Eficácia e Segurança de um Sistema AID sem Tubo Comparado com Terapia de Bomba de Insulina com CGM no Tratamento do Diabetes Tipo 1
06 de fevereiro de 2025
5 minutos de leitura
O sistema de administração automática de insulina sem tubo (AID) é mais eficaz que a terapia com bomba de insulina e monitor contínuo da glicose para controle glicêmico no diabetes mellitus tipo 1 (DM1)?
Sistemas de administração automática de insulina representam os últimos avanços na tecnologia para otimizar controle glicêmico, combinando bomba de insulina, monitorização contínua de glicose e algoritmos de alça fechada. Os guidelines estão sendo atualizados para incluir essas novas tecnologias de forma cada vez mais precoce no tratamento do DM1. O sistema AID da Omnipod 5 é um dispositivo sem tubo aprovado para pessoas com DM1 ≥ 2 anos e DM2 ≥ 18 anos. A segurança e eficácia já foi demonstrada em estudos prévios, mas ainda não foi avaliado se existem benefícios similares em pacientes com controle glicêmico inadequado. Portanto, este estudo buscou avaliar o impacto do sistema AID sem tubo no controle glicêmico em adultos com diabetes tipo 1.
Ensaio clínico randomizado de grupo paralelo
Multicêntrico: 10 centros nos EUA e 4 na França
Controlado
Randomização 2:1 para o grupo de intervenção (sistema AID sem tubo) e o grupo controle (bomba de insulina associada ao monitoramento contínuo de glicose, CGM)
Duração de 13 semanas de intervenção.
Poder de 90% para detecção de diferença de 10% do TIR
Antes da randomização os pacientes continuaram com o regime padrão de tratamento enquanto eram monitorados com CGM. Para aqueles que já utilizavam CGM nos 30 dias anteriores à randomização, os dados dessa monitorização foram coletados retroativamente.
Adultos com DM1 com controle insatisfatório, em uso prévio de bomba de insulina
18 a 70 anos
DM1 há ≥ 1 ano
Hb1Ac 7-11% (pelo menos 805 com Hb1Ac ≥ 8%)
Uso de bomba de insulina há pelo menos 3 meses (pelo menos 50% com Omnipod não AID)
Uso do sistema AID nos últimos 3 meses
Sistema AID sem tubo (Omnipod 5), incluindo monitoramento contínuo de glicose e entrega automática de insulina com ajuste a cada 5 minutos.
Terapia padrão com bomba de insulina
Primário: time in range de glicemia (percentual do tempo entre 70-180mg/dL segundo CGM)
Secundários: percentual do tempo <54mg/dL; percentual do tempo >180mg/dL, glicose média, mudança da Hb1Ac de base, percentual do tempo <70mg/dL, mudanças nos scores de diabetes distress (T1-DDS), qualidade de vida (DQOL-Brief) e escala de confiança de hipoglicemia (HCS)
MasculinoFeminino
Total = 194 (masculino 40% feminino 60%)
87% eram usuários de Omnipod
Intervenção (N=132) x Controle (N=62):
Sexo feminino: 59% // 61%
Idade (anos), média: 36 // 36
Duração do diabetes (anos), média: 19,5 // 20,2
IMC (kg/m²), média: 26,2 // 26,4
Dose diária de insulina (UI/kg), média: 0,62 // 0,59
Anos de uso de bomba de insulina, média: 9,5 // 9,8
HbA1c (%), média: 8,5 // 8,6
O grupo sistema AID apresentou um aumento significativo no tempo em faixa alvo (TIR), de 43,9% para 61,2%, enquanto no grupo bomba de insulina o aumento foi de 41,3% para 43,8%. A diferença média ajustada foi de 17,5% (IC 95%, 14,0% a 21,1%; p < 0,0001), equivalente a 4,2 horas a mais por dia no grupo intervenção.
Percentual do tempo <54mg/dl: diferença média de 0,05% (IC 95% CI 0,11%, 0,00%; p >0.05) - apesar de não haver diferença significativa, o limite de não inferioridade de 1% foi atingido
Percentual de tempo >180mg/dl: diferença média de 16,8% (IC 95% 20,8%, 12,8%, p <0,0001), o que corresponde a 4h a menos por dia
Glicose média: diferença média de 26mg/dl entre os grupos (IC 95% 34 18 mg/dl, p <0,0001)
O grupo sistema AID alcançou uma HbA1c de 7,25% contra 7,84% no grupo bomba de insulina, com uma diferença média na mudança de 0,58% (IC 95%, 0,79% a 0,37%; p < 0,001).
Percentual de tempo <70mg/dl: diferença média de 0,36% (IC 95% 0,61%, 0,11%, p = 0,005), o que corresponder a 5,2 minutos a menos por dia
T1DDS (estresse relacionado ao diabetes): o grupo sistema AID apresentou uma redução significativa no escore de estresse, com diferença média de 0,18 (IC 95%, 0,32 a 0,05; p = 0,009).
DQOL-Brief (qualidade de vida relacionada ao diabetes): o grupo sistema AID apresentou melhora significativa na qualidade de vida, com uma diferença média de 0,20 (IC 95%, 0,06 a 0,34; p = 0,005).
HCS (confiança no manejo de hipoglicemia): o grupo sistema AID teve uma maior confiança no controle de hipoglicemia, com diferença média de 0,43 (IC 95%, 0,31 a 0,55; p < 0,0001).
O uso do sistema automatizado de entrega de insulina sem tubo (AID) resultou em melhorias significativas no controle glicêmico, incluindo maior tempo em faixa alvo (TIR), redução de HbA1c e menos tempo em hiperglicemia (>180 mg/dL), em comparação com a terapia padrão com bomba de insulina e CGM
Modelo de ensaio randomizado, controlado com grupo paralelo e multicêntrico.
Diferente de outros estudos, incluiu uma população de DM1 com controle glicêmico subótimo, refletindo a maioria dos pacientes da vida real.
Aborda uso de novas tecnologias ajudando na melhor compreensão dos benefícios na prática clínica, com resultados encorajadores na melhora do controle glicêmico.
Tecnologias indisponíveis na maioria dos países, incluindo o Brasil, nos quais até mesmo o CGM não é uma realidade para a maioria da população.
Maior parte dos participantes já fazia uso de Omnipod previamente (sem AID) o que pode ter contribuído para a facilidade de uso do novo sistema.
População composta 99% por brancos e com idade média jovem, refletindo uma população que pode ter mais facilidade de acesso e manejo de tecnologia.
Autor do conteúdo
Melanie Rodacki
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/eficacia-e-seguranca-de-um-sistema-aid-sem-tubo-comparado-com-terapia-de-bomba-de-insulina-com-cgm-no-tratamento-do-diabetes-tipo-1
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