Qual o Contexto? 

Os resultados do Programa de Prevenção do Diabetes (PPD) em 2002 demonstraram que mudanças no estilo de vida reduzem em 58% a incidência de diabetes tipo 2, com redução mantida após 10 anos. Em 2020, o grupo submetido a mudanças de estilo de vida continuava com redução de risco. Paralelamente, desde 2005, agonistas do receptor de GLP-1 foram aprovados pelo FDA para o tratamento do diabetes e, em 2014, para obesidade. Posteriormente, estudos como LEADER, FLOW e SURMOUNT demonstraram benefícios significativos dos agonistas do receptor de GLP-1 na redução de desfechos cardiovasculares, progressão da doença renal crônica e apneia do sono. No Encontro da Associação Americana de Diabetes 2024, dois especialistas debateram entre o Programa de Prevenção do Diabetes (DPP), focado em mudanças de estilo de vida, e o tratamento com agonistas do receptor de GLP-1 para enfrentar o prediabetes e a obesidade.

Resumo do Debate: 

Dr. David Marrero, da Universidade do Arizona, defendeu que o Programa de Prevenção do Diabetes é a melhor ferramenta. Embora os medicamentos possam ter impacto absoluto na obesidade, as mudanças de estilo de vida são mais eficazes em saúde pública. Ele destacou que altos custos, disponibilidade limitada, necessidade de uso contínuo, efeitos colaterais potenciais e dificuldades de fabricação tornam o tratamento medicamentoso um modelo de saúde pública precário. Marrero concluiu que intervenções de estilo de vida são cientificamente comprovadas e custo-efetivas, sendo a melhor ferramenta contra obesidade e prediabetes.

Por outro lado, a Dra. Ildiko Lingvay, da Universidade do Texas, destacou que os agonistas do receptor do GLP-1 corrigem vários defeitos fisiopatológicos relacionados ao prediabetes e à obesidade, tornando-os a melhor ferramenta. Ela apresentou dados que mostram que a eficácia dos agonistas do receptor do GLP-1 em promover perda de peso e controle glicêmico é superior às intervenções de estilo de vida, com maior durabilidade dos resultados. Além de benefícios cardiovasculares, esses medicamentos melhoram desfechos em pacientes com insuficiência cardíaca, doença renal crônica, hepatite gordurosa metabólica e apneia do sono. Lingvay concluiu que, embora a abordagem global do paciente seja necessária, a terapia com agonistas do receptor do GLP-1 é essencial devido aos resultados robustos.

Qual o Impacto na Prática? 

O debate refletiu sobre a responsabilidade dos profissionais de saúde em combater a obesidade e o prediabetes, considerando a prevenção e o tratamento. O entendimento final é que mudanças de estilo de vida são fundamentais, especialmente na prevenção e saúde pública. No entanto, os agonistas do receptor do GLP-1 mostram resultados robustos em promover perda de peso sustentada e impedir a progressão da disglicemia. Espera-se que o acesso a essas medicações se torne mais amplo em breve.