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    ICO 2024 - Tratamento da Obesidade Baseado em Evidências: Melhores Dietas para Perda de Peso

    28 de junho de 2024

    6 minutos de leitura

    Palestrante: Ana Maria Pita Lottenberg

    Existe uma melhor dieta para perda de peso? Segundo Ana Maria Pita Lottenberg, palestrante do Congresso Internacional de Obesidade 2024, a realização da dieta é uma modificação central no tratamento da obesidade, mas há necessidade de que o programa alimentar proporcione déficit calórico para funcionar. Além disso, a estratégia dietética deve ser possível de ser seguida a longo prazo.

    O que seria mais importante? A discussão da melhor dieta se concentra em comparar a dieta convencional de restrição calórica com as dietas que propõem mudanças na composição nutricional e aquelas que indicam modificações no padrão comportamental.

    As dietas chamadas low carb são as muito pobres em carboidrato, ou com restrição moderada de carboidratos, e apresentam variada definição, abrangendo desde 20g a 120g (ou 6 a 45% do VET). Como as definições nos estudos são diferentes, sem padronização, há dificuldade de interpretação dos achados. Os resultados mostram que elas induzem perda de peso em estudos de curta a média duração (3-6 meses), parecem ser seguras em curto prazo, mas não promovem perda de peso maior em relação a outros tipos de dieta, nos estudos de longa duração. Uma falha da maioria das pesquisas de comparação é que elas não incluíram eventos adversos na avaliação. Estudos mais longos e com amostras maiores avaliando as dietas low carb são necessários.

    A dieta do Mediterrâneo é a opção rica em vegetais, frutas, legumes, grãos e derivados do leite, com redução de carne, ácidos graxos saturados e açúcar. Em uma metanálise de 16 estudos randomizados, houve benefício na perda de peso com essa dieta, mas os melhores resultados foram com associação com restrição calórica. No estudo DIRECT, a dieta mediterrânea trouxe benefícios adicionais aos pacientes com diabetes.

    Em relação a dietas que propõem mudanças que influenciam no ato de comer, são muitas as variáveis envolvidas. A Associação Americana de Diabetes indica a necessidade de 16 encontros no período de 6 meses, associados a déficit calórico, para obtenção efetiva de mudança de estilo de vida, chamando a atenção para a importância da questão comportamental.

    Ela finaliza, trazendo o posicionamento da ABESO que afirma que as dietas que promovem restrição calórica devem ser as de primeira linha, já que as muito restritivas não apresentaram vantagens e chama a atenção de que as chamadas dietas da moda trazem impacto negativo, reduzindo a chance de perda de peso.

    Texto elaborado por: Dra. Andressa Leitão, Endocrinologista, presidente da SBD-PR

    Tratamento da Obesidade Baseado em Evidências: Impacto do Treinamento Físico na Perda de Peso - Congresso Internacional de Obesidade 2024 

    Palestrante: Clayton Dornelles Macedo

    De acordo com Dr. Clayton, nosso olhar deve ir além da perda de peso, concentrando-se na ação da atividade física (AF) na composição corporal. O valor do IMC não identifica a área onde a gordura está depositada, o que traz diferenças no risco cardiovascular. O objetivo é perder peso de forma saudável, preservando a massa magra.

    Avaliar atividade física em estudos científicos é um desafio, pois eles são heterogêneos e apresentam muitas variáveis envolvidas. Os resultados mostram que a AF proporciona uma perda de peso discreta, mas é essencial para manutenção do peso atingido, pois consegue reverter, em parte, as alterações adaptativas que ocorrem ao longo do emagrecimento. Há maior perda de gordura visceral quando o tratamento inclui exercícios, e a AF a longo prazo parece controlar o apetite.

    Mais recentemente, um artigo na revista Diabetes Care de junho de 2024 mostrou que a AF age positivamente nos mesmos mecanismos fisiopatológicos que o GLP-1, destacando sua importância.

    A resposta final a essa questão é que AF proporciona pouca perda de peso, mas traz ganho de mais saúde.

    Texto elaborado por: Dra. Andressa Leitão, Endocrinologista, presidente da SBD-PR

    Tratamento da Obesidade Baseado em Evidências: Tratamento Psicológico da Obesidade - Congresso Internacional de Obesidade 2024 

    Palestrante: Andrea Levy

    Na sua apresentação, a palestrante reforçou a importância da abordagem da saúde mental nos pacientes em tratamento de perda de peso. A equipe multidisciplinar é essencial, e o papel do psicólogo é preparar o paciente para o tratamento clínico ou cirúrgico.

    Possíveis gatilhos para ganho de peso devem ser pesquisados: duração da obesidade, atitude da família, abandono, negligência, culpa, tratamentos frustrantes, doenças mentais prévias ou não diagnosticadas. A obesidade por si só e seus tratamentos são fatores predisponentes para o desenvolvimento de desordens mentais.

    Segundo a psicóloga, alguns pacientes têm uma demanda de apoio psicológico mais intensa que outros. Outro ponto importante que deve ser considerado é que o IMC não determina o sofrimento psicológico.

    Os benefícios da psicoterapia incluem a promoção de mudanças comportamentais de longo prazo, melhora do controle emocional, fortalecimento de relacionamentos, identificando o tratamento psicológico como parte importante da perda de peso.

    Texto elaborado por: Dra. Andressa Leitão, Endocrinologista, presidente da SBD-PR

    Tratamento da Obesidade Baseado em Evidências: Tratamento Farmacológico - Congresso Internacional de Obesidade 2024 

    Palestrantes: Fábio Rogério Trujilho e Thaisa Dourado Guedes Trujilho

    O impacto do tratamento para obesidade obteve recentemente uma mudança de paradigma, trazendo à tona o conceito de promover melhora da saúde e controle de alterações metabólicas associadas ao ganho de peso, prevenindo complicações.

    Grande parte desse novo papel foi estabelecido após estudos com terapias farmacológicas, em especial com as mais novas drogas antiobesidade. A ideia atual de sua utilização é prescrever saúde e promover qualidade de vida, de acordo com Dr. Fábio.

    No entanto, as medicações para o tratamento da obesidade são muito pouco prescritas, provavelmente por fatores como problemas de segurança com drogas anteriores (como fenfluramina, rimonabanto, lorcaserina), custo, preconceito e dificuldade de se entender a obesidade como doença crônica que necessita de tratamento a longo prazo e follow-up.

    Segundo a Dra. Thaisa, dentre os estudos recentes sobre drogas para tratamento da obesidade e seu impacto além da perda de peso, destaca-se o estudo SELECT, publicado no ano passado, que avaliou o uso de semaglutida em participantes com obesidade e doença cardiovascular aterosclerótica pré-existente, sem diabetes. Esse foi o primeiro ensaio do uso de um agonista do receptor de GLP-1 (aGLP-1) numa população com esse perfil e mostrou resultados impressionantes: redução de 20% no MACE, 19% de morte por todas as causas, 73% de desenvolvimento de diabetes e 22% de desenvolvimento de doença renal ou morte por causa renal.

    A partir desses robustos resultados, a terapia farmacológica, em especial com drogas antiobesidade como a semaglutida, se impõe como parte fundamental do programa de tratamento da obesidade.

    Texto elaborado por: Dra. Andressa Leitão, Endocrinologista, presidente da SBD-PR

    Tratamento da Obesidade Baseado em Evidências: Cirurgia Bariátrica - Congresso Internacional de Obesidade 2024 

    Palestrante: Cid Araujo Pitombo

    A cirurgia metabólica e bariátrica é um tratamento baseado em evidências para obesidade grave e que contribui para a perda de peso sustentável em períodos de longo prazo.

    Conforme dados apresentados pelo Dr. Cid, a indicação do tratamento cirúrgico da obesidade se iniciou na década de 1950 e, desde então, inúmeras técnicas cirúrgicas foram propostas até as atualmente aceitas: gastrectomia vertical (sleeve), bypass gástrico, banda ajustável e derivação biliopancreática; as mais utilizadas no nosso meio são o bypass e sleeve.

    A novidade do acesso cirúrgico por via robótica ainda apresenta controvérsias, especialmente por piores índices relacionados a mais reoperações, maior tempo de cirurgia e maiores índices de readmissões. A melhor opção ainda é a via laparoscópica.

    A cirurgia bariátrica promove uma perda de peso de grande monta, muito em parte por mudar a sinalização do drive que gera obesidade em função das modificações do tubo digestivo. Infelizmente, o reganho de peso ainda ocorre em uma taxa considerável, e sua incidência continua a aumentar anualmente. Dados de vários estudos pequenos, não randomizados, retrospectivos e prospectivos fornecem evidências de que uma série de opções farmacológicas, aprovadas pelo FDA e off-label, são eficazes para mitigar e controlar o reganho de peso após a cirurgia bariátrica.

    De acordo com Dr. Cid, estudos futuros devem investigar o momento ideal para iniciar medicamentos para controlar o reganho de peso pós-operatório, em diferentes grupos de pacientes, incluindo aqueles que passaram por diferentes tipos de cirurgias bariátricas.

    Texto elaborado por: Dra. Andressa Leitão, Endocrinologista, presidente da SBD-PR


    Autor do conteúdo

    Equipe DocToDoc


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/ico-2024-tratamento-da-obesidade-baseado-em-evidencias-melhores-dietas-para-perda-de-peso


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