaterais;
Número reduzido de pacientes que apresentaram recorrência;
Ausência de critério definido para suspensão do metimazol, com variações na duração do tempo de tratamento e no tempo de seguimento.
Estudo unicêntrico, o que pode reduzir a validade externa dos resultados.
Ausência de cálculo da amostra.
Autor do conteúdo
Bibiana Boger
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/risco-de-recorrencia-apos-suspensao-da-terapia-com-metimazol-de-curto-ou-longo-prazo-em-pacientes-com-doenca-de-graves
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