Qual o contexto?

Relatos de cetoacidose diabética pós-operatória em pacientes usando inibidores do SGLT2 fundamentam a orientação da FDA de suspensão da medicação por, pelo menos, 3 dias antes da cirurgia. Dadas as potenciais consequências negativas associadas à tal suspensão, é necessária avaliação do risco de cetoacidose diabética nessa população. Por isso, realizou-se esta coorte retrospectiva que mostrou que o uso pré-operatório de inibidores do SGLT2 em pacientes submetidos a cirurgia de emergência não foi associado a um risco aumentado de cetoacidose diabética pós-operatória.

Como o estudo foi feito?

Foram analisados 34.671 pacientes com idade ≥ 18 anos, com diabetes tipo 2, cadastrados em planos de seguro comercial ou Medicare, que foram submetidos a uma de 13 cirurgias de emergência entre 1º de janeiro de 2016 e 15 de dezembro de 2022. O desfecho primário foi a ocorrência de cetoacidose diabética dentro de 14 dias após a cirurgia, definida por códigos de diagnóstico. A incidência de cetoacidose diabética foi de 3,8% no grupo exposto aos inibidores de SGLT2 e 3,5% no grupo não exposto, sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos. 

Qual o impacto na prática?

Os resultados sugerem que o uso pré-operatório de inibidores do SGLT2 não aumenta significativamente o risco de cetoacidose diabética pós-operatória, questionando a necessidade da suspensão sistemática da medicação antes da cirurgia. No entanto, a recomendação atual de interrupção ainda se mantém devido à ausência de estudos randomizados robustos sobre o tema. Esses achados devem incentivar futuras pesquisas para reavaliar a segurança da manutenção dos inibidores do SGLT2 no período perioperatório e, caso confirmada sua segurança, possibilitar a revisão das diretrizes atuais.