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    Eficácia Comparativa de Adalimumabe versus Tofacitinibe em Pacientes com Artrite Reumatoide na Austrália

    24 de setembro de 2024

    5 minutos de leitura

    Residente Colaboradora:

    Letícia Lima Santos

    Pergunta:

    • Qual é a eficácia comparativa de resposta clínica e perfil de segurança entre Adalimumabe e Tofacitinibe em pacientes com artrite reumatoide?

    Background:

    • Terapias biológicas, como o adalimumabe, um inibidor de TNF, e o tofacitinibe, um inibidor de JAK, têm sido amplamente utilizadas para tratar pacientes com AR que não respondem a DMARDs tradicionais. Portanto, este estudo comparativo entre adalimumabe e tofacitinibe em pacientes com artrite reumatoide na Austrália teve como objetivo avaliar a eficácia e o perfil de segurança dessas duas intervenções em uma coorte de mundo real. 

    Desenho do Estudo:

    • Estudo observacional com a intenção de simular ensaio clínico .

    • Foi utilizada abordagem de intenção de tratar, de modo que todos os pacientes foram analisados de acordo com o tratamento que receberam, independentemente de terem completado o tratamento ou não. 

    • Esforços metodológicos foram feitos para compensar as ocasiões de falta de dados de início e desfecho de tratamento.

    • Utilização de registros de saúde eletrônicos para coletar dados de pacientes.

    • Avaliação observacional de dois grupos: uso de adalimumabe ou tofacitinibe em pacientes previamente sem uso de medicações modificadoras de curso de doença biológicas (MMCDbio) ou sintéticas direcionadas (MMCDsd).

    População:

    • Pacientes adultos com artrite reumatoide na Austrália tratados com adalimumabe ou tofacitinibe entre 2015 e 2021

    Critérios de Inclusão:

    • Idade superior a 18 anos;

    • Sem uso prévio de DMARD sintético direcionado;

    • Pelo menos 6 meses entre a primeira visita médica registrada e o início do estudo;

    • Pelo menos 6 meses de tratamento com DMARD sintético convencional imediatamente antes do estudo.

    Critérios de Exclusão:

    • Pacientes sem pelo menos um escore DAS28-PCR registrado no início do estudo, 3 meses ou 9 meses após.

    Exposições:

    • Grupo Adalimumabe na dose de 40 mg a cada 14 dias, sem uso prévio de MMCDbio/sd.

    • Grupo Tofacitinibe na dose de 10 mg por dia, sem uso prévio de MMCDbio/sd.

    Desfechos:

    • Primário: atividade de doença por DAS28-PCR, aos 3 e 9 meses após o início do tratamento. A eficácia comparativa foi avaliada pela diferença média entre o DAS28-PCR dos grupos tofacitinibe e adalimumabe, que recebeu o nome de efeito médio do tratamento estimado (EMT).

    • Secundários: avaliação de componentes específicos do DAS28-PCR, como a contagem de articulações doloridas e a contagem de articulações edemaciadas, além de outros parâmetros relacionados à atividade da doença e à qualidade de vida dos pacientes.

    Características dos Pacientes:

     

    Masculino (31.3% Masculino)Feminino (68.7% Feminino)
    Masculino
    Feminino

     

      • Grupo Adalimumabe (N=569) x Grupo Tofacitinibe (N=273):

      • Idade mediana (anos): 56 x 59

      • Mediana de tempo de doença (anos): 1 x 1,2

      • Mediana de DAS28-PCR: 5,7 x 5,4

      • Proporção de mulheres: 68% x 73,6%

      • Proporção de homens: 30,8% x 26,4%

    Resultados:

    • No grupo em uso de adalimumabe, a média do DAS28-PCR diminuiu de 5,3 no início do estudo para 2,6 aos 3 meses e para 2,3 aos 9 meses.

    • No grupo em uso de tofacitinibe, a média do DAS28-PCR diminuiu de 5,3 no início do estudo para 2,4 aos 3 meses e para 2,3 aos 9 meses.

    • O Efeito de Tratamento Médio Estimado para tofacitinibe em comparação ao adalimumabe foi de −0,2 (IC 95%, −0,4 a −0,03; P = 0,02) aos 3 meses, indicando uma ligeira redução maior no DAS28-PCR para o tofacitinibe.

    • Aos 9 meses, não houve diferença significativa no DAS28-PCR entre os grupos (ATE = −0,03;P = 0,60).

    • Houve 28 interrupções de tratamento devido a eventos adversos no grupo adalimumabe (3,8%) e 19 interrupções no grupo tofacitibine (4,4%).

    • Foi registrado 1 caso de MACE (acidente vascular cerebral embólico) no grupo tofacitinibe (0,2%) e 1 caso de trombose venosa profunda.

    • Houve 1 caso de embolia pulmonar em cada grupo (0,1% adalimumabe e 0,2% tofacitibine).

    • Não foram registradas interrupções por câncer em ambos os grupos.  

    Conclusões:

    • Aos 3 meses, o tofacitinibe demonstrou uma ligeira vantagem na redução do DAS28-PCR em comparação ao adalimumabe, mas essa diferença não foi mantida aos 9 meses, quando ambos os tratamentos apresentaram reduções similares.

    Pontos Fortes:

    • Com mais de 800 pacientes elegíveis, o estudo teve um tamanho de amostra considerável, o que aumenta a precisão estatística e a robustez das análises realizadas.

    • A pesquisa aborda uma questão clínica relevante ao investigar a eficácia comparativa de dois tratamentos amplamente utilizados para artrite reumatoide, proporcionando informações valiosas para a prática clínica.

    • O uso de métodos estatísticos, como pesos de balanceamento estáveis e imputação múltipla, ajudou a mitigar problemas relacionados a dados ausentes e diferenças nas características basais entre os grupos, melhorando a validade interna do estudo

    Pontos Fracos:

    • Este estudo não aborda a segurança dos medicamentos avaliados, mas apenas descreve as reações adversas registradas em pacientes que receberam Adalimumabe ou Tofacitinibe como DMARD biológico e/ou sintético direcionado como terapia de primeira linha. 

    • Apesar de emular um ensaio clínico, o estudo ainda é observacional, o que pode introduzir viés de seleção e confusão não medida, limitando a capacidade de inferir causalidade. Além disso, não é possível determinar eficácia terapêutica e nem o perfil de segurança neste desenho.

    • O acompanhamento dos pacientes foi limitado, o que pode impactar a avaliação de eventos adversos e a durabilidade dos efeitos dos tratamentos.

    • Os resultados não são generalizáveis para todas as populações de pacientes com artrite reumatoide, especialmente aqueles que já receberam outro DMARD biológico e/ou sintético direcionado antes desse tratamento.


    Autor do conteúdo

    Marcos Jacinto


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/eficacia-comparativa-de-adalimumabe-versus-tofacitinibe-em-pacientes-com-artrite-reumatoide-na-australia


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