Insulina Efsitora versus Degludeca no Diabetes Tipo 2 sem Tratamento Prévio com Insulina
26 de novembro de 2024
6 minutos de leitura
Luisa Matos Antoniassi
Em pacientes com diabetes tipo 2 que não usam insulina, a insulina efsitora é não-inferior à degludeca para o controle dos níveis de hemoglobina glicada?
À medida que o diabetes tipo 2 progride, a adição oportuna de insulina basal pode ser recomendada. No entanto, a complexidade do tratamento e a frequência da administração podem atrasar o início da insulina e reduzir a adesão ao tratamento. A introdução de insulinas de longa duração, que requer apenas uma aplicação semanal, demonstrou melhorar tanto a adesão quanto o controle glicêmico em comparação às insulinas basais de aplicação diária. A insulina efsitora, tem perfil farmacocinético estável e meia-vida longa, que permite a aplicação semanal. Em ensaios fase 2, a efsitora foi semelhante à degludeca, uma insulina de uso diário, na melhora da hemoglobina glicada (HbA1c) e na incidência de hipoglicemia em pacientes com diabetes tipo 1 e 2. Portanto, o estudo QWINT-2 de fase 3 investigou eficácia e segurança da efsitora em comparação com degludeca em adultos com diabetes tipo 2 sem uso prévio de insulina.
Ensaio clínico randomizado de não-inferioridade.
Multicêntrico (121 centros em 10 países – Brasil, Canadá, China, República Tcheca, Alemanha, Grécia, Japão, México, Coreia do Sul e Estados Unidos).
Aberto.
Treat-to-target (ambos os grupos deveriam escalonar a dose com objetivo de atingir glicemias entre 80 e 120 mg/dL em jejum).
Randomização 1:1 para receber efsitora ou degludeca, estratificada de acordo com o país, nível de hemoglobina glicada (< 8% ou ≥ 8%), uso de sulfonilureia e uso de agonistas de GLP-1.
Estimado que 888 participantes com 754 que completaram o período de tratamento de 52 semanas forneceriam ao estudo pelo menos 99% de poder estatístico para demonstrar a não inferioridade da efsitora em relação à mudança no nível de HbA1c até a semana 52 (margem de não inferioridade de 0,4 pontos percentuais).
Financiado pela indústria (Eli Lilly).
Adultos com diabetes tipo 2 sem tratamento atual com insulina entre 2022 e 2024.
Idade ≥ 18 anos
Diagnóstico de diabetes tipo 2
Sem uso prévio de insulina
HbA1c entre 7 e 10,5%
IMC ≤ 45 kg/m²
Tratamento estável com um a três agentes redutores de glicose não insulínicos por pelo menos 3 meses
Diagnóstico de diabetes tipo 1
Episódio prévio de cetoacidose diabética ou estado hiperglicêmico hiperosmolar
Ganho ou perda de peso significativos (≥ 5%) nos 3 meses anteriores ao rastreio
Taxa de filtração glomerular < 20 mL/min/1,73 m2
Insulina efsitora 500 UI/mL via subcutânea uma vez na semana
Primeira dose de 300 UI. A partir da segunda semana, dose de 100 UI por semana e ajustado conforme necessário.
Insulina degludeca 100 UI/mL via subcutânea uma vez ao dia com dose inicial de 10 UI e ajustado conforme necessário.
Os participantes continuaram o uso de agentes redutores de glicose não insulínicos, com ajustes de dose por segurança ou risco de hipoglicemia
Os ajustes de dose das insulinas foram baseados na mediana dos três valores mais recentes de glicemia em jejum, com meta de 80 a 120 mg/dL e em resposta à hipoglicemia. Os ajustes eram feitos, se necessário, semanalmente nas primeiras 12 semanas e pelo menos a cada 4 semanas posteriormente.
Primário: análise de não-inferioridade da alteração no nível de hemoglobina glicada entre o início e a semana 52.
Secundários: alteração de HbA1c dividindo a amostra nos subgrupos de participantes que usavam e não usavam agonistas de GLP-1; análise de superioridade da alteração de HbA1c; análise de superioridade na porcentagem do tempo dentro do alvo terapêutico nas semanas 48 a 52; alteração na glicemia em jejum desde o início até a semana 52; dose de insulina na semana 52.
Segurança: Hipoglicemia clinicamente significativa ou grave e hipoglicemia noturna clinicamente significativa ou grave; mudança no peso corporal; porcentagem de tempo em que o nível de glicose esteve abaixo e acima do alvo nas semanas 48 a 52.
MasculinoFeminino
Grupo efsitora (N=466) x Grupo degludeca (N=462)
Idade (anos): 57,6 x 57,3
Brancos (%): 50,4 x 50,4
Asiáticos (%): 35 x 35,5
IMC (kg/m²): 30,44 x 30,72
Duração do diabetes (anos): 11,78 x 11,42
HbA1c (%): 8,21 x 8,23
Agentes redutores de glicose não insulínicos (%):
Metformina: 85 x 82,9
Agonista de GLP-1: 49,8 x 50,2
Inibidor de SGLT-2: 38,4 x 32,3
Sulfunilureia: 32,2 x 33,3
Inibidor de DDP-4: 16,5 x 16,2
Tiazolidinediona: 5,2 x 5,2
Inibidor da alfa-glicosidase: 2,6 x 5,4
A insulina efsitora foi não-inferior à degludeca em reduzir a HbA1c em 52 semanas.
A diferença entre os grupos para a alteração no nível de HbA1c foi -0,09 % (IC 95%: -0,22% a 0,04%) após 52 semanas, o IC 95% não cruzou a margem de não-inferioridade previamente estabelecida (0,4%). O nível médio de HbA1c diminuiu de 8,21% no início do estudo para 6,97% na semana 52 (diferença de -1,26%) com efsitora e de 8,24% para 7,05% com degludeca (diferença de -1,17%)
A efsitora foi não-inferior à degludeca tanto para pacientes que usavam agonistas de GLP-1 quanto para os que não usavam.
A efsitora não foi superior à degludeca em relação à alteração de HbA1c (p = 0,19).
A alteração no nível de glicose sérica em jejum em relação ao valor basal foi semelhante nos grupos efsitora e degludeca.
A dose total média de insulina utilizada na semana 52 foi significativamente menor no grupo efisitora ( -19,7 UI/semana; IC 95%: -37 a -2,4 UI/semana).
Não houve diferença significativa na incidência de hipoglicemia clinicamente significativa ou grave e na incidência de hipoglicemia noturna clinicamente significativa ou grave. A alteração no peso corporal foi semelhante nos grupos.
Nas semanas 48 a 52, não foram observadas diferenças na porcentagem de tempo em que o nível de glicose esteve abaixo do alvo. A percentagem de tempo em que o nível de glicose esteve acima do alvo foi menor com efsitora do que com degludeca (-3,39%; IC 95%: -6,39 a -0,39).
A insulina efsitora não foi pior que a degludeca para o controle dos níveis de hemoglobina glicada em pacientes com diabetes tipo 2 que não usavam insulina previamente.
Desenho do estudo randomizado.
Ensaio clínico multicêntrico.
Uma variedade de agentes redutores de glicose não insulínicos foi permitida, refletindo a prática do mundo real.
Boa retenção de participantes.
Grupos de tratamento bem equilibrados.
A escolha pelo estudo de não-inferioridade foi adequada uma vez que o potencial benefício do aumento da adesão pelo uso semanal poderia justificar seu uso mesmo em uma situação de eficácia ligeiramente menor.
Desenho aberto
O cegamento da monitorização contínuo da glicose impediu ajustes de dose baseado nesta tecnologia.
Como a China usou dispositivos diferentes para monitorar a glicose continuamente, não foi possível combinar esses dados com os de outros países.
A indústria farmacêutica (Eli Lilly) foi responsável pelo desenho do estudo clínico, realizou o monitoramento dos locais, a coleta de dados e a análise dos dados.
Autor do conteúdo
Andressa Leitao
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/insulina-efsitora-versus-degludeca-no-diabetes-tipo-2-sem-tratamento-previo-com-insulina
Compartilhe
Copyright © 2024 Portal de Conteúdos MEDCode. Todos os direitos reservados.