Hipogonadismo Masculino Associado à Obesidade: Desafios e Perspectivas no Tratamento
13 de outubro de 2024
3 minutos de leitura
Recife - PE, 12 de Outubro de 2024. O hipogonadismo masculino, caracterizado por baixos níveis de testosterona e sintomas associados, é uma condição cada vez mais preeminente, especialmente em homens com obesidade. A relação entre obesidade e hipogonadismo, conhecida como MOSH (hipogonadismo masculino associado à obesidade), é complexa e multifatorial.
A obesidade promove um estado inflamatório crônico, que por sua vez interfere na produção de testosterona pelos testículos. Além disso, a conversão da testosterona em diidrotestosterona (DHT), a forma ativa do hormônio, também pode ser afetada.
Os sinais e sintomas típicos são queda de libido, disfunção erétil, perda de ereção matinal e infertilidade. Outros sinais e sintomas menos específicos são osteoporose, fogachos, ginecomastia, perda de pêlos, redução de energia, depressão, fadiga, distúrbio de atenção, fraqueza muscular, perda de massa muscular e aumento de gordura corporal.
O diagnóstico do MOSH envolve a avaliação clínica detalhada, incluindo a dosagem da testosterona total e livre, além de outros hormônios como LH e FSH. A interpretação dos resultados laboratoriais deve ser realizada em conjunto com a avaliação dos sintomas do paciente e a presença de outras comorbidades.
O tratamento do MOSH deve ser individualizado e visa tanto o alívio dos sintomas como a correção dos fatores de risco associados, principalmente a obesidade. As principais abordagens incluem:
Mudanças no estilo de vida: Perda de peso através de dieta equilibrada e prática regular de atividade física são fundamentais para melhorar os níveis de testosterona e reverter os sintomas.
Tratamento das comorbidades: O controle de doenças como diabetes, hipertensão e dislipidemia é essencial para o sucesso do tratamento.
Terapia de reposição de testosterona: Em casos selecionados, a terapia de reposição de testosterona pode ser indicada para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. No entanto, o tratamento deve ser individualizado e acompanhado de perto devido aos potenciais efeitos colaterais.
O tratamento com testosterona se mostrou benéfico para função sexual, anemia, massa óssea, humor, composição corporal e força muscular. Por outro lado, não melhora a função cognitiva, vitalidade e performance física. Uma metanálise, publicada no The Lancet (Hudson J et al), apontou que a melhora dos sintomas não estava relacionada apenas aos níveis de testosterona. Independente do valor da testosterona, tiveram uma pior resposta ao tratamento: homens mais velhos, com obesidade grave, com muitas comorbidades ou com estilo de vida inadequado.
A renomada Dra. Letícia Gontijo, aponta que não é recomendado solicitar testosterona de rotina para todos, mas é importante sempre lembrar de abordar sobre disfunção sexual na consulta.
“A pessoa precisa estar bem do ponto de vista da saúde global para melhorar a saúde sexual, não é apenas sobre a testosterona”
Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento do MOSH, ainda existem diversos desafios a serem superados. A heterogeneidade da apresentação clínica, a falta de consenso sobre os pontos de corte para o diagnóstico e a complexidade das interações entre os diferentes fatores envolvidos na fisiopatologia do MOSH dificultam a tomada de decisão clínica.
Além disso, a terapia de reposição de testosterona não é indicada para todos os pacientes e pode apresentar riscos em determinados indivíduos. É fundamental que o médico avalie cuidadosamente os benefícios e os riscos do tratamento antes de indicar a terapia de reposição hormonal.
O hipogonadismo masculino associado à obesidade é uma condição complexa que requer uma abordagem multidisciplinar. A perda de peso e o controle das comorbidades são fundamentais para o tratamento do MOSH. A terapia de reposição de testosterona pode ser uma opção terapêutica em casos selecionados, mas deve ser individualizada e acompanhada de perto.
É importante destacar que a decisão de iniciar o tratamento com testosterona deve ser tomada em conjunto com o paciente, após uma avaliação cuidadosa dos benefícios e riscos. Além disso, é fundamental que o paciente seja orientado sobre a importância de adotar um estilo de vida saudável e de realizar acompanhamento médico regular.
Autor do conteúdo
Lais Lins
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/hipogonadismo-masculino-associado-a-obesidade-desafios-e-perspectivas-no-tratamento
Compartilhe
Copyright © 2024 Portal de Conteúdos MEDCode. Todos os direitos reservados.