Eficácia da Vacina contra Influenza de Alta Dose versus Dose Padrão em Idosos
21 de novembro de 2024
6 minutos de leitura
A vacina contra influenza de alta dose é mais eficaz na prevenção de gripe em idosos, em comparação com a vacina de dose padrão?
Embora a vacinação seja a intervenção mais eficaz contra a gripe e suas complicações, sabe-se que as respostas imunológicas e a proteção conferida pelas vacinas são menores em idosos em comparação a adultos jovens. Estudos anteriores demonstraram que a vacina de alta dose trivalente inativada contra a gripe (IIV3-HD), que contém quatro vezes mais hemaglutinina do que a vacina de dose padrão (IIV3-SD), pode melhorar as respostas de anticorpos nesse grupo etário. No entanto, persistia uma lacuna de conhecimento sobre se o aumento na imunogenicidade se traduzia em maior eficácia clínica, especificamente na prevenção de casos de gripe confirmados laboratorialmente. Dessa forma, este estudo foi realizado com o objetivo de avaliar e confirmar se a IIV3-HD oferece proteção superior contra a gripe confirmada em laboratório em adultos com idade ≥ 65 anos, em comparação com a IIV3-SD.
Ensaio clínico randomizado
Multicêntrico – 126 centros nos Estados Unidos e Canadá
Duplo cego
A amostra necessária para fornecer ao estudo 80% de poder para mostrar a eficácia superior do IIV3-HD foi de 30.000 participantes, assumindo uma eficácia relativa da vacina de 30% e uma incidência de gripe de 2% para o grupo IIV3-SD.
Além disso, IIV3-HD seria considerado superior ao IIV3-SD se o limite inferior do intervalo de confiança de 95% para a eficácia relativa da vacina excedesse 9,1% para o desfecho primário.
Randomização 1:1: o grupo que seria submetido à vacinação com IIV3-HD e outro que seria submetido à vacinação com IIV3-SD.
Idosos sem doenças agudas moderadas ou graves, incluídos em duas temporadas consecutivas de gripe.
Termo de consentimento informado datado e assinado
Capacidade de comparecer a todas as visitas agendadas e cumprir todos os procedimentos do estudo
Vacinação contra a gripe nos 6 meses anteriores ao estudo
Hipersensibilidade sistêmica a ovos, proteínas de frango ou qualquer um dos componentes da vacina, ou uma história de reação com risco de vida à vacina Fluzone High-Dose ou Fluzone ou a uma vacina contendo qualquer uma das mesmas substâncias
História pessoal de Síndrome de Guillain-Barré
Demência ou qualquer outra condição cognitiva em estágio que possa interferir no seguimento dos procedimentos do estudo
Trombocitopenia contraindicando vacinação intramuscular (IM), conforme julgado pelo investigador
Distúrbio hemorrágico ou recebimento de anticoagulantes nas 3 semanas anteriores à inclusão, contraindicando a vacinação intramuscular, conforme julgado pelo investigador
Abuso atual de álcool ou dependência de drogas
Doença aguda moderada ou grave com ou sem febre (temperatura oral > 37,2°C). Se esta contraindicação existir, a vacinação será adiada até que o indivíduo esteja clinicamente estável e/ou afebril (temperatura ≤ 37,2°C) por pelo menos 24 horas.
Sinais e sintomas de doença respiratória infecciosa aguda. Se isso existir, a vacinação será adiada até que os sintomas desapareçam.
Dose única de IIV3-HD (60 μg de hemaglutinina por cepa)
Controle:
Dose única de IIV3-SD (15 μg de hemaglutinina por cepa)
Os participantes foram instruídos a entrar em contato com seus locais de estudo se tivessem algum sintoma respiratório. Além disso, foram contatados por telefone, duas vezes por semana (entre o início de janeiro e final de fevereiro) ou semanalmente até a vigilância do fim da doença (30 de abril de cada ano).
Os investigadores nos locais de estudo foram instruídos a fazer ligações telefônicas de acompanhamento para coletar informações de eficácia associadas a eventos ocorridos dentro de 30 dias após o início de qualquer doença respiratória, caso elas ocorressem.
Primário: ocorrência de gripe confirmada laboratorialmente por qualquer tipo ou subtipo viral, associada a uma doença do tipo influenza definida pelo protocolo, ocorrida pelo menos 14 dias após a vacinação.
Secundários: desfechos de eficácia secundária e eficácia observacional também foram avaliados, de acordo com várias definições de doenças clínicas, métodos de confirmação laboratorial e níveis de similaridade da vacina.
Segurança: incidência de eventos adversos graves em qualquer momento após a vacinação; comparação da proporção de participantes com pelo menos um evento adverso grave entre os grupos (IIV3-HD e IIV3-SD).
31.983 pacientes // Masculino 43,5% e Feminino 56,5%
Grupo IIV3-HD (N=15.990) x Grupo IIV3-SD (N=15.993):
Idade (anos): 73,3±5,8 x 73,3±5,8
Brancos: 94,4% x 94,8%
Negros: 4,2% x 3,8%
Doença arterial coronariana: 17,1% x 17,1%
Fibrilação atrial: 6,9% x 7%
Doença valvar cardíaca:4,6% x 4,6%
Insuficiência cardíaca congestiva: 2,8% x 2,8%
Doença pulmonar obstrutiva crônica: 9,4% x 9,4%
Asma: 8,8% x 8,8%
Recebeu vacina contra influenza na temporada anterior: 73,5% x 73,6%
A incidência de gripe confirmada laboratorialmente foi de 1,4% no grupo IIV3-HD (228 participantes) e de 1,9% no grupo IIV3-SD (301 participantes), resultando em uma eficácia relativa de 24,2% (IC95%, 9,7% a 36,5%; P = 0,003).
Os participantes no grupo IIV3-HD apresentaram títulos de inibição de hemaglutinação (HAI) e taxas de soroproteção (HAI ≥1:40) significativamente maiores em comparação ao grupo IIV3-SD (P < 0,001).
Eventos adversos graves: Foram relatados por 8,3% dos participantes no grupo IIV3-HD (1323 participantes) e 9,0% no grupo IIV3-SD (1442 participantes), com um risco relativo de 0,92 (IC95%, 0,85 a 0,99; P = 0,03).
Não houve aumento estatisticamente significativo em eventos adversos graves relevantes no grupo IIV3-HD em comparação ao grupo IIV3-SD, indicando boa tolerabilidade da vacina de alta dose.
A vacinação com IIV3-HD em comparação com IIV3-SD melhorou significativamente a proteção contra infecções confirmadas em laboratório da doença da gripe. Também mostrou que IIV3-HD foi associada a respostas imunes superiores em comparação com IIV3-SD.
Elevado tamanho amostral, garantindo poder estatístico adequado para detectar diferenças clinicamente significativas entre os grupos.
Comparação direta (cabeça a cabeça) entre a vacina de alta dose (60 μg de hemaglutinina por cepa) e a vacina de dose padrão, fornecendo evidências robustas e relevantes para a prática clínica.
Inclusão de pacientes idosos, uma população frequentemente subrepresentada em ensaios clínicos, mas altamente vulnerável às complicações da gripe.
Representatividade de pacientes com comorbidades comuns, como doença valvar cardíaca, fibrilação atrial, doença arterial coronariana e asma, ampliando a aplicabilidade dos resultados a perfis de pacientes do mundo real.
Distribuição equilibrada de gêneros e comorbidades entre os grupos, minimizando viés de seleção e fortalecendo a validade interna do estudo.
Baixa diversidade étnica e restrição geográfica, com participantes incluídos apenas de 126 centros nos Estados Unidos e Canadá, limitando a generalização dos resultados para populações mais diversas.
Patrocínio pelo fabricante da vacina, o que pode introduzir potenciais conflitos de interesse que necessitam de transparência e monitoramento rigoroso.
Exclusão de idosos com doenças agudas moderadas ou graves, restringindo a aplicabilidade dos achados para pacientes em condições mais críticas.
Autor do conteúdo
Carolina Ferrari
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/eficacia-da-vacina-contra-influenza-de-alta-dose-versus-dose-padrao-em-idosos
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