Qual o Contexto? 

Uma das teorias para a recuperação de peso na obesidade está na perda de massa muscular, que pode representar até 1/3 da perda total, resultando na redução do metabolismo basal. Além disso, a obesidade associada à deficiência de vitamina D e resistência insulínica está correlacionada com maiores taxas de sarcopenia. O uso da creatina tem sido amplamente estudado nesses contextos, não apenas visando hipertrofia e performance, mas também para preservar a massa muscular durante o emagrecimento e melhorar o perfil metabólico, especialmente glicêmico. Como então devemos utilizar essa informação na prática clínica? Para quem suplementar, em quais doses e com que segurança?

Resumo da Aula 

Dr. Hamilton Roschel apresentou os dados mais atuais sobre os efeitos metabólicos e no perfil glicêmico da creatina em pacientes acima do peso. A creatina, um dos suplementos mais estudados no mundo, é constituída a partir de nutrientes naturais de origem animal e sintetizada no fígado, pâncreas e rins a partir dos aminoácidos glicina, arginina e metionina. Foi verificada uma ação positiva da creatina no metabolismo glicêmico, com maior translocação de GLUT4 para a membrana celular, melhorando o perfil glicêmico. Dr. Roschel destacou os benefícios musculares da creatina em indivíduos idosos, refletindo na qualidade de vida, embora sem grandes efeitos no gasto energético ou na redução de massa gorda de forma isolada. Ele também abordou o papel das proteínas na saciedade, ressaltando que a suplementação proteica pode aumentar o efeito semelhante ao GLP-1, resultando em maior saciedade e menores picos de insulina. A administração de proteína líquida antes de dormir ou das refeições mostrou-se eficaz nesse sentido. Quanto à segurança, estudos indicaram que o uso da creatina é seguro para a função renal e hepática.

Qual o Impacto na Prática? 

Na prática clínica, é essencial considerar uma série de variáveis para obter sucesso no tratamento da obesidade, evitando a perda de massa muscular através de treino de força e suplementação adequada. A creatina pode ser incluída na prática clínica para pacientes com obesidade, especialmente aqueles com diabetes tipo 2, que apresentam maiores taxas de sarcopenia. A creatina demonstrou ser segura e eficaz no processo de emagrecimento, sendo uma estratégia valiosa para o acompanhamento médico.

Texto elaborado por: Dr. Frederico Maia, Endocrinologista, pós-doc pela UNICAMP