Eficácia e Segurança da Denervação Renal por Radiofrequência Guiada por Cateter em Pacientes Chineses com Hipertensão Não Controlada
19 de dezembro de 2024
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A denervação renal por cateter (DNR) com radiofrequência reduz a pressão arterial em pacientes chineses com hipertensão não controlada em comparação ao procedimento placebo?
Na China, 1 em cada 4 adultos tem hipertensão, com aumento da prevalência entre 2004 e 2018. A hipertensão está associada a 2,67 milhões de mortes anuais, e, embora o controle tenha melhorado, as taxas continuam baixas (16,8%), abaixo das ocidentais. Uma redução de 5 mmHg na pressão arterial poderia prevenir cerca de 350.000 mortes anuais em pessoas com menos de 80 anos. A denervação renal por cateter (DNR) tem sido estudada como uma alternativa no tratamento da hipertensão, com resultados positivos na redução da pressão arterial. Portanto, o estudo Iberis-HTN é o primeiro ensaio controlado por procedimento simulado na China a avaliar a segurança e eficácia de um sistema de cateter multieletrodo para DNR em pacientes com hipertensão não controlada, apesar do uso de terapia farmacológica tripla.
Ensaio clínico.
Randomizado com cegamento de pacientes e avaliadores de desfechos
Controlado por procedimento simulado (Sham).
Multicêntrico (16 centros na China).
Após a angiografia renal, os pacientes foram randomizados (1:1) para DNR por radiofrequência ou procedimento simulado. A randomização foi centralizada e estratificada por centro.
Durante os procedimentos, os pacientes foram sedados, usaram fones de ouvido e máscaras para manter o cegamento. O grupo simulado permaneceu na mesa por ≥10 minutos. Antes da alta e após 6 meses, os pacientes responderam a questionários para adivinhar a alocação do tratamento. O cegamento foi mantido para pacientes e equipe até 6 meses após a randomização.
Após a randomização, os pacientes realizaram visitas de acompanhamento aos 1, 3 e 6 meses, onde foram monitorados a pressão arterial (PA) de consultório, frequência cardíaca, lista de medicamentos e eventos adversos. A PA foi medida com um dispositivo oscilométrico validado, usando a média de duas medições após descanso. O monitor ambulatorial de PA de 24 horas foi colocado logo após a ingestão dos medicamentos observada pelo pessoal do estudo.
Amostra estimada de 216 pacientes (considerando até 15% de dados ausentes). Poder estatístico de 80% para detectar uma diferença de 5 mmHg na PA sistólica ambulatorial de 24 horas (desvio padrão comum de 12 mmHg e erro tipo I de 5%).
Pacientes com hipertensão não controlada, apesar de terapia anti-hipertensiva padronizada com 3 medicamentos, incluídos entre 2017 e 2022
Pacientes entre 18 e 65 anos.
Hipertensão primária não controlada diagnosticada por ≥ 6 meses na primeira visita de triagem.
Pressão arterial sistólica de consultório ≥180 mmHg e pressão arterial diastólica ≥110 mmHg.
Após assinatura do consentimento informado, mudança para terapia antihipertensiva padronizada com:
5 mg de amlodipina
80 mg de valsartana e 12,5 mg de hidroclorotiazida combinados.
Após 4 semanas de tratamento, na segunda visita de triagem, os pacientes com:
Pressão arterial sistólica de consultório ≥150 e ≤180 mm Hg
Pressão arterial diastólica de consultório ≥90 mm Hg
Pressão arterial sistólica média ambulatorial de 24 horas ≥135 e ≤170 mm Hg
Anatomia renal adequada (diâmetro da artéria renal ≥3 mm, comprimento ≥20 mm) confirmada por angiografia tomográfica.
Passaram por angiografia renal para confirmação da elegibilidade anatômica.
Diabetes tipo 1.
Hipertensão secundária.
Taxa estimada de filtração glomerular (eTFG) baseada em creatinina <45 mL/min/ 1,73 m²).
Implante prévio de desfibrilador ou marcapasso implantável ativo.
Infarto do miocárdio, síncope, hemorragia cerebral ou infarto cerebral ≤6 meses antes da assinatura do consentimento informado.
Procedimento simulado (sham).
Primário: diferença na mudança média da PA sistólica ambulatorial de 24 horas entre os grupos DNR e simulado, de 6 meses após o procedimento em relação ao início. Alterado de 3 para 6 meses em 4 de julho de 2018 (após 32 pacientes randomizados).
Secundários: diferença entre grupos na mudança da PA diastólica ambulatorial de 24 horas; alterações na PA sistólica de consultório (1, 3 e 6 meses); número médio de medicamentos prescritos (1, 3 e 6 meses); proporção de pacientes com PA sistólica de consultório <140 mmHg (6 meses).
Segurança: complicações procedurais; mortalidade por todas as causas; eventos cardiovasculares e cerebrovasculares; eventos renais (e.g., eTFG <15 mL/min/1,73 m², estenose arterial renal >50%); eventos adversos gerais e graves.
MasculinoFeminino
● Grupo DNR (N= 107) x Grupo Simulado (N=110)
Idade (anos): 46,4 x 44,3
Sexo feminino: 23 x 22
IMC: 27,3 x 27,8
TFG (ml/min/1,73m²): 100 x 103,7
DM2: 21 x 14
Tabagista ativo: 29 x 31
Histórico de Doença Arterial Coronariana: 14 x 6
Hiperlipidemia: 29 x 35
Sinais na 2ª visita:
PAS: 159,1 x 159,4
PAD: 98,8 x 99,4
FC: 81,7 x 82,4
Medicamentos prescritos na triagem:
2 medicamentos: 4 x 2
3 medicamentos: 103 x 108
BRA: 80 x 80
IECA: 1 x 0
BCC: 87 x 91
Diurético tiazídico: 77 x 76
BB: 3 x 6
Outros: 4 x 0
Aos 6 meses, a redução da pressão arterial sistólica ambulatorial de 24 horas foi significativamente maior no grupo DNR, com uma média de −13,0 mmHg, em comparação com o grupo controle, que apresentou uma redução de −3,0 mmHg. A diferença ajustada entre os grupos foi de −9,4 mmHg (IC 95%, −12,8 a −5,9; P<0,001).
O tempo médio do procedimento foi de 69,4±32,9 minutos no grupo de RDN, contra 27,4±16,4 minutos no grupo controle simulado. Todos os pacientes do grupo DNR receberam um procedimento bilateral com uma média de 6,2±2,2 e 6,4±1,9 ciclos de ablação bem-sucedidos nas artérias renais esquerda e direita, incluindo as ramificadas.
A redução da pressão arterial diastólica ambulatorial de 24 horas foi significativamente maior no grupo DNR, com uma média de −5,0 mmHg (IC 95%, −7,5 a −2,4; P<0,001), comparado ao grupo controle.
Tanto a redução da pressão arterial sistólica quanto diastólica de consultório foi significativamente maior no grupo DNR.
Um paciente no grupo DNR apresentou hematoma no local de acesso, resolvido sem sequelas.
Não foram registrados outros eventos adversos importantes relacionados ao dispositivo ou ao procedimento durante o acompanhamento.
Em pacientes com hipertensão não controlada em terapia farmacológica tripla padronizada, a DNR mostrou-se segura e reduziu a pressão arterial aos 6 meses em comparação com o procedimento simulado.
Uso de controle simulado (sham), o que elimina o viés de expectativa, aumenta a validade interna do estudo e elimina efeito placebo.
Coorte de pacientes chineses com hipertensão resistente, uma população frequentemente sub-representada em estudos anteriores.
A pressão arterial foi medida com dispositivos automáticos validados para monitoramento ambulatorial de 24 horas, além de medições de consultório, proporcionando dados consistentes.
Seguimento de curto prazo. Embora eventos de segurança tenham ocorrido raramente, é necessário um acompanhamento adicional para avaliar a segurança a longo prazo.
Foram excluídos pacientes com eGFR <45 mL/(min 1,73 m²), e apenas 6% dos pacientes no grupo de DNR apresentavam eGFR entre 45 e 59 mL/(min 1,73 m²).
A dependência do cateter Iberis (AngioCare, Xangai, China) restringe a generalização dos resultados para outros dispositivos ou sistemas de denervação renal
O estudo foi patrocinado pela Shanghai Angiocare Medical Technology
Autor do conteúdo
Mariane Shinzato
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/eficacia-e-seguranca-da-denervacao-renal-por-radiofrequencia-guiada-por-cateter-em-pacientes-chineses-com-hipertensao-nao-controlada
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