Impacto da Estratégia de Redução Lipídica Dupla com Ezetimiba e Atorvastatina na Regressão da Placa Coronária em Pacientes com Intervenção Coronária Percutânea
05 de dezembro de 2024
5 minutos de leitura
A combinação de estatina e ezetimiba é mais eficaz na regressão de placas coronárias do que a monoterapia com atorvastatina, em pacientes submetidos à angioplastia coronariana percutânea (ACP)?
Apesar da tendência atual de estratégias agressivas de redução de níveis séricos de LDL-colesterol (LDL-C), em pacientes de alto risco cardiovascular (como aqueles submetidos à ACP prévia), a maioria deles continua a ter eventos cardiovasculares (CV) e permanecem expostos a um elevado “risco residual” de futuros eventos CV agudos. Portanto, novas estratégias farmacológicas adicionais, como a associação de ezetimiba ao tratamento com estatinas, para a prevenção de risco adicional de eventos CV continuam a ser essenciais. No entanto, se a redução adicional do LDL-C alcançada ao adicionar ezetimiba à terapia com estatinas levará a uma regressão mais expressiva da placa coronária é desconhecido. Dessa forma, realizou-se o PRECISE-IVUS, com o objetivo de avaliar se a combinação de estatina e ezetimiba levaria maior regressão da placa coronária, mensurada pelo ultrassom intravascular (IVUS), quando comparada à monoterapia padrão com estatinas, em pacientes submetidos à ACP prévia.
Ensaio clínico randomizado
Multicêntrico (17 centros no Japão)
Monocego (cegamento do avaliador)
De acordo com a margem de não inferioridade pré-especificada e o cálculo do tamanho da amostra, os investigadores estabeleceram uma margem de não inferioridade de 3% e calculou-se que eram necessários 100 pacientes em cada grupo, para que o estudo tivesse poder de 80%, com nível alfa de 5%.
Randomização razão 1:1, em 2 grupos: um que receberia atorvastatina isolada e outro que receberia atorvastatina + ezetimiba.
Pacientes com doença arterial coronariana e LDL ≥ 100 mg/dl no início do estudo, incluídos entre junho/2010 e abril/2013.
Idade entre 30 e 85 anos no momento do consentimento
Diagnóstico de síndrome coronariana aguda (SCA) ou doença coronariana estável
LDL-C ≥100 mg/dL no momento do consentimento
Pacientes submetidos a angiografia coronária ou ACP sob orientação de ultrassom intravascular coronariano
Diagnóstico de hipercolesterolemia familiar
Tratamento prévio com ezetimiba
Tratamento prévio com fibratos
Insuficiência renal (creatinina sérica ≥2,0 mg/dL)
Função hepática alterada (TGO ou TGP sérica ≥ 3 vezes o valor padrão)
Hemodiálise ou diálise peritoneal
Qualquer alergia à atorvastatina ou ezetimiba
Doença subjacente grave
Atorvastatina em dose ajustada para atingir LDL < 70 mg/dl combinada com ezetimiba (10 mg/dia)
Atorvastatina isolada em dose ajustada para atingir LDL < 70 mg/dl.
A dosagem de atorvastatina era aumentada por titulação, dentro da faixa de dose usual, com o objetivo de tratamento de reduzir o LDL-C abaixo de 70 mg/dL com base em medidas consecutivas de LDL-C nas consultas de acompanhamento.
Perfis lipídicos e outros biomarcadores foram medidos no início do estudo, em 9 a 12 meses.
IVUS seriado e angiografia coronária foram realizados no início do estudo e novamente no acompanhamento de 9 a 12 meses no centro de cuidado cardiovascular participante.
Primário: mudança absoluta na porcentagem do volume do ateroma (PVA) coronário desde o início do estudo até o fim do acompanhamento (9 a 12 meses), mensurada pelo IVUS.
Secundários: alterações no perfil lipídico (LDL, colesterol total e outros marcadores lipídicos) e mudanças no volume total de ateroma (TAV) normalizado; eventos adversos
MasculinoFeminino
Grupo Atorvastatina+Ezetimiba (N=100) x Grupo Atorvastatina (N=102)
Idade (anos): 66±10 x 67±10
Peso: 67,1± 13,2 x 65,7 ±10,8
IMC (kg/m²): 24,8 ±3,4 x 24,9± 3,1
Hipertensão: 75% x 66%
Diabetes:
Insulinodependente: 4% x 4%
Não insulinodependente: 25% x 26%
Dislipidemia: 72% x 69%
Tabagismo: 20% x 32%
História de ACP: 19% x 15%
História de infarto do miocárdio: 15% x 13%
Uso prévio de estatina: 46% x 48%
A variação absoluta do percentual de volume de ateroma (PAV) diminuiu –1,4% (IC 95%: –3,4% a –0,1%) no grupo atorvastatina + ezetimiba, em comparação com –0,3% (IC 95%: –1,9% a 0,9%) no grupo atorvastatina isolada. O valor de p foi significativo para a mudança no grupo intervenção (p < 0,001) e também para a comparação entre grupos (p = 0,001).
Uma proporção significativamente maior de pacientes no grupo atorvastatina + ezetimiba apresentou regressão da placa coronária em relação ao grupo atorvastatina isolada (78% vs. 58%; p = 0,004).
Os níveis de LDL-C, semelhantes no início do estudo em ambos os grupos, foram significativamente menores no grupo atorvastatina + ezetimiba aos 9 a 12 meses (p < 0,001). A redução mais pronunciada no nível de LDL-C foi observada consistentemente ao longo do estudo no grupo intervenção em comparação com o grupo controle (p < 0,001).
A proporção LDL-C para HDL-C foi menor no grupo atorvastatina + ezetimiba (1,45 ± 0,45) em comparação com o grupo atorvastatina isolada (1,77 ± 0,55; p < 0,001).
Uma proporção maior de pacientes no grupo atorvastatina + ezetimiba atingiu níveis de LDL-C abaixo de 70 mg/dl em comparação ao grupo atorvastatina isolada (72% vs. 47%; p = 0,001).
Ambos os grupos apresentaram perfis de segurança aceitáveis, com incidência semelhante de eventos adversos laboratoriais e cardiovasculares.
Uma estratégia de redução lipídica dupla com atorvastatina e ezetimiba foi superior à monoterapia com atorvastatina na regressão de placas coronárias em pacientes submetidos à angioplastia coronariana percutânea (ACP).
Incluiu pacientes com doença coronariana estável ou SCA. Dessa forma, seus resultados podem ser aplicados em ambos os perfis de pacientes.
Boa proporção de distribuição de comorbidades entre os grupos, o que diminui o viés de seleção.
Utilizou um método objetivo (IVUS) para avaliar a regressão de placas.
Comparou a combinação medicamentosa (atorvastatina + ezetimiba) diretamente com a atorvastatina (droga da classe das estatinas, que é consagrada e amplamente usada em pacientes de alto risco cardiovascular).
Excluiu pacientes portadores de hipercolesterolemia familiar, condição genética grave e associada a risco elevado de eventos cardiovasculares.
Baixa proporção de pacientes do sexo feminino.
Não avaliou desfechos clínicos. Assim, não se pode afirmar que a redução da PVA realmente traduz redução de eventos cardiovasculares novos.
Protocolo com difícil reprodutibilidade, visto que a grande maioria dos centros cardiovasculares no mundo não dispõem de IVUS.
Avaliou apenas pacientes japoneses. Dessa forma, seus resultados não podem ser aplicados para outras populações.
Autor do conteúdo
Carolina Ferrari
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/impacto-da-estrategia-de-reducao-lipidica-dupla-com-ezetimiba-e-atorvastatina-na-regressao-da-placa-coronaria-em-pacientes-com-intervencao-coronaria-percutanea
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