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    EndoSociety 2024 -Quando a dosagem laboratorial dos hormônios tireoidianos não faz sentido

    05 de junho de 2024

    2 minutos de leitura

    Qual o contexto?

    A dosagem dos hormônios tireoidianos vem sendo cada vez mais realizada de “rotina”, por vezes com achados anormais e que não se correlacionam com o quadro clínico. Além disso, mesmo para pacientes em seguimento regular podemos nos surpreender com exames fora do esperado.

    Quais as recomendações?

    • Quando a dosagem de T3 é relevante? Na presença de exames que sugerem hipotireoisdismo central (TSH e T4 livre baixos) a dosagem de T3 pode excluir T3 toxicose. Além disso, no contexto de um paciente que iniciou tratamento para doença de Graves, também pode ajudar a definir se está em hipo ou hipertireoidismo (considerando que o TSH pode levar mais tempo para desbloquear).
    • Suplementos com biotina são uma causa comum de alterações laboratoriais, mas nem todos os tipos de ensaio são afetados - leva a TSH falsamente baixo, T3 e T4 livres falsamente altos e anticorpos tireoidianos positivos 
    • Lembrar de investigar quadros de tireoidites: podem ter apresentação trifásica e no período de recuperação do hipertireoidismo podemos encontrar o TSH e o T4 livre baixos ao mesmo tempo 
    • O uso de inibidores de checkpoint imune pode desencadear uma tireoidite, que também pode ser trifásica 
    •  O uso de amiodarona pode levar a diversas alterações tireoidianas no longo prazo. Mas, além disso, logo após o início da medicação pode levar a aumento do T4 livre com TSH normal ou baixo, com resolução espontânea em 4-8 semanas
    • Pacientes gravemente enfermos, em geral em internação hospitalar, podem ter alterações tireoidianas relacionadas ao doente crítico, inicialmente com queda do TSH e T4 livre e posteriormente com elevação do TSH no período de recuperação 
    •  Se alteração nos hormônios totais (T4 total e T3 total) isoladamente, avaliar a dosagem da TBG
    • Lembrar de outros interferentes: anticorpos heterofilos 
    • Lembrar que o TSH pode se elevar com o ganho de peso (tão maior quanto maior o IMC) e com o avanço da idade (tão maior quanto mais velho o indivíduo), sem correlação com alterações clínicas. Alguns poucos indivíduos podem não normalizar o TSH após a perda de peso (cerca de 5%)
    • Em casos de T4 livre e T3 livre elevados com TSH normal, realizar o diagnóstico diferencial entre adenoma hipofisário secretor de TSH ou síndrome de resistência aos hormônios tireoidianos. Avaliar: história familiar, subunidade alfa, SHBG, RM de hipófise, teste genético. Pode ser realizado o teste de supressão do T3. 

    Qual o impacto na prática?

    Na presença de hormônios tireoidianos que não fazem sentido é sempre importante inicialmente repetir a dosagem laboratorial para confirmar os achados. Raramente será um quadro emergencial, portanto realize uma avaliação clínica minuciosa para compreender o quadro. Considere os diagnósticos diferenciais e utilize a dosagem de T3 (se clinicamente indicado).

    Palestrante:

    Trevor E. Angell, MD.
    Keck Medicine of USC, Los Angeles, CA, USA 


    Autor do conteúdo

    Equipe DocToDoc


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/endosociety-2024-quando-a-dosagem-laboratorial-dos-hormonios-tireoidianos-nao-faz-sentido


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