O Efeito de 6 vs 9 Anos de Ácido Zoledrônico no Tratamento da Osteoporose: Segunda Extensão do Estudo HORIZON
07 de novembro de 2024
4 minutos de leitura
A continuação do tratamento com ácido zoledrônico por 9 anos, em comparação com 6 anos, oferece maior benefício na densidade mineral óssea em mulheres pós-menopáusicas com osteoporose?
O estudo HORIZON já havia demonstrado que o AZ reduz risco de fratura de quadril, vertebral e não vertebral quando aplicado em infusão EV anual por 3 anos. Por pertencer à classe dos bisfosfonatos, o AZ detém ação residual, mas ainda era incerto por quanto tempo usar a medicação e se o uso mais prolongado refletiria em maiores benefícios clínicos (como reduzir ainda mais risco de fraturas). O primeiro estudo de extensão do HORIZON de 6 anos mostrou benefício na manutenção da DMO e redução somente em fraturas vertebrais morfométricas. Neste contexto, este segundo estudo de extensão avaliou a eficácia e segurança do uso de AZ por 6 versus 9 anos em mulheres com osteoporose na pós-menopausa.
Ensaio clínico randomizado
Multicêntrico
Duplo cego
Randomização estratificada por centro na proporção 1:1
Não pormenorizado detalhes do cálculo amostral
Pacientes com osteoporose pós-menopausa em uso de ácido zoledrônico há 6 anos
Do estudo pivotal HORIZON eram mulheres pós-menopausa com 65 a 89 anos com osteoporose definida como: T-score <-2,5 em colo de fêmur com ou sem fratura vertebral OU T-score <-1,5 com evidência radiológica de 2 ou mais fraturas vertebrais leves ou 1 moderada
As pacientes tinham que estar obrigatoriamente no braço do HORIZON que havia já recebido os 6 anos de AZ EV, e não placebo
Uso de teriparatida
Uso prévio de glicocorticoide
Uso de ranelato de estrôncio
Hipo ou hipercalcemia
TFG <30 mL/min/1,73m²
Infusão EV em 15 minutos de AZ 5mg anual por mais 3 anos
Infusão EV em 15 minutos de placebo anual por 3 anos
Todos os pacientes receberam suplementação de cálcio (1000-1500 mg ao dia) e de vitamina D (400-1200 UI ao dia).
Primário: mudança da DMO do fêmur total entre o grupo que usou AZ por 9 anos seguidos (AZ9) versus o que fez uso de 6 anos seguido de 3 anos de placebo (AZ6)
Secundários: fratura vertebral morfométrica, qualquer fratura clínica (excluídos dedos, face e as causadas por trauma excessivo), mudança de DMO no sítio de colo de fêmur, mudança de biomarcadores (CTX, FA óssea e P1NP) e efeitos adversos
Total 190 pacientes
Grupo Intervenção AZ9 (N=95) x Placebo AZ6 (N=95):
Idade (anos): 78,0±4,71 x 78,1±4,85
IMC: 24,6±4,13 x 25,0±3,98
Europeus: 63,2% x 62,1%
T score colo fêmur: -2,44±0,72 x 2,43±0,6
Fratura vertebral >2: 24,2% x 31,6%
CTX (ng/mL): 0,19 x 0,18
FA óssea (ng/mL): 8,16 x 8,95
P1NP (ng/mL): 25,9 x 25,0
Ao final do 9º ano de seguimento, não houve diferença da DMO de fêmur total entre os 2 grupos: AZ9 -0,54% vs AZ6 -1,3% (0,78 95%IC -0,37 a 1,93, p=0,183)
Também não houve diferença da DMO do colo de fêmur entre os grupos
Não houve diferença do CTX e P1NP entre os dois grupos; a FA óssea foi significativamente menor no grupo AZ9 do que no AZ6 (9,2 vs 10,9 ng/mL, p=0,01)
A taxa global de fratura foi baixíssima (menos de 10 contabilizando ambos os grupos); não houve diferença entre fratura vertebral morfométrica nem fratura clínica entre os 2 grupos
Houve significativamente mais arritmias cardíacas como efeito colateral no grupo AZ9 (14,1% vs 4,2%, p=0,022); a fibrilação atrial foi a arritmia mais comumente encontrada
Nenhum caso confirmado de fratura atípica ou osteonecrose de mandíbula.
Manter o uso de ácido zoledrônico (AZ) por 9 anos comparado a 6 anos não melhora a densidade mineral óssea ou reduz fraturas em paciente na pós-menopausa com osteoporose.
Estudo multicêntrico, o que aumenta a validade externa dos resultados
Seguimento de longo prazo com a população que fez parte do estudo pivotal do AZ, possibilitando avaliação de efeitos colaterais e avaliação de segurança da droga
Maioria dos participantes são brancos europeus, limitando a generalização dos resultados
Estudo que não necessariamente se aplica para população masculina
Desfecho primário substituto (e não clínico); a avaliação de fratura foi um desfecho secundário exploratório
A baixa amostra e o baixo número de eventos globais de fraturas, impossibilita uma análise estatística conclusiva sobre o impacto do tratamento na prevenção de fraturas.
Autor do conteúdo
Matheo Stumpf
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/o-efeito-de-6-vs-9-anos-de-acido-zoledronico-no-tratamento-da-osteoporose-segunda-extensao-do-estudo-horizon
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