Embolização da Artéria Meníngea Média Para Hematoma Subdural Não Agudo
17 de dezembro de 2024
6 minutos de leitura
A embolização da artéria meníngea média reduz a progressão ou recorrência do hematoma subdural crônico comparada ao cuidado usual?
O hematoma subdural crônico é uma condição prevalente, particularmente em populações idosas, com uma taxa elevada de recorrência mesmo após tratamentos como drenagem cirúrgica ou cuidados médicos suportivos. A fragilidade da neovasculatura no hematoma é uma das razões para a alta taxa de recorrência. A embolização da artéria meníngea média (EAMM) surgiu como uma abordagem promissora, mas há evidências limitadas de ensaios clínicos multicêntricos randomizados. Este estudo, conduzido na China, investigou o impacto da EAMM com materiais líquidos, comparando-a ao cuidado usual, com foco em desfechos clínicos e de segurança.
Ensaio clínico randomizado.
Multicêntrico, realizado em 31 centros em 12 províncias da China.
Aberto para os pacientes e clínicos, com avaliação de desfechos cegada.
Controlado por cuidado usual.
Randomização em proporção 1:1, estratificada por necessidade de drenagem.
Amostra planejada de 722 pacientes, com poder de 90% para detectar diferenças significativas (alfa de 0,05).
Pacientes com hematoma subdural não agudo (subagudo ou crônico), sintomático, com efeito de massa, recrutados entre 2021 e 2023.
Idade ≥18 anos.
Hematoma subdural não agudo sintomático com efeito de massa.
Escore Rankin ≤2 antes do início dos sintomas.
Elegíveis para tratamento conservador ou drenagem com burr-hole.
Hematoma bilateral de origem desconhecida.
Necessidade de craniotomia ou evacuação de emergência.
Expectativa de vida <1 ano ou doença grave coexistente.
Uso contraindicado de materiais de embolização.
Embolização da artéria meníngea média com material líquido (Onyx).
Procedimento realizado sob anestesia geral ou local monitorada, com cateterismo arterial seguido de embolização seletiva.
Cuidado usual, incluindo drenagem por trepanação e manejo médico otimizado ou ambos.
Uso de medicamentos como estatinas e corticoides, conforme necessário.
Primário: recorrência ou progressão sintomática do hematoma em 90 dias.
Secundários: alterações na espessura e volume do hematoma, desfechos funcionais (Rankin), qualidade de vida (EQ-5D-5L).
Segurança: incidência de eventos adversos graves (incluindo morte); procedimentos relacionados a complicações dentro de 30 dias.
MasculinoFeminino
EAMM (N = 360) x Cuidado usual (N = 362)
Idade média (anos): 68,5 x 70
Sexo masculino (%): 81,1 x 84,0
Sintomas na apresentação (%):
Cefaleia: 57,2 x 54,4
Hemiparesia: 53,3 x 48,6
Distúrbio da marcha: 37,2 x 36,5
Distúrbio da fala: 10,8 x 8,8
Comprometimento cognitivo: 10,3 x 8,3
Outros: 1,1 x 1,4
Pontuação da escala de Rankin modificada antes do início dos sintomas (%):
0: 47,2 x 48,1
1: 43,6 x 43,4
2: 9,2 x 8,6
Traumatismo craniano conhecido (%): 49,4 x 55,5
Histórico médico (%):
História de hipertensão: 45,0 x 45,9
História de diabetes mellitus: 17,5 x 15,2
História de dislipidemia: 3,9 x 5,2
Uso de medicação antitrombótica (%): 7,8 x 6,9
Achados de imagem:
Deslocamento mediano da linha média (mm): 10,5 x 10,8
Espessura máxima mediana do hematoma subdural (mm): 22,8 x 22,4
Volume mediano do hematoma subdural (mL): 117,1 x 118,6
Drenagem de burr-hole (%): 78,1 x 78,5
Tempo de drenagem de burr-hole (número):
Antes da embolização: 1 x 0
Depois da embolização: 271 x 2
Cuidados médicos (%):
Estatinas: 96,4 x 97,0
Glicocorticoides: 15,0 x 14,1
Drogas anticonvulsivantes: 6,4 x 7,7
A taxa de recorrência ou progressão do hematoma em 90 dias foi similar entre grupos (6,7% EAMM vs. 9,9% controle, P = 0,10).
A Escala de Rankin Modificada e a qualidade de vida (EQ-5D-5L) aos 90 dias apresentaram resultados semelhantes entre os grupos, sem diferenças estatisticamente significativas.
A duração da hospitalização e a taxa de reinternação em 90 dias foram comparáveis entre os grupos, sem significância estatística.
Houve alterações semelhantes na espessura, volume do hematoma e desvio da linha média aos 90 dias, sem diferenças estatísticas entre os grupos.
O grupo EAMM apresentou menor incidência de eventos adversos graves (6,7% vs. 11,6%, P = 0,02).
A mortalidade em 90 dias foi menor no grupo EAMM (0,6% EAMM vs. 2,2% controle).
A embolização da artéria meníngea média não reduziu significativamente a recorrência ou progressão do hematoma em comparação com o cuidado usual, mas apresentou menor taxa de eventos adversos graves.
Design multicêntrico com grande amostra, garantindo robustez e validade externa ao estudo.
Avaliação cegada de desfechos.
Procedimento com protocolo bem definido e padronizado.
Embora a inclusão de pacientes elegíveis para tratamento conservador ou drenagem aumente a representatividade da amostra, isso pode ter subestimado os benefícios potenciais da EAMM em subgrupos mais graves ou refratários.
Embora o estudo tenha sido conduzido em 31 centros, todos estavam na China, o que pode limitar a aplicabilidade dos achados a populações com características diferentes, como no Brasil.
Mesmo que o estudo tenha utilizado comitês cegos para avaliação de desfechos, a presença do material de embolização torna impossível ocultar a intervenção em imagens. Isso cria um viés inevitável na interpretação dos desfechos radiológicos.
Autor do conteúdo
Beatriz Vilaça
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/embolizacao-da-arteria-meningea-media-para-hematoma-subdural-nao-agudo
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