Qual o contexto?

O prognóstico da isquemia miocárdica sem doença arterial coronariana obstrutiva (INOCA) e seus distúrbios vasomotores subjacentes, angina vasoespástica (AVS) e angina microvascular (AMV), ainda não está bem estabelecido. Por isso, foi realizada esta metanálise que demonstrou que pacientes com AMV apresentam uma taxa significativamente maior de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE) em comparação com aqueles com AVS.

Como o estudo foi feito?

Foram incluídos estudos publicados entre 1984 e 2023 nas bases de dados Medline, Embase, Web of Science e Cochrane, que avaliaram o prognóstico de pacientes com INOCA. Os desfechos primários analisados foram mortalidade por todas as causas, infarto do miocárdio (IM) e MACE, com acompanhamento de até cinco anos. A taxa de MACE em pacientes com AVS foi de 1,1/100 pacientes-ano (IC 95%: 0,5–1,9), enquanto naqueles com AMV foi de 2,5/100 pacientes-ano (IC 95%: 1,6–3,6; p=0,025). Além disso, pacientes com reserva de fluxo coronariano reduzida apresentaram taxas mais altas de mortalidade e IM em comparação com aqueles cujo diagnóstico de AMV foi baseado em teste de esforço ou imagem anormal (4,7 vs. 0,5 vs. 1,1/100 pacientes-ano; p=0,001).

Qual o impacto na prática?

Os achados desta metanálise sugerem que pacientes com AMV, especialmente aqueles com reserva de fluxo coronariano reduzida, apresentam pior prognóstico e maior risco de eventos cardiovasculares. Dessa forma, recomenda-se seguir as diretrizes da ESC 2024 para Manejo de Síndromes Coronarianas Crônicas, considerando o uso de medicações antianginosas (bloqueadores dos canais de cálcio e betabloqueadores) para prevenir isquemia miocárdica induzida por aumento da demanda de oxigênio, evitando deterioração clínica.