Efeitos de Longo Prazo da Empagliflozina em Pacientes com Doença Renal Crônica
24 de dezembro de 2024
7 minutos de leitura
Quais os efeitos cardiorrenais a longo prazo da empagliflozina em pacientes com doença renal crônica incluídos no estudo EMPA-KIDNEY?
O estudo Empa-Kidney foi realizado para avaliar a eficácia e segurança do uso da empaglifozina (inibidor de SGLT2) em pacientes com doença renal crônica (DRC). Os resultados desse trabalho mostraram que a empaglifozina reduziu a progressão da DRC e o risco cardiovascular, além de reduzir o risco de hospitalização por IC e injúria renal aguda em pacientes com DRC e outras comorbidades, incluindo diabetes e insuficiência cardíaca. No entanto, o estudo teve um período de seguimento relativamente curto, sendo interrompido precocemente por eficácia, após um período médio de 2 anos de seguimento. Nesse contexto, o acompanhamento pós ensaio pode oferecer informações importantes em relação aos desfechos que necessitam de mais tempo para ocorrerem. Este estudo descreve o seguimento por mais 2 anos dos participantes do estudo Empa-Kidney.
Ensaio clínico randomizado
Multicêntrico (185 dos 241 centros [77%] em 7 dos 8 países do estudo original)
Estudo original duplo cego, mas no seguimento a longo prazo o uso de iSGLT2 poderia ser feito de acordo com a indicação do médico responsável pelo paciente de ambos os grupos.
Análise do seguimento no presente estudo feita conforme a randomização original
Dos 6609 pacientes do estudo original, 4891 (74%) foram acompanhados posteriormente (estudo atual)
Financiado pela Boehringer Ingelheim
Pacientes com doença renal crônica incluídos no estudo EMPA-KIDNEY que foram seguidos por mais dois anos adicionais
Idade ≥18 anos
Taxa de filtração glomerular (TFG), calculado por CKD-EPI, ≥20-45 mL/min/1,73m2
TFG ≥45-90 mL/min/1,73m2, com uma relação albumina/ creatinina urinária ≥200 mg/g
Em uso de um inibidor do sistema renina angiotensina
Pacientes com e sem DM2 eram elegíveis
Uso prévio de inibidor de SGLT2
DM tipo 2 e doença aterosclerótica cardiovascular prévia com TFG > 60.
Uso concomitante de IECA e BRA.
Terapia dialítica, transplante renal ou programação de transplante.
Doença renal policística.
Cirurgia bariátrica prévia ou programada.
Terapia imunossupressora intravenosa nos últimos 3 meses ou uso atual de prednisona em 45 mg ou mais (ou dose equivalente).
Cetoacidose nos últimos 5 anos.
Gestação e lactação.
DM tipo 1
Empagliflozina VO 10 mg vez ao dia
Uso durante o período do ensaio clínico. Para o seguimento de longo prazo não foi fornecida medicação. Porém, médicos locais tinham liberdade para prescrever qualquer inibidor de SGLT2
Placebo VO 1 vez ao dia
Uso durante o período do ensaio clínico. Porém, durante seguimento de longo prazo, médicos locais tinham liberdade para prescrever qualquer inibidor de SGLT2
Primário: desfecho composto de tempo até progressão de doença renal
Definido por DRC em estágio final, morte por insuficiência renal, declínio sustentado de TFG<10 ou redução da TGF >40% em relação ao valor basal) ou morte de causa cardiovascular.
Secundários: progressão de doença renal; DRC em estágio final e morte por todas as causas; morte por causa não cardiovascular.
MasculinoFeminino
Empaglifozina (N=2472) x Placebo (N=2419)
Idade (anos): 63±14 x 63±14
Comorbidades:
DM: 44,0% x 42,2%
Doença cardiovascular: 25,8% x 26,5%
PA sistólica (mmHg): 136,9 ±18,3 x 136,9 ±18,3
PA diastólica (mmHg): 78,6 ±11,6 x 78,6 ±11,8
IMC (kg/m2): 29,9 ±6,6 x 30,0 ±6,7
TFG (mL/min/1,73m2): 36,9 ±14,1 x 36,9 ±14,1
Relação albumina/ creatinina urinária média (mg/g): 324 (44-1045) x 313 (45-1079)
Inibidor do Sistema Renina Angiotensina: 86,7% x 85,4%
Estatina: 66,3% x 65,4%
Nefropatia não diabética em 71,3%.
Média de seguimento: 2,0 anos.
Uso de ISGLT2 no pós ensaio: 43% x 40%
Progressão (piora) da doença renal foi menos comum no grupo empagliflozina no seguimento a longo prazo
Durante o período combinado (ensaio e pós ensaio), o desfecho primário ocorreu em 26,2% no grupo empagliflozina e 30,3% no grupo do placebo (HR: 0,79; IC: 0,72 - 0,87)
Durante o ensaio o HR foi de 0,72 (IC: 0,64 - 0,82) e no período pós ensaio foi de 0,87 (IC: 0,76 - 0,99).
Maior parte do benefício no período pós-ensaio ocorreu precocemente, com efeito protetor até 12 meses:
6 meses: HR: 0,60 (IC: 0,38 - 0,93)
1º ano: HR: 0,76 (IC: 0,60 - 0,96)
2º ano: HR: 0,90 (IC: 0,75 - 1,07)
O risco de progressão da doença renal no período combinado foi 21% menor no grupo empagliflozina em relação ao placebo, com HR de 0,79 (IC: 0,72 - 0,87).
O risco de doença renal em estágio final foi de 9,0% no grupo empagliflozina e 11,3% no grupo do placebo (HR: 0,74; IC: 0,64 - 0,87).
Durante os períodos combinados, o risco de doença renal em estágio final ou morte por todas as causas foi de 16,9% no grupo empagliflozina e 19,6% no grupo placebo (HR: 0,81, IC: 0,72 - 0,90). No período pós ensaio o HR foi 0,82 (IC: 0,70 - 0,96).
O desfecho primário ocorreu em 57±14 menos pacientes por 1000 pessoas no grupo empagliflozina em relação ao placebo ao final do período do ensaio e em 45±14 menos pacientes por 1000 no final dos períodos combinados.
Os efeitos no desfecho primário foram semelhantes nas análises de subgrupos em relação a presença de diabetes, faixas da TFG, relação albumina-creatina urinária e causa primária da doença renal.
Não houve diferenças sobre o risco de morte por causas não cardiovasculares, com 5,3% em ambos os grupos (HR: 0,97; IC: 0,79 - 1,20).
Em pacientes com doença renal crônica, a empagliflozina continuou a ter benefícios cardiorrenais por até 12 meses após sua descontinuação.
Número considerável de pacientes mesmo no seguimento a longo prazo
Seguimento de longo prazo com aumento do número de desfechos primários (990 -> 1866).
Critérios de inclusão amplos, favorecendo a aplicabilidade dos resultados
Não manter a intervenção, mostrando apenas o benefício residual da intervenção.
Número considerável de pacientes e centros não foram incluídos para seguimento no período pós ensaio.
Uso de inibidor de SGLT2 no grupo placebo no período pós ensaio.
Sem informações sobre hospitalizações.
Autor do conteúdo
Silas Furquim
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/efeitos-de-longo-prazo-da-empagliflozina-em-pacientes-com-doenca-renal-cronica
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