Hepatites Virais e Rins: Como a Infecção Impacta a Função Renal e o Que Fazer?
17 de dezembro de 2024
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A incidência de doenças virais, como hepatites B e C, permanece alta apesar dos avanços no diagnóstico, na redução da transmissão e nos tratamentos. Este artigo, publicado no American Journal of Kidney Diseases (AJKD) em 2024, aborda as manifestações renais associadas a hepatites virais, HIV e COVID-19, com destaque neste resumo para as hepatites B e C.
Na hepatite B, o acometimento renal está associado principalmente à infecção crônica com replicação viral ativa, caracterizada por HBeAg positivo e carga viral acima de 2.000 UI/mL. A nefropatia membranosa é a lesão mais típica, sendo resultado de imunocomplexos formados contra o HBeAg, que se depositam no espaço subepitelial. Essa deposição imunológica envolve principalmente a imunoglobulina IgG1, manifestando-se classicamente como síndrome nefrótica.
Na hepatite C, a manifestação renal mais frequente é a glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP), que resulta de imunocomplexos dirigidos contra a membrana basal glomerular, frequentemente em associação com crioglobulinemia. Clinicamente, pode se apresentar como síndrome nefrítica ou nefrótica, com manifestações sistêmicas em casos de crioglobulinemia, como púrpura, úlceras cutâneas, neuropatia periférica e artralgias.
Outras lesões renais menos comuns incluem nefropatia por IgA e poliarterite nodosa, que podem ocorrer em ambas as hepatites. Além disso, a nefrotoxicidade associada ao uso de antivirais é uma preocupação adicional nesses pacientes.
Um ponto central no manejo das manifestações renais em hepatites virais é o foco na erradicação da infecção viral. Imunossupressores como ciclofosfamida e rituximabe não são recomendados rotineiramente, pois podem intensificar a replicação viral. Mesmo em casos de nefropatia membranosa associada ao vírus da hepatite B, o tratamento primário deve ser direcionado à infecção viral.
Uma exceção ocorre em pacientes com hepatite C e manifestações graves de vasculite, onde o uso de imunossupressores pode ser necessário, em combinação com antivirais, dado o tempo de até 2 meses para o clearance viral.
Nos casos de crioglobulinemia associada à hepatite C, a abordagem combinada é especialmente relevante, considerando os riscos sistêmicos graves dessa condição.
O Brasil registra um número significativo de casos de hepatite B e C, reforçando a importância de reconhecer as manifestações renais dessas doenças para diagnóstico precoce e manejo eficaz. A erradicação viral continua sendo o pilar central do tratamento, com avanços como os antivirais de ação direta permitindo melhor controle das hepatites e suas complicações renais.
Assim, o conhecimento sobre as interações entre infecção viral e acometimento renal é essencial para otimizar os desfechos nesses pacientes.
Autor do conteúdo
Equipe DocToDoc
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/hepatites-virais-e-rins-como-a-infeccao-impacta-a-funcao-renal-e-o-que-fazer
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