Eficácia de uma Vacina Acelular contra Coqueluche em Adolescentes e Adultos
20 de março de 2025
6 minutos de leitura
A vacina acelular contra coqueluche é eficaz na prevenção de infecções por Bordetella pertussis em adolescentes e adultos?
A coqueluche, causada pela bactéria Bordetella pertussis, é uma doença respiratória grave, especialmente em crianças não vacinadas. A vacinação infantil reduziu drasticamente a incidência da doença, mas a imunidade diminui com o tempo, levando a um aumento de casos entre adolescentes e adultos. Esses grupos servem como reservatórios da doença, transmitindo-a para crianças não vacinadas. O estudo APERT teve como objetivo avaliar a eficácia, segurança e imunogenicidade de uma vacina acelular contra coqueluche em adolescentes e adultos, visando reduzir a carga da doença e a transmissão para crianças.
Ensaio clínico randomizado.
Multicêntrico: 8 centros nos Estados Unidos.
Duplo-cego.
O estudo utilizou um controle ativo, com o grupo controle recebendo uma vacina de hepatite A, que tinha aparência idêntica à vacina de coqueluche, para garantir o cegamento dos participantes..
Randomização na proporção 1:1, sem estratificação.
Apesar de o artigo não detalhar o cálculo amostral, o estudo incluiu 2781 participantes, com poder estatístico suficiente para detectar diferenças significativas na incidência de coqueluche.
Participantes saudáveis, com idades entre 15 e 65 anos, recrutados entre 1997 e 1999.
Critérios de Inclusão
Idade entre 15 e 65 anos.
Saudáveis, sem doenças crônicas ou imunocomprometimento.
Não ter recebido vacina contra coqueluche nos últimos cinco anos.
Mulheres em idade fértil deviam usar métodos contraceptivos por um mês após a vacinação.
Imunocomprometimento ou doenças crônicas.
Uso recente de imunoglobulina ou produtos sanguíneos.
Hipersensibilidade a vacinas.
Diagnóstico de coqueluche nos últimos cinco anos.
Vacinação para coqueluche nos últimos cinco anos.
Vacina acelular contra coqueluche.
Uma dose única de vacina acelular contendo toxoide pertussis, hemaglutinina filamentosa e pertactina.
Administração intramuscular.
Monitoramento de segurança e imunogenicidade por 2,5 anos.
Vacina contra hepatite A.
Uma dose única de vacina contra hepatite A (Havrix).
Administração intramuscular.
Monitoramento de segurança e imunogenicidade por 2,5 anos.
Primário: eficácia da vacina na prevenção de coqueluche confirmada por critérios clínicos, microbiológicos e sorológicos.
Secundários: segurança da vacina, imunogenicidade, incidência de doenças prolongadas com tosse.
Características dos Pacientes
MasculinoFeminino
2781 Pacientes | Feminino 67% e Masculino 33%
Vacina Acelular contra Coqueluche (N=1391) x Vacina Hepatite A (N=1390):
Sexo masculino (%): 33,0 x 33,5
Raça branca (%): 70,3 x 72,1
Idade (anos): 34,8 x 34,7
Profissionais de saúde (%): 31,9 x 32,6
Estudantes (%): 20,9 x 21,4
Já receberam vacina contra coqueluche anteriormente (%): 72,5 x 73,2
Tabagistas atuais (%): 17,0 x 17,1
Pessoas-anos de vigilância para doenças com tosse: 2421 x 2444
Abandonaram o estudo antes de 18 meses de acompanhamento (%): 20,7 x 19,6
A vacina acelular contra coqueluche reduziu a incidência da doença no período de seguimento.
A vacina acelular contra coqueluche teve uma eficácia de 92% (IC 95%, 32 a 99%) na prevenção de coqueluche confirmada. Houve 10 casos de coqueluche no total, sendo 9 no grupo controle e 1 no grupo vacinado.
Eventos adversos graves: 86 eventos ocorreram em 69 participantes no grupo da vacina acelular contra coqueluche, e 79 eventos ocorreram em 71 participantes no grupo controle.
Hospitalizações: 4 hospitalizações ocorreram dentro de 14 dias após a vacinação (2 em cada grupo).
Incidência de coqueluche: no grupo controle, a melhor forma de avaliar a incidência da doença, uma vez que os participantes não estão imunizados para a doença, a incidência estimada foi de 370 a 450 casos por 100.000 pessoas-ano.
Proporção de doenças prolongadas por coqueluche: 0,7% a 5,7% dos casos de tosse prolongada foram atribuídos à coqueluche, dependendo da duração da tosse.
A vacina acelular contra coqueluche é eficaz e segura em adolescentes e adultos, com potencial para reduzir a carga da doença e a transmissão para crianças.
O estudo foi conduzido como um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado, o que é considerado o padrão-ouro para avaliar a eficácia de intervenções médicas.
O acompanhamento de 2,5 anos permitiu uma avaliação prolongada da eficácia da vacina e da incidência de coqueluche em adolescentes e adultos.
A vacina mostrou-se segura, com poucos eventos adversos graves relatados, e nenhum relacionado diretamente à vacina, tendo impacto direto na prevenção primária da coqueluche.
O estudo excluiu indivíduos com doenças crônicas, imunocomprometidos e aqueles que haviam recebido vacina contra coqueluche nos últimos cinco anos, o que pode limitar a generalização dos resultados para populações mais diversas.
Aproximadamente 20% dos participantes abandonaram o estudo antes de completar 18 meses de seguimento, o que pode introduzir viés de seleção.
A maioria dos participantes era branca (71%), o que pode limitar a aplicabilidade dos resultados para outras etnias.
O estudo utilizou uma vacina acelular monovalente, enquanto as vacinas disponíveis atualmente são combinadas com difteria e tétano, o que pode afetar a comparabilidade com a prática clínica atual.
O estudo não avaliou a duração da proteção após a vacinação, o que é crucial para determinar a necessidade de doses de reforço.
Autor do conteúdo
Beatriz Vilaça
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/eficacia-de-uma-vacina-acelular-contra-coqueluche-em-adolescentes-e-adultos
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