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    Estudo Aberto de Fase 2 de Eneboparatide, um Novo Agonista do Receptor de PTH 1, no Hipoparatireoidismo

    24 de outubro de 2024

    5 minutos de leitura

    Pergunta:

    • Eneboparatide é efetivo no tratamento do hipoparatireoidismo?

    Background:

    • O hipoparatireoidismo é uma doença caracterizada por níveis baixos de PTH, hipocalcemia, hiperfosfatemia, baixos níveis de 1,25 OH vitamina D e redução do remodelamento ósseo. É uma das poucas doenças endocrinológicas cujo tratamento padrão atual não é a reposição do hormônio em falta per se, mas sim com cálcio e calcitriol orais. O tratamento usual frequentemente cursa com hipercalciúria e requer o uso de vários comprimidos ao dia, dificultando a adesão dos pacientes. Diferente de moléculas anteriores que tentaram usar PTH recombinante humano, o eneboparatide é uma droga com mecanismo de ação novo. Trata-se de um peptídeo com 36 aminoácidos desenvolvido para ser agonista com alta afinidade ao receptor PTH1. Assim, o presente estudo avaliou a eficácia e a segurança do eneboparatide em pacientes com hipoparatireoidismo.

    Desenho do Estudo:

    • Ensaio clínico de fase 2

    • Foram 2 coortes com doses diferentes da medicação em pacientes com hipoparatireoidismo

    • Multicêntrico (9 centros em 3 países)

    • Aberto

    • Não pormenorizados os detalhes do cálculo amostral 

    População:

    • Pacientes com hipoparatireoidismo incluídos entre 2021 e 2022

    Critérios de Inclusão:

    • Idade entre 18 e 75 anos

    • Hipoparatireoidismo há mais de 12 meses, em tratamento convencional com vitamina D ativa e cálcio

    • Taxa de filtração glomerular >30ml/mn/1,73m

    Critérios de Exclusão:

    • Causas raras de hipoparatireoidismo, como pseudohipoparatireoidismo (por resistência à ação do PTH) ou hipocalcemia autossômica dominante (por mutação no CaSR ou GNA11)

    • Hipertireoidismo

    • DM 

    • Doença cardíaca, renal ou hepática grave

    • Síndrome de Cushing, acromegalia, hipopituitarismo

    • Câncer ativo

    • Neoplasia Endócrina Múltipla (NEM)-1 ou NEM-2

    Intervenção:

    • Coorte 1: dose inicial de eneboparatide SC 20 mcg/dia, com a possibilidade de ajuste de dose até 60mcg/dia

    • Coorte 2: dose inicial de eneboparatide SC 10 mcg/dia, com a possibilidade de ajuste de dose até 80mcg/dia

    Outros Tratamentos:

    • O objetivo era manter o cálcio total ajustado pela albumina dentro da faixa de referência. 

    • De maneira geral, a dose do tratamento convencional era reduzida em 50% até o 5º dia de medicação, 75% até o 8º dia e totalmente suspensa por volta do 10º dia.

    Desfechos:

    • Primário: quantidade de pacientes que atingiu suspensão total da terapia convencional ao final de 3 meses de seguimento

    • Secundários: níveis de Cálcio total, fósforo, Cálcio urinário em 24h, taxa de filtração glomerular, CTX e P1NP, variação de densidade mineral óssea por DXA (somente avaliado na coorte 2), 

    • Avaliação de efeitos colaterais

    Características dos Pacientes:

     

    Masculino (25% Masculino)Feminino (75% Feminino)
    Masculino
    Feminino

     

    • Coorte 1 (N=12) x Coorte 2 (N=16)

    • Média de idade em anos: 63 x 54

    • IMC médio: 28 x 29

    • Tempo médio desde o diagnóstico de hipoparatireoidismo em anos: 13 x 12

    • Etiologia do hipoparatireoidismo pós-cirúrgico: 83% x 81%

    • Dose de vitamina D ativa média em mcg/d: 0,67±0,29 x 0,60±0,24

    • Dose média de cálcio elementar em mg/d: 1625±717 x 1688±1697

    • Cálcio Total ajustado por Alb em mg/dL: 8,67±0,37 x 8,70±0,50

    • Cálcio urinário em 24h: 329±131 x 331±189

    • Taxa de filtração glomerular: 78±15 x 84±21

    Resultados:

    • A dose média usada ao final de 3 meses foi de 28 mcg/d na coorte 1 e 43 mcg/d na coorte 2 de eneboparatide

    • 92% dos pacientes suspenderam totalmente a vitamina D ativa ao longo do estudo. Já a suspensão do cálcio (para <500mg/d) foi atingida em 88% dos participantes

    • A calcemia se manteve dentro do valor de referência ao final do estudo em todos os pacientes. Para o fósforo, houve redução significativa de seus níveis ao final do estudo (de 4.1+0.2 mg/dL para 3.6+0.6 na coorte 1 e de 4.5+0.2 para 3.8+0.2 na coorte 2)

    • Houve redução do cálcio urinário de 24h em aproximadamente 50% ao comparar os valores basais ao final do estudo, além de uma elevação média de 6 mL/min/1,73m2 na taxa de filtração glomerular de ambos os grupos

    • Houve um aumento do CTX e P1NP ao longo do trial, com valores de densidade mineral óssea estáveis

    • Em relação à segurança, 10% dos pacientes apresentaram hipercalcemia, especialmente no início do tratamento, quando ainda recebiam a terapia convencional em conjunto. A hipocalcemia ocorreu em 17% dos pacientes 

    • O efeito colateral mais comum foi a reação no local da injeção, que ocorreu em até 46% dos participantes. Não foi reportado nenhum efeito adverso grave associado à medicação

    Conclusões:

    • O eneboparatide demonstou eficácia no controle de hipoparatireoidismo em um estudo de fase 2

    Pontos Fortes: 

    • Estudo multicêntrico, o que confere maior validade externa

    • Avalia um ponto de lacuna terapêutica importante

    Pontos Fracos:

    • Baixo número de pacientes

    • Tempo de seguimento curto para avaliar a segurança a longo prazo

    • Ausência de um grupo placebo e de randomização, favorecendo viés de seleção


    Autor do conteúdo

    Matheo Stumpf


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/estudo-aberto-de-fase-2-de-eneboparatide-um-novo-agonista-do-receptor-de-pth-1-no-hipoparatireoidismo


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