Eficácia e Segurança do Romosozumabe em Homens com Osteoporose
21 de novembro de 2024
6 minutos de leitura
Romosozumabe é seguro e eficaz no aumento da massa óssea de homens com osteoporose?
A osteoporose em homens é frequentemente subtratada, apesar do elevado risco de fraturas e da alta mortalidade associada. O romosozumabe, um anticorpo monoclonal que inibe a esclerostina, promove a formação óssea e diminui a reabsorção. Sua eficácia em mulheres com osteoporose na pós-menopausa já havia sido demonstrada nos estudos FRAME e ARCH. No entanto, a eficácia do medicamento em homens ainda precisava ser confirmada. Nesse contexto, o estudo BRIDGE avaliou o efeito do romosozumabe em homens com osteoporose.
Ensaio clínico randomizado controlado por placebo
Estudo tipo bridging - realizado para avaliar se uma evidência atual já estabelecida é aplicável e segura em outra situação, como em uma região geográfica diferente ou, neste caso, em outra população. Geralmente, esse tipo de estudo é conduzido com uma amostra menor, devido à comprovação prévia já estabelecida.
Randomização 2:1 (romosozumabe:placebo)
Duplo-cego
Multicêntrico (31 centros na Europa, América do norte, América latina e Japão)
Uma amostra com 225 pacientes (150 romosozumabe e 75 placebo) foi prevista para ter 99% de poder e alfa bicaudal de 5% para demonstrar a diferença entre os grupos na mudança da densidade mineral óssea (DMO) aos 12 meses em relação ao basal. Estimou-se uma diferença de 10%, 4% e 3,7% dos sítios lombar, fêmur total e colo de fêmur, respectivamente.
Financiado pela indústria (Amgen Inc., UCB Pharma, Astellas Pharma).
Homens com osteoporose incluídos entre 2014 e 2016
Homens entre 55 e 90 anos com osteoporose (T-score ≤ -2,5 ou ≤ -1,5 com fratura de fragilidade prévia exceto femoral)
T-score <-3,5
História de fratura de fêmur
Doença óssea ativa
Uso de medicação que interfira no metabolismo ósseo (bisfosfonatos, teriparatide, análogos do PTH, denosumabe)
210 mg de romosozumabe SC 1x ao mês por 12 meses
Placebo mensal SC 1x ao mês por 12 meses
Todos os pacientes receberam vit D 600-800 UI/d e cálcio 500-1000mg/d
Primário: mudança da DMO em sítio lombar aos 12 meses em relação ao basal
Secundários: mudança da DMO em sítio de fêmur total e colo de fêmur aos 12 meses e nos sítios lombar, fêmur total e colo de fêmur aos 6 meses, mudança em marcadores de turnover ósseo, alteração na histomorfometria de biópsia óssea (realizada em subgrupo de pacientes, 11 no grupo romosozumabe e 9 do placebo) e avaliação de efeitos colaterais
Segurança: efeitos adversos reportados pelos médicos do centro, eventos adversos graves eram avaliados por uma comissão independente.
245 pacientes incluídos
Romosozumabe (N=163) x Placebo (N=82)
Média de idade em anos: 72,4 x 71,5
T-score em coluna lombar: -2,22 x -2,33
T-score em fêmur total: -1,92 x -1,92
T-score em colo de fêmur: -2,34 x -2,30
P1NP em mcg/L: 48 x 45,2
CTX em ng/mL: 346 x 350
Vit D em ng/mL: 28,4 x 27,3
Fratura prévia: 52,8% x 56,1%
Tabagismo atual: 16,6% x 20,7%
DM: 33,7% x 40,2%
Hipogonadismo (testosterona total <250 ng/dL): 23,9% x 17,1%
Rososumabe foi melhor que o placebo na mudança da DMO da coluna lombar, quadril total e colo de fêmur aos 12 meses.
Aos 12 meses, o grupo romosozumabe teve um aumento significativamente maior na DMO da coluna lombar (12,1% vs 1,2% no placebo; p<0,001), quadril total (2,5% vs -0,5%; p<0,001) e colo de fêmur (2,2% vs -0,2%; p<0,001).
O grupo romosozumabe teve aumento precoce de marcador de formação óssea no 1º mês (média de mudança em relação ao basal de 85,8% vs 1,2%) e no 3º mês (25,4% vs -2,4%) em relação ao grupo placebo, no 6° mês não havia diferença nos níveis do marcador entre os grupos e ao final de 12 meses a diferença se inverteu (-19,7% vs -6,2%).
Houve também redução precoce no marcador de reabsorção óssea. Essa tendência se manteve ao longo dos 12 meses do estudo.
A avaliação histomorfométrica das biópsias demonstrou redução marcante da reabsorção óssea no grupo romosozumabe
A incidência de qualquer evento adverso foi semelhante entre os grupos (75,5% no grupo romosozumabe vs 80,2%), bem como a incidência de eventos adversos graves (12,9% vs 12,3%).
O grupo romosozumabe apresentou maior incidência de eventos cardiovasculares graves (8 pacientes [4,9%] vs 2 [2,5%] no placebo).
Não houve casos de fratura atípica de fêmur nem de osteonecrose de mandíbula
O tratamento com romosozumabe por 12 meses foi eficaz no aumento da massa óssea e seguro em homens com osteoporose.
Estudo multicêntrico com maior validade externa
Comparação direta com placebo reforça a eficácia do romosozumabe em aumentar a DMO
A randomização 2:1 permite que uma droga com alta plausibilidade biológica de eficácia e segurança seja administrada a um número maior de pessoas e reduz o número de pessoas expostas ao placebo.
O fato de ser um estudo do tipo Bridging possibilitou a obtenção de resultados significativos com uma amostra menor.
Assim como a maioria de outros trials com enfoque em osteoporose em homens, este estudo não incluiu desfechos de fratura.
Embora adequada para o desfecho analisado, a amostra pequena dificulta a análise dos resultados de segurança para eventos incomuns - como os cardiovasculares que ocorreram em somente 10 pacientes do total amostral - podendo ser um resultado espúrio, isto é, devido ao acaso.
Além da amostra pequena para avaliar eventos adversos pouco frequentes, o resultado da maior incidência de eventos cardiovasculares graves no grupo romosozumabe pode ter sido afetada pelo fato do grupo ter mais pacientes com histórico cardiovascular (77,3% vs 71,6% no grupo placebo) e menos pacientes em uso de medicações cardioprotetoras (57,1% vs 61,7% no placebo).
A falta de comparação com outros tratamentos amplamente utilizados na prática clínica, como bisfosfonatos ou denosumabe, impede a conclusão sobre equivalência, não-inferioridade ou superioridade entre essas medicações e o romosozumabe.
Dois funcionários da indústria farmacêutica (Amgen Inc.) que não estão na lista de autores foram responsáveis pela concepção e desenho do estudo, escrita e assistência editorial.
Autor do conteúdo
Matheo Stumpf
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/eficacia-e-seguranca-do-romosozumabe-em-homens-com-osteoporose
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