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    Intolerância às Estatinas: Desafios e Estratégias Terapêuticas

    14 de outubro de 2024

    3 minutos de leitura

    Confira:

    Recife - PE, 12 de Outubro de 2024. As estatinas são medicamentos amplamente utilizados na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares. Um dos principais dilemas clínicos relacionados ao seu uso é a intolerância, caracterizada por sintomas musculares que levam à interrupção do tratamento. O tema foi amplamente explanado no CBEM 2024, e novas perspectivas foram traçadas.

    Definição e Impacto

    A intolerância às estatinas pode ser completa, quando o paciente não tolera nenhuma dose de nenhuma estatina, ou parcial, quando a dose necessária para alcançar os objetivos terapêuticos não pode ser tolerada. Os sintomas mais comuns são dores e fraqueza muscular, que podem variar em intensidade e podem estar associados a alterações nos níveis de creatina quinase (CK).

    A prevalência da intolerância às estatinas é um tema controverso, com estimativas variando significativamente entre os estudos. No entanto, é consenso que a intolerância é um problema clínico relevante, que pode comprometer a adesão ao tratamento e aumentar o risco cardiovascular.

    A questão se torna latente perante à comunidade médica, pois pessoas com indicação de terapia medicamentosa para redução de LDL podem ter seu curso de vida modificado se não tolerarem estatina, uma vez que outras drogas potentes são menos acessíveis. 

    Estratégias de Gestão do Quadro Clínico

    Frente a uma situação de intolerância às estatinas, o médico deve adotar uma abordagem individualizada, considerando a gravidade dos sintomas, a presença de fatores de risco cardiovascular e as preferências do paciente. Algumas estratégias podem ser utilizadas:

    • Redução da dose: Iniciar o tratamento com a menor dose possível e aumentar gradualmente, monitorando os sintomas.

    • Troca da estatina: Diferentes estatinas possuem diferentes perfis de efeitos colaterais. A troca por uma estatina com menor potencial miotóxico pode ser benéfica em alguns casos.

    • Administração intermitente: A administração da estatina em dias alternados ou em doses mais espaçadas pode reduzir a incidência de efeitos colaterais.

    • Associação com coenzima Q10: Os resultados são controversos, portanto a associação com coenzima Q10 não é aconselhada de rotina.

    • Outras opções terapêuticas: Em casos de intolerância grave ou refratária, outras opções terapêuticas podem ser consideradas, como ezetimibe, inibidores de PCSK9 e ácido bempedoico.

    Papel do Efeito Nocebo

    A Dra. Joana Dantas destacou a importância do efeito nocebo no contexto da intolerância às estatinas. Ele ocorre quando um paciente experimenta sintomas negativos após receber um placebo, devido à expectativa de que o tratamento causará efeitos adversos. Segundo ela, a desinformação pode contribuir para aumentar o efeito nocebo e, consequentemente, a percepção de intolerância às estatinas:

    “Um grande vilão das estatinas é a mídia”.

    Por fim…

    A intolerância às estatinas é um desafio clínico importante, mas que pode ser manejado de forma eficaz com uma abordagem individualizada e multidisciplinar. A identificação precoce dos sintomas, a monitorização regular dos níveis de CK e a escolha da melhor estratégia terapêutica são fundamentais para garantir a adesão ao tratamento e reduzir o risco cardiovascular.

    Referências:

    • National Lipid Association scientific statement on statin intolerance: a new definition and key considerations for ASCVD risk reduction in the statin intolerant patient. Journal of Clinical Lipidology (2022) 16, 361–375
    • ESC 2022 Prevalence of statin intolerance: a meta-analysis.
    • Zhang H et al. Ann Intern Med, 2013. 158 (7): 526-34
    • adarla M et al. American Journal of Cardiology, 2008. 101(12): 1747-1748
    • Backes JM et al. Annals of Pharmacotherapy, 2008.
    • Cannon CP et al. Am Heart J. 2008 Nov;156(5):826-32.

    Autor do conteúdo

    Lais Lins


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/intolerancia-as-estatinas-desafios-e-estrategias-terapeuticas


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