Qual o Contexto?

Estudos anteriores sugerem um risco aumentado de miocardite aguda após infecção por COVID-19, mas não está claro se esse risco é maior do que o observado em infecções respiratórias virais semelhantes, como a influenza. Esta análise de coorte comparou a incidência de miocardite em pacientes com COVID-19 e influenza, demonstrando que a infecção pelo SARS-CoV-2 está associada a um risco significativamente maior de miocardite do que a influenza.

Como o estudo foi feito?

Foram incluídos 1.120.760 pacientes adultos com COVID-19 (diagnosticados entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021) e 439.278 com influenza (entre janeiro de 2016 e dezembro de 2018), todos sem histórico prévio de miocardite. A ocorrência de miocardite aguda clinicamente diagnosticada foi o desfecho primário, com ajustes para fatores demográficos e comorbidades.

Os resultados mostraram que a taxa de miocardite foi de 0,73 casos por 1.000 pessoas-ano em pacientes adultos com COVID-19 (IC 95%: 0,67–0,78) e 0,24 casos por 1.000 pessoas-ano em infectados por influenza (IC 95%: 0,19–0,28). A razão de risco ajustada foi 2,85 (IC 95%: 2,37–3,43), indicando que a infecção por COVID-19 esteve associada a um risco quase três vezes maior de miocardite em comparação com a influenza.

Qual o impacto na prática?

Os achados desta coorte sugerem que pacientes com COVID-19 apresentam maior taxa de desenvolvimento de miocardite, inflamação miocárdica fortemente relacionada à ocorrência de arritmias ou de disfunção ventricular. Assim, é fundamental realizar vigilância de sintomas típicos de miocardite (como dor torácica) em pacientes com COVID-19, visando realização de tratamento precoce, bem como incentivar a vacinação contra o COVID-19, de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde.