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    Eficácia e Segurança da Terapia Combinada de Metotrexato e Hidroxicloroquina versus Monoterapia com Metotrexato no Tratamento da Artrite Reumatoide

    10 de dezembro de 2024

    4 minutos de leitura

    Residente Colaborador: 

    João Lucas Rangel

    Pergunta:

    • Em pacientes com artrite reumatoide, a combinação de metotrexato com hidroxicloroquina é mais eficaz e segura do que o metotrexato em monoterapia?

    Background:

    • A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune complexa que causa inflamação articular crônica, impactando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento de primeira linha frequentemente inclui o metotrexato (MTX), um medicamento antirreumático que ajuda a controlar a atividade inflamatória da AR. No entanto, pacientes podem não responder adequadamente ao MTX em monoterapia, levando à exploração de terapias combinadas. A hidroxicloroquina (HCQ), tradicionalmente usada para malária e condições autoimunes, demonstrou potencial anti-inflamatório adicional quando combinada com MTX. Embora a combinação de MTX e HCQ seja uma prática clínica comum, evidências conclusivas sobre sua superioridade em termos de eficácia clínica, biomarcadores séricos e qualidade de vida ainda são escassas. Portanto, este estudo visa comparar a eficácia e segurança do MTX em combinação com HCQ versus MTX isolado em pacientes com AR

    Desenho do Estudo:

    • Ensaio clínico randomizado

    • Estudo cego para os pacientes

    • Centro único (China)

    • Duração de 12 semanas 

    • Os participantes foram alocados em uma proporção de 1:1 para uso de monoterapia de metotrexato e associação de metotrexato com hidroxicloroquina. 

    População:

    • Pacientes com artrite reumatoide em atividade e virgens de tratamento incluídos entre 2020 e 2022.

    Critérios de Inclusão:

    • Pacientes adultos (18 anos ou mais) com diagnóstico de artrite reumatoide (AR)
    • Sem tratamento prévio para AR
    • Índice de atividade da doença (DAS28) acima de 3,2 (atividade moderada a alta)
    • Diagnóstico de AR baseado nos critérios revisados do American College of Rheumatology de 1987

    Critérios de Exclusão:

    • Histórico de reações alérgicas aos medicamentos usados no estudo (metotrexato ou hidroxicloroquina)
    • Uso prévio de outros medicamentos antirreumáticos modificadores da doença (DMARDs)
    • Comprometimento grave das funções hepática ou renal
    • Distúrbios psiquiátricos ou de consciência
    • Presença de tumores malignos
    • Diagnóstico de outras doenças autoimunes

    Intervenção:

    • Metotrexato via oral 10-15 mg por semana + Hidroxicloroquina via oral 200 mg de 12/12h

    Controle:

    • Metotrexato via oral 10 - 15 mg por semana

    Desfechos:

    • Primário: melhoria geral na semana 12, incluindo escore de dor medido pela escala analógica visual (VAS), escore de atividade da doença (DAS28)

    • Secundários: níveis de marcadores inflamatórios séricos (PCR, VHS, IL-6 e TNF-α) e qualidade de vida medida pelo questionário WHOQOL-BREF, análise de eventos adversos emergentes do tratamento

    Características dos Pacientes:

     

    Masculino (39% Masculino)Feminino (61% Feminino)
    Masculino
    Feminino

     

    • Grupo MTX+HCQ (n=30) x MTX (n=30)

      • Idade média: 45 x 45 anos

      • Duração média de doença: 1,6 x 1,63 anos

      • PCR (mg/L): 11,84 x 11,74

      • ESR (mm/hr): 24,50 x 24,27

      • IL-6 (ng/L): 26,31 x 27,02

      • TNF-α (ng/L): 8,22 x 8,31

    Resultados:

    • A associação de MTX+HCQ foi superior à monoterapia de MTX quando avaliada tanto pela EVA como o DAS, obtendo significância estatística  (p < 0,05). 

    • Superioridade com evidência estatística também foi observada em todos os desfechos secundários (PCR, IL-6 sérica, TNF-alfa, qualidade de vida)

    • Houveram mais efeitos adversos no grupo MTX+HCQ comparado ao grupo MTX (10% versus 6,67%) mas sem significância estatística.

    Conclusões:

    •  Após 12 semanas, a terapia combinada de metotrexato e hidroxicloroquina foi mais eficaz do que a monoterapia de metotrexato em pacientes artrite reumatóide virgens de tratamento

    Pontos Fortes:

    • O estudo foi conduzido como um ensaio clínico randomizado, garantindo melhor controle sobre variáveis e reduzindo vieses.

    • Desfechos “duros”, como dosagem sérica de marcadores inflamatórios pouco utilizados na prática clínica, reforçam os desfechos que dependem de variáveis subjetivas, uma vez alinhados. 

    • O uso do questionário WHOQOL-BREF para avaliar a qualidade de vida acrescenta uma medida centrada no paciente, importante para avaliar o impacto do tratamento no cotidiano.

     Pontos Fracos:

    • Estudo de centro único (China) realizado em em população geneticamente homogênea pode não ser replicável em outras populações.

    • O tempo relativamente curto de acompanhamento (12 semanas) pode não ter sido suficiente para avaliar as tendências terapêuticas ou adversas.

    • O estudo não forneceu informações claras sobre o cálculo do tamanho amostral, como a diferença esperada entre os grupos, o poder estatístico, e o nível de significância desejado. 

    • Embora o estudo compare duas intervenções (MTX + HCQ vs. MTX), a definição de desfechos primários múltiplos torna a pergunta de pesquisa confusa. Seria mais claro focar em um único desfecho clínico relevante, como a melhora na atividade da doença, para avaliar a eficácia.


    Autor do conteúdo

    Marcos Jacinto


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/eficacia-e-seguranca-da-terapia-combinada-de-metotrexato-e-hidroxicloroquina-versus-monoterapia-com-metotrexato-no-tratamento-da-artrite-reumatoide


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