Eficácia e Segurança da Semaglutida em Monoterapia uma vez por Semana versus Placebo em Pacientes com Diabetes tipo 2
12 de novembro de 2024
7 minutos de leitura
Luisa Matos Antoniassi
A semaglutida semanal é eficaz e segura para controle glicêmico em pacientes com Diabetes tipo 2?
O diabetes tipo 2 é uma doença complexa que requer estratégias de tratamento individualizadas. Apesar da ampla gama de opções farmacológicas, o controle glicêmico ideal permanece desafiador. Os agonistas do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1) estimulam a secreção de insulina e inibem a liberação de glucagon de maneira dependente da glicose, resultando em redução da glicemia, baixo risco de hipoglicemia e diminuição do peso corporal. A semaglutida é mais resistente que a liraglutida à degradação pela dipeptidil peptidase-4 (DPP-4) e possui maior afinidade pela albumina, resultando em uma meia-vida de uma semana. Assim, o estudo SUSTAIN 1 avaliou a eficácia, a segurança e a tolerabilidade da semaglutida subcutânea administrada em monoterapia uma vez por semana, nas doses de 0,5 mg e 1,0 mg, em comparação ao placebo, em pacientes virgens de tratamento para diabetes tipo 2 que apresentavam controle glicêmico inadequado com dieta e exercício físico.
Ensaio clínico randomizado
Multicêntrico (72 centros no Canadá, Itália, Japão, México, Rússia, África do Sul, Reino Unido e EUA)
Duplo cego, controlado por placebo
Randomização por sistema automatizado de reconhecimento de voz/web sem envolvimento humano
Planejado que 390 participantes seriam necessários para fornecer ao estudo um poder de 80% para detectar diferenças significativas na hemoglobina glicada (0,45%) e no peso corporal (2,25kg) para ambas as doses de semaglutida versus placebo na semana 30 com erro alfa unicaudal de 2,5%.
Adultos com Diabetes Mellitus tipo 2 sem tratamento farmacológico randomizados entre fevereiro e agosto de 2014
Idade ≥ 18 anos
Diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 2 tratado apenas com dieta e exercício durante pelo menos 30 dias antes do recrutamento
Hemoglobina glicada (HbA1c) de 7% a 10%
Tratamento com medicamentos hipoglicemiantes nos 90 dias anteriores ao rastreio (exceto tratamento de curta duração [≤ 7 dias] com insulina)
História de pancreatite crônica ou pancreatite aguda idiopática
História pessoal ou familiar de carcinoma medular da tiroide, ou Neoplasia Endócrina Múltipla do tipo 2
Taxa de filtração glomerular < 30 mL/min/1,73 m²
Calcitonina ≥ 50 pg/mL
Insuficiência cardíaca (NYHA IV)
Eventos coronários ou cerebrovasculares agudos nos 90 dias anteriores à randomização
Semaglutida via subcutânea 0,5 mg ou 1,0 mg uma vez por semana durante 30 semanas
No grupo de semaglutida 0,5 mg, a dose de manutenção foi atingida após 4 semanas de 0,25 mg uma vez por semana
No grupo de semaglutida 1,0 mg, a dose de manutenção foi atingida após 4 semanas de 0,25 mg uma vez por semana, seguidas de 4 semanas de 0,5 mg uma vez por semana
Placebo via subcutânea, em volume correspondente, administrado uma vez por semana durante 30 semanas.
Participantes com hiperglicemia inaceitável (qualquer valor de glicemia plasmática em jejum ≥ 270 mg/dL desde o início até a semana 6, ≥ 240 mg/dL da semana 6 até a 12, ou ≥ 200 mg/dL da semana 12 até o final do estudo) poderiam receber metformina (considerada a primeira escolha) ou outros medicamentos antidiabéticos (exceto agonistas do GLP-1 ou inibidores da DPP-4) como tratamento complementar de resgate, a critério do investigador e em conformidade com os guidelines vigentes à época.
Desfecho primário de eficácia: mudança da HbA1c desde o início do estudo até a semana 30
Desfechos secundários de eficácia: mudança no peso, HbA1c < 7% ou ≤ 6,5%, glicemia em jejum, função das células β, perda de peso ≥ 5% e ≥ 10%, IMC, circunferência abdominal, lipidograma e pressão arterial.
Desfechos de segurança: eventos adversos, hipoglicemia grave ou sintomática, e alteração na frequência do pulso cardíaco.
MasculinoFeminino
Semaglutida 0,5 mg (N=128) x Semaglutida 1 mg (N=130) x Placebo (N=129)
Idade (anos): 54,6 x 52,7 x 53,9
HbA1c (%): 8,09 x 8,12 x 7,95
Duração do diabetes (anos): 4,81 x 3,62 x 4,06
Peso corporal (kg): 89,81 x 96,87 x 89,05
IMC (kg/m²): 32,46 x 33,92 x 32,40
Etnia não hispânica ou latina (%): 73 x 65 x 72
Raça branca (%): 65 x 68 x 60
Houve uma redução significativa e similar da HbA1c na semana 30 nos grupos tratados com semaglutida em comparação ao placebo.
A redução da HbA1c foi de 1,45% (IC 95%: –1,65 a –1,26) com semaglutida 0,5 mg (diferença estimada em relação ao placebo: –1,43%, IC 95%: –1,71 a –1,15; p < 0,0001); 1,55% (IC 95%: –1,74 a –1,36) com semaglutida 1,0 mg (diferença estimada em relação ao placebo: –1,53%, IC 95%: –1,81 a –1,25; p < 0,0001), em comparação a uma diminuição não significativa de 0,02% (IC 95%: –0,23 a 0,18) com o placebo.
O peso corporal diminuiu significativamente com semaglutida em comparação ao placebo: redução de 3,73 kg (IC 95%: –4,54 a –2,91) com semaglutida 0,5 mg (diferença estimada em relação ao placebo: –2,75 kg, p < 0,0001) e 4,53 kg (IC 95%: –5,34 a –3,72) com semaglutida 1,0 mg (diferença: –3,56 kg, p < 0,0001).
Um número significativamente maior de participantes nos grupos semaglutida alcançou HbA1c < 7% e HbA1c ≤ 6,5%, além de haver reduções significativas na glicemia plasmática em jejum e no automonitoramento da glicemia capilar. Os níveis de pró-insulina e a relação pró-insulina/insulina foram significativamente reduzidos, enquanto o peptídeo C e o HOMA-B aumentaram com ambas as doses.
Um número maior de participantes que recebeu semaglutida alcançou redução de peso corporal de pelo menos 5% e 10%, além de ocorrerem reduções no índice de massa corporal (IMC) e na circunferência abdominal.
Os eventos adversos foram relatados em 64% no grupo semaglutida 0,5 mg, 56% no 1,0 mg e 53% no placebo, sendo os mais frequentes de natureza gastrointestinal. O número de eventos adversos graves foi semelhante entre os grupos (5% para 0,5 mg, 5% para 1,0 mg, 4% para placebo), e não houve episódios de hipoglicemia grave nos grupos com semaglutida.
A frequência do pulso cardíaco aumentou significativamente: 2,35 batimentos por minuto (bpm) com semaglutida 0,5 mg e 2,43 bpm com 1,0 mg.
A semaglutida semanal é eficaz e segura para o controle glicêmico em pacientes com Diabetes tipo 2 sem tratamento farmacológico prévio.
Desenho do estudo randomizado e controlado por placebo
Estudo multicêntrico, com maior validade externa
Boa representatividade racial e étnica
Curta duração (30 semanas). Esse é um período breve para doenças crônicas, como diabetes mellitus e obesidade.
Tamanho pequeno da amostra
Uso frequente de medicações de resgate (levou à falta de dados em mais de 30% dos participa no ntes do grupo placebo)
Autor do conteúdo
Andressa Leitao
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/eficacia-e-seguranca-da-semaglutida-em-monoterapia-uma-vez-por-semana-versus-placebo-em-pacientes-com-diabetes-tipo-2
Compartilhe
Copyright © 2024 Portal de Conteúdos MEDCode. Todos os direitos reservados.