Prasinezumabe na Doença de Parkinson em Estágio Inicial
13 de março de 2025
6 minutos de leitura
O anticorpo monoclonal Prasinezumabe é capaz de reduzir progressão de sintomas em pacientes com Doença de Parkinson em estágio inicial?
A doença de Parkinson apresenta, entre suas características patogênicas, o acúmulo de α-sinucleína. O prasinezumabe é um anticorpo monoclonal que se liga seletivamente a essa proteína agregada. Em estudos com modelos animais, observou-se redução do acúmulo intracelular de α-sinucleína e da perda sináptica, além da reversão de astroglioses e microglioses, com consequente melhora do desempenho funcional em camundongos. Em testes de fase 1, o prasinezumabe demonstrou penetração no cérebro e redução dose-dependente dos níveis de α-sinucleína livre no soro, tanto em voluntários saudáveis quanto em pacientes com Parkinson. O estudo clínico PASADENA avaliou a eficácia e a segurança do prasinezumabe em doses baixas (1500 mg) e altas (4500 mg) em indivíduos com doença de Parkinson em estágio inicial.
Ensaio clínico randomizado
Multicêntrico (57 centros e 5 países - Austria, França, Alemanha, Espanha e Estados Unidos)
Duplo cego.
Controlado por placebo.
Estudo realizado em duas fases:
Primeira fase com duração de 52 semanas, com 3 grupos (placebo, 1500mg e 4500mg de Prasinezumabe) com randomização em proporção 1:1:1, estratificado de acordo com idade, sexo e uso prévio de inibidores MAO-B. O desfecho primário foi avaliado para a primeira fase.
Segunda fase exploratória: após as 52 semanas, os pacientes que receberam placebo foram randomizados em proporção 1:1 para receber 1500mg ou 4500mg da intervenção.
Cálculo de 100 participantes por grupo para um poder estatístico de 80%, com nível de significância bicaudal de 0,05, para detectar uma diferença de 3 pontos na escala clínica do desfecho primário.
Pacientes adultos com diagnóstico de Doença de Parkinson em estágio inicial entre 2017 e 2019.
Doença de Parkinson em estágio inicial (estágios 1 ou 2 na escala de Hoehn e Yahr)
Alteração de imagem SPECT do transportador de dopamina consistente com a doença de Parkinson.
Nenhum tratamento anterior para os sintomas da doença de Parkinson.
Doses estáveis de um inibidor da monoamina oxidase B (MAO-B) poderiam ser continuadas.
Grupo 1: Prasinezumabe IV 1500 mg a cada 4 semanas, por 52 semanas.
Grupo 2: Prasinezumabe IV 4500 mg a cada 4 semanas, por 52 semanas.
Os participantes com peso corporal inferior a 65 kg receberam apenas 3500 mg.
Placebo em mesma posologia
Após 52 semanas, os pacientes foram randomizados para receber uma das doses de Prasinezumabe.
Primário: Diferença entre os grupos na soma das pontuações das partes I, II e III da Revisão da Escala Unificada de Classificação da Doença de Parkinson (MDS-UPDRS). O desfecho primário foi avaliado apenas para a primeira fase (primeiras 52 semanas).
Parte I: avaliação de aspectos não motores da vida diária
Parte II: avaliação de aspectos motores de experiências da vida diária
Parte III: avaliação motora
Secundários: Variação das Parte I a III da MDS-UPDRS separadamente; Média de ligação do 123I-ioflupano no putâmen ipsilateral ao lado clinicamente mais afetado (striatal binding ratio [SBR]); Pontuação em escalas de avaliação cognitiva, impressão global de melhora clínica, atividade da vida diária; primeira ocorrência de um aumento de 3 pontos na pontuação das partes I ou II do MDS-UPDRS (análise de tempo até o evento); Início do tratamento dopaminérgico (levodopa ou agonista da dopamina).
MasculinoFeminino
Total = 316 pacientes // Masculino 67% e Feminino 33%
Placebo (N=105 ) x Prasinezumabe 1500mg (N=105) x Prasinezumabe 4500mg (N=106):
Idade (anos): 59,9 x 60,3 x 59,4
Sexo masculino (%): 67,6 x 67,6 x 67,0
Tempo desde o diagnóstico em meses: 10,0 x 10,3 x 10,1
Estágio de Hoehn e Yahr
Estágio 1 (%) — 19,0 x 27,6 x 27,4
Estágio 2 (%) — 81,0 x 72,4 x 72,6
Tratamento com inibidor de MAO-B (%): 36,2 x 36,2 x 36,8
Pontuação na parte I do MDS-UPDRS: 4,9 x 4,6 x 4,3
Pontuação na parte II do MDS-UPDRS : 5,6 x 4,9 x 5,5
Pontuação na parte III do MDS-UPDRS: 21,5 x 21,9 x 21,0
Não houve diferença na soma das pontuações na escala de avaliação clínica entre os grupos.
O aumento médio na soma das pontuações das partes I, II e III do MDS-UPDRS foi de 9,4 ± 1,2 pontos no grupo placebo, 7,4 ± 1,2 pontos no grupo prasinezumabe 1500 mg e 8,8 ± 1,2 pontos no grupo prasinezumabe 4500 mg.
As diferenças médias ajustadas, em comparação com o placebo, foram de –2,0 pontos (Intervalo de Confiança [IC] de 80% –4,2 a 0,2; P = 0,24) para prasinezumabe 1500 mg e –0,6 pontos (IC de 80%, –2,8 a 1,6; P = 0,72) para prasinezumabe 4500 mg.
Não houve diferença quando analisada cada uma das três partes do MDS-UPDRS (I, II e III), com exceção para a parte III do MDS-UPDRS com a dose de 1500 mg (diferença média ajustada de -1,9; IC 80% -3,5 a -0,3).
Não houve diferença na análise exploratória do desfecho primário na segunda fase entre as diferentes doses de prasinezumabe até a semana 104.
Não houve diferença entre os grupos na mudança média no SBR do 123I-ioflupano SPECT no putâmen ipsilateral ao lado clinicamente mais afetado.
282 participantes (89,2%) tiveram pelo menos um evento adverso (82,9% no grupo placebo, 93,3% prasinezumabe 1500mg e 91,5% prasinezumabe 4500mg.
Eventos adversos graves ocorreram em 4,8% dos participantes do grupo placebo, 6,7% no grupo prasinezumabe 1500 mg e 7,5%no grupo prasinezumabe 4500 mg.
Reações à infusão ocorreram em 19,0% no grupo prasinezumabe 1500 mg, 34,0% no grupo prasinezumabe 4500 mg e16,2% no grupo placebo.
A terapia com prasinezumabe não mostrou diferença significativa em relação ao placebo na progressão clínica (soma das pontuações das partes I, II e III do MDS-UPDRS) em pacientes com Doença de Parkinson em fase inicial.
Randomização realizada com estratificação pelas características clínicas.
Incluiu pacientes sem tratamento dopaminérgico, representando pacientes no início da doença.
Falta de representatividade de asiáticos, latinos e negros.
Omissão de pacientes que iniciaram terapia dopaminérgica da análise de dados (quase 30%).
Utilizou intervalo de confiança de 80% para os desfechos secundários, não sendo possível estabelecer conclusões.
Autor do conteúdo
Fernando Falcão
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/prasinezumabe-na-doenca-de-parkinson-em-estagio-inicial
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