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    Eficácia e Segurança do Levilimabe em Combinação com Metotrexato em Pacientes com Artrite Reumatoide

    03 de dezembro de 2024

    5 minutos de leitura

    Residente Colaborador:

    Lucas Barone da Rocha

    Pergunta:

    • Associar levilimabe é seguro e eficaz no controle de artrite reumatoide em pacientes refratários ao metotrexato em monoterapia?

    Background:

    • Apesar dos avanços terapêuticos em artrite reumatóide (AR) nas últimas décadas, um desafio persistente é o manejo eficaz dos pacientes refratários, que não respondem adequadamente às opções farmacológicas convencionais, como o metotrexato. Embora o Levilimabe, anti-IL-6, tenha demonstrado superioridade em relação ao placebo no estudo AURORA, especialmente com regimes de dosagem semanal ou bissemanal, sua eficácia e segurança no contexto de pacientes refratários ao metotrexato são incertos. O estudo SOLAR avaliou a segurança e eficácia do Levilimabe no controle sintomático de artrite reumatoide em pacientes refratários ao metotrexato, focando no desfecho primário de resposta ACR20.

    Desenho do Estudo:

    • Ensaio clínico randomizado

    • Fase 3

    • Duplo-cego controlado por placebo por 24 semanas (fase principal) e aberto até a semana 56 (fase aberta)

    • Multicêntrico (21 centros de pesquisa na Federação Russa e na República da Bielorrússia).

    • Randomização 2:1: para receber Levilimabe ou placebo em combinação com metotrexato durante as primeiras 24 semanas, com avaliação do desfecho primário (fase principal do estudo)

    • Fase aberta: após 24 semanas, todos os pacientes passaram a receber Levilimabe, com ajustes de dose. Pacientes que atingiram remissão (DAS28-CRP ≤ 2,6) foram transferidos para uma dosagem de manutenção a cada duas semanas (Q2W), enquanto os demais continuaram com doses semanais (QW)

    • Os grupos do estudo foram: Grupo 1 (Levilimabe QW), pacientes que receberam Levilimabe semanalmente durante todo o estudo; Grupo 2 (Levilimabe QW/Q2W), pacientes que começaram com Levilimabe semanalmente e, após atingir remissão na semana 24, mudaram para uma dosagem quinzenal; e Grupo 3 (Placebo/Levilimabe QW), pacientes que inicialmente receberam placebo e, após a fase controlada, foram transferidos para Levilimabe semanal na fase aberta.

    População:

    • Adultos portadores de artrite reumatoide refratários à metotrexato incluídos entre 2019 e 2021.

    Critérios de Inclusão:

    • Idade mínima de 18 anos

    • Pacientes com artrite reumatoide (AR) ativa refratária ao metotrexato em monoterapia. 

    • Atividade da doença de acordo com o escore DAS28-PCR. 

    Critérios de Exclusão:

    • Presença de outras doenças autoimunes além da AR

    • Histórico de tuberculose, hepatite ativa ou HIV, e qualquer outra condição que pudesse interferir na avaliação do tratamento. 

    • Uso recente de outros medicamentos biológicos ou imunossupressores incompatíveis com o estudo.

    • Infecções graves.

    Intervenção:

    • Levilimabe 162 mg administrado por via subcutânea uma ou duas vezes por semana em combinação com metotrexato.

      • Grupo 1 (QW): Levilimabe semanal durante todo o estudo.

      • Grupo 2 (QW/Q2W): Levilimabe semanal nas primeiras 24 semanas, seguido por Levilimabe a cada duas semanas após alcançar remissão.

    Controle:

    • Placebo em combinação com metotrexato.

      • Grupo 3: Placebo durante as primeiras 24 semanas, seguido por Levilimabe 162 mg semanalmente (QW) na fase aberta.

     Desfechos:

    • Primário: taxa de resposta ACR20, que representa uma melhora de 20% nos critérios do ACR, na semana 24.

    • Secundários: resposta ACR50/70, remissão de AR, avaliação de qualidade de vida (HAQ-DI e EQ-5D-3L), mudanças nos índices de atividade inflamatória (ESR, CRP).

    • Segurança: monitoramento de eventos adversos, especialmente relacionados ao uso de inibidores de IL-6 ao longo de todo o período do estudo.

    Características dos Pacientes:

     

    Masculino (77.3% Masculino)Feminino (22.7% Feminino)
    Masculino
    Feminino

     

    • Levilimabe QW (n=102) x Levilimabe QW/Q2W (n=27) x Placebo/Levilimabe QW (n=51)

    • Idade (anos): 50,5 x 55,5 x 49,8

    • Sexo feminino (%): 77,3% x 70,4% x 66,7%

    • IMC (kg/m²): 26,5 x 27,9 x 26,0

    • Duração da AR (anos): 7,5 x 6,3 x 5,5

    • FR positivo (%): 89,3% x 96,3% x 84,3%

    • Anti-CCP positivo (%): 86,7% x 100% x 88,2%

    • DAS28-PCR: 6,6 x 6,51 x 6,7

    • SDAI: 43,2 x 40,9 x 45,7

    • Manifestações sistêmicas da AR (%): 30,7% x 7,4% x 31,4%

    • Tratamento prévio de AR:

    • AINEs (%): 88,0% x 85,2% x 80,4%

    • Glicocorticoides (%): 53,3% x 48,1% x 56,9%

    • Metotrexato (%): 100% x 100% x 100%

    • DMARDs (%): 17,3% x 22,2% x 19,6%

    • Biológicos (%): 2,7% x 3,7% x 3,9%

    Resultados:

    • Na semana 52, a resposta ACR20 foi relatada em 83 (81,4%), ACR50 em 65 (63,7%) e ACR70 em 44 (43,1%) de 102 pacientes que receberam levilimabe por todas as 52 semanas de pesquisa. Esses dados englobam os grupos 1 e 2, que receberam a droga em ambas etapas do tratamento.

    • Na semana 52 do estudo, a proporção de pacientes que mantiveram baixa atividade e remissão de AR no grupo 1 foi comparável aos grupos 2 e 3. A exposição do grupo 3 (placebo até 24 e intervenção até 52) foi suficiente para equiparar essa métrica entre os grupos.

    • Não houve diferença estatística nos desfechos radiográficos entre os grupos.

    • Eventos adversos graves foram registrados em 30 (19,7%) pacientes. 74,3% dos eventos foram limitados a alterações laboratoriais, 13,2% de infecções e 6,6% de reações diversas ou relacionadas ao local de injeção.

    Conclusões:

    • O Levilimabe em associação ao metotrexato é seguro e eficaz no controle de sintomas de artrite reumatoide em pacientes refratários ao MTX. 

    Pontos Fortes:

    • Desenho rigoroso (duplo-cego, randomizado, controlado por placebo).

    • Amostra representativa, com resultados consistentes entre os grupos de tratamento.

    • Intervenção de 52 semanas com acompanhamento até a semana 56 permitiu avaliar a durabilidade da resposta ao tratamento.

    Pontos Fracos:

    • Realizado apenas em duas regiões (relativamente) geneticamente homogêneas (Rússia e Bielorrússia), o que limita a generalização para outras populações.

    • Alta taxa de eventos adversos laboratoriais, como aumento do colesterol e alteração enzimática hepática, exigindo monitoramento contínuo.

    • Exclusão de pacientes com comorbidades pode limitar a aplicabilidade dos resultados a populações mais amplas.


    Autor do conteúdo

    Marcos Jacinto


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/eficacia-e-seguranca-do-levilimabe-em-combinacao-com-metotrexato-em-pacientes-com-artrite-reumatoide


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