Inibição da Via Alternativa do Complemento com Iptacopan na Nefropatia por IgA
10 de dezembro de 2024
5 minutos de leitura
Equipe Nefronews
Em pacientes com nefropatia por IgA e proteinúria resistente ao tratamento, o iptacopan é eficaz em reduzir a proteinúria em comparação ao placebo?
A Nefropatia por IgA é uma das formas mais comuns de glomerulopatias e leva à perda progressiva da função renal, sendo um dos principais fatores de risco a proteinúria persistente. Estudos sugerem que a via alternativa do complemento desempenha um papel na patogênese da doença. O Iptacopan é um inibidor específico do fator B, que atua bloqueando a ativação desta via alternativa, mas seu efeito na redução da proteinúria em pacientes com nefropatia por IgA ainda não foi adequadamente estudado. Portanto, este estudo de fase 3 visa avaliar a eficácia e segurança do Iptacopan na redução da proteinúria e seus potenciais benefícios renais a longo prazo.
Ensaio clínico randomizado
Multicêntrico (164 centros em 34 países)
Duplo cego
Controlado por placebo
Randomização 1:1, estratificada por região geográfica, nível de proteinúria e TFGe, após 3 meses de um período de run-in (otimização do tratamento de suporte)
Duração: 24 meses de tratamento para avaliar desfechos de longo prazo, incluindo a progressão da função renal (eGFR).
Análise interina: realizada aos 9 meses para avaliar o desfecho primário de redução na relação proteína-creatinina urinária.
Para a análise interina aos 9 meses, foi calculado que uma amostra de 250 pacientes forneceria um poder amostral entre 75% e 92%, com um alfa bicaudal de 1%, para demonstrar a superioridade do iptacopan sobre o placebo. Esse cálculo assumiu que a redução na relação proteína-creatinina urinária de 24 horas no grupo iptacopan seria de 25% a 30% em relação ao grupo placebo, com uma desvio padrão de 0,7 (na escala logarítmica).
Adultos com nefropatia por IgA confirmada por biópsia e proteinúria ≥1g/dia, mesmo após tratamento de suporte otimizado incluídos entre 2021 e 2023
Diagnóstico de nefropatia por IgA confirmado por biópsia nos últimos 5 anos (para pacientes com TFGe ≥ 45 ml/min/m2) ou nos últimos dois anos se a biópsia apresentasse < 50% de atrofia tubulointersticial (para pacientes com TFGe > 30 e ≤ 45 ml/min/m2)
Proteinúria ≥1 g/dia apesar da terapia de suporte otimizada
Nefropatia por IgA secundária
Obstrução urinária significativa ou dificuldade para urinar e distúrbio do trato urinário diferente da nefropatia por IgA na triagem e randomização
Presença de glomerulonefrite rapidamente progressiva (queda de ≥50% no eGFR nos 3 meses antes da triagem), síndrome nefrótica ou injúria renal aguda
Infecção por HIV, vírus da hepatite B e vírus da hepatite C, histórico de câncer; comorbidades graves concorrentes; ou lesão hepática
Pressão arterial sistólica >140 mmHg ou pressão arterial diastólica >90 mmHg na randomização
Tratamento anterior com agentes imunossupressores nos últimos 90 dias
Infecção bacteriana, viral ou fúngica nos 14 dias antes da randomização
Transplante prévio (qualquer transplante de órgão sólido)
Uso anterior de iptacopan ou participação em qualquer outro ensaio clínico de iptacopan
Iptacopan 200 mg oral duas vezes ao dia, por 24 meses
Placebo oral duas vezes ao dia, por 24 meses
Primário: mudança na relação proteína-creatinina urinária em 24 horas em 9 meses.
Secundários: proporção de pacientes com proteinúria abaixo de 1 g/dia em 9 meses sem receber medicação de resgate ou alternativa e/ou a proporção de pacientes que necessitaram de terapia renal substitutiva (diálise ou transplante)
Total de pacientes = 250// Masculino 52,4% Feminino 47,6%
Grupo Iptacopan (N=125) X Grupo Placebo (N=125)
Média de idade: 39,3 anos X 39,6 anos
Sexo feminino: 43,2% X 52,0%
Região geográfica (Ásia): 51,2% X 51,2%
Relação proteína-creatinina urinária mediana: 1,8 g/g X 1,9 g/g
Aos 9 meses, houve uma redução significativa na relação proteína-creatinina urinária no grupo tratado com iptacopan em comparação ao placebo. O grupo iptacopan apresentou uma redução de 38,3% (IC 95%, 26,0-48,6), enquanto o grupo placebo teve uma redução de apenas 0,9% (P < 0,001).
A proporção de pacientes com proteinúria inferior a 1 g aos 9 meses, sem necessidade de tratamento de resgate ou terapia de substituição renal, foi significativamente maior no grupo iptacopan. No grupo iptacopan, 42,5% dos pacientes (IC 95%, 34,5-50,5) atingiram esse nível, enquanto no grupo placebo, apenas 21,9% (IC 95%, 14,8-29,0) alcançaram o mesmo resultado. A razão de chances (OR) foi de 3,12 (IC 95%, 1,68-5,79)
A incidência de eventos adversos foi semelhante entre os grupos, embora ligeiramente menor no grupo iptacopan (62,2%) em comparação com o grupo placebo (69,2%).
No grupo iptacopan, os eventos adversos incluíram hipertensão em 1,8%, infecção por COVID-19 em 14% e infecção de vias aéreas superiores em 9%. No grupo placebo, hipertensão foi relatada em 5,9%, infecção por COVID-19 em 16,7% e infecção de vias aéreas superiores em 7,2%.
Não houve mortes em nenhum dos grupos durante o período do estudo.
Em pacientes com nefropatia por IgA, o iptacopan demonstrou uma redução significativa e clinicamente relevante na proteinúria em comparação ao placebo.
Design robusto, randomizado e multicêntrico, garantindo alta qualidade metodológica e validade externa dos resultados.
Confirmação por biópsia de nefropatia por IgA, assegurando a inclusão de pacientes com diagnóstico preciso.
Período de run-in com terapia de suporte otimizada, permitindo um controle inicial das variáveis e uniformidade no tratamento de base antes da intervenção principal.
Embora o estudo tenha uma duração total planejada de 24 meses para avaliar o efeito do iptacopan na progressão da função renal, os dados apresentados são resultados de uma análise interina realizada aos 9 meses.
Dados limitados de segurança para uso prolongado, deixando incertezas sobre possíveis efeitos adversos no uso continuado.
Sub-representação de etnias não asiáticas, o que pode restringir a generalização dos resultados para populações diversas.
Autor do conteúdo
Liliana Kassar
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/inibicao-da-via-alternativa-do-complemento-com-iptacopan-na-nefropatia-por-iga
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