ICO 2024 - Tratamento da Obesidade Baseado em Evidências em Pacientes com Doença Hepática Metabólica
28 de junho de 2024
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Cerca de metade da população no Brasil está acima do peso, sendo que 60-70% desses apresentam algum grau de doença hepática metabólica (MALD). A manutenção do peso elevado e a resistência insulínica estão associadas ao aumento da esteato-hepatite não alcoólica (NASH) em 30% dos casos e risco de cirrose em 5-10%. Portanto, a busca por tratamentos efetivos para redução de peso e controle das comorbidades é fundamental para prevenir a evolução da fibrose e reduzir o risco cardiovascular (RCV). O congresso segue com uma atualização sobre o tratamento da obesidade em indivíduos com MALD.
O Prof. Amelio Godoy falou sobre dados de esteatose e doença hepática no mundo. Ele destacou os objetivos principais do tratamento: melhorar a esteatose sem piorar a fibrose e melhorar a fibrose sem piorar a NASH. O palestrante mostrou que mesmo perdas modestas de peso, de 3%, estão associadas à melhora da esteatose em até 25% dos casos. Reduções de mais de 7% do peso corporal levam à resolução da NASH, e perdas de mais de 10% reduzem significativamente a fibrose em 45% dos casos. Em relação às medicações, reforçou os benefícios dos análogos de GLP-1, análogos duplos e triplos, bem como do glucagon. No caso da liraglutida 3 mg/dia, houve melhora expressiva da gordura visceral, e uma metanálise com liraglutida e semaglutida mostrou redução da NASH sem piora da fibrose (11 estudos randomizados).
A tirzepatida, análogo duplo GIP/GLP-1, mostrou benefícios adicionais na fibrose: no estudo SYNERGI-NASH, houve resolução da NASH em 44-62% dos casos com doses de 5 e 15 mg/dia, respectivamente, sem piora da fibrose. Mais da metade dos pacientes reduziu o grau de fibrose ao longo do estudo. A retratutida, análogo triplo (GIP/GLP-1/glucagon), mostrou redução de 82% na gordura hepática com a dose máxima de 12 mg, e 93% dos pacientes tiveram menos de 5% de gordura hepática detectada na semana 48.
Por fim foram apresentados dados da survodutida, um análogo de glucagon/GLP-1 em estudo. Doses subcutâneas semanais de 2.4, 4.8 e 6 mg mostraram alta resolução de NASH e redução de fibrose. Dados semelhantes foram vistos com a efinopegdutida. Nesta última molécula em estudo, houve redução de peso comparável à semaglutida, evidenciando ser a melhora hepática independente da perda de peso, conforme publicado no Jornal de Hepatologia 2023.
Em resumo, a liraglutida 3 mg/dia e a semaglutida 2.4 mg/semana são atualmente as medicações mais utilizadas no Brasil para tratar obesidade e doença hepática metabólica, demonstrando benefícios significativos e segurança comprovada. Além das mudanças no estilo de vida, essas medicações oferecem proteção cardiorrenal e apresentam uma excelente resposta na melhora de esteatose, NASH e, em alguns casos, fibrose, como observado com a tirzepatida.
Texto elaborado por: Dr. Frederico Maia, Endocrinologista, pós-doutorado pela UNICAMP
Autor do conteúdo
Equipe DocToDoc
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/ico-2024-tratamento-da-obesidade-baseado-em-evidencias-em-pacientes-com-doenca-hepatica-metabolica
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