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    Efeitos da Teriparatida e Risedronato em Novas Fraturas em Mulheres Pós-menopausa com Osteoporose Grave

    17 de dezembro de 2024

    5 minutos de leitura

    Pergunta:

    • A teriparatida é mais eficaz do que o risedronato na redução de novas fraturas em mulheres pós-menopausa com osteoporose severa?

    Background:

    • A teriparatida (hormônio da paratireóide recombinante humano) é um medicamento osteoformador que tem se mostrado eficaz em reduzir fraturas vertebrais e não-vertebrais. Estudos de fase dois mostraram o potencial da droga em melhorar desfechos substitutos, tais como densidade mineral óssea, biomarcadores e outros. No entanto, poucos estudos haviam comparado diretamente essa medicação com outros tratamentos bem estabelecidos na literatura, como os bisfosfonatos. Neste contexto, o estudo VERO comparou a eficácia da teriparatida versus risedronato em reduzir fraturas em pacientes com osteoporose grave.

    Desenho do Estudo:

    • Ensaio clínico randomizado 

    • Multicêntrico (123 centros na Europa, América do Norte e América do Sul)

    • Duplo cego e double dummy

    • Randomização estratificada baseado em fratura vertebral (<12 ou >12 meses e uso recente de bisfosfonatos)

    • Estimando uma taxa de fratura vertebral de 4,5% no grupo teriparatida e 10% com risedronato, 670 pacientes por grupo seriam necessários para se ter um poder de 90% e alfa de 5%, assumindo uma taxa de atrito de 30%

    • Financiado pela indústria (Eli Lilly)

    População:

    • Mulheres com osteoporose na pós-menopausa incluídas entre 2012 e 2016

    Critérios de Inclusão:

    • Mulheres pós-menopausa >45 anos

    • T-score <-1,5 em sítio femoral ou lombar

    • Presença de 2 fraturas vertebrais moderadas (redução de altura vertebral 26-40%) ou 1 grave (>40% redução)

    Critérios de Exclusão:

    • Histórico de malignidade nos últimos 5 anos

    • Fator de risco para osteosarcoma

    • Fratura atípica de fêmur ou osteonecrose de mandíbula prévia

    • Taxa de filtração glomerular <30 mL/min

    • Doença gastrointestinal que contra indicasse o uso de risedronato

    • Vitamina D <23 nmol/L

    • Alguma doença óssea ativa (como Doença de Paget)

    • Tratamento atual com outra droga antiosteoporose

    Intervenção:

    • Teriparatida 20 µg SC/dia + Placebo VO 1x na semana por 24 meses 

    Controle:

    • Risedronato 35 mg VO 1x na semana + Placebo SC 1x ao dia por 24 meses

    Outros Tratamentos e Definições:

    • Todos os pacientes receberam suplementação de cálcio (500-1000mg ao dia) e de vitamina D (400-800 UI ao dia)

    Desfechos:

    • Primário: incidência de novas fraturas vertebrais

    • Secundários: fraturas clínicas (não-vertebrais e vertebrais sintomáticas), fraturas não-vertebrais e fraturas não-vertebrais maiores (quadril, rádio, úmero, costela, pelve, tíbia, fêmur), mudança de altura, qualidade de vida e dor lombar, e eventos adversos.

    Características dos Pacientes:

     

    Masculino (0% Masculino)Feminino (100% Feminino)
    Masculino
    Feminino

     

    • Grupo Teriparatida (N=680) x Grupo Risedronato (N=680):

    • Idade (anos): 72,6±8,77 x 71,6±8,58

    • Brancos: 99% x 96%

    • Europeus: 66% x 62%

    • T-score de sítio vertebral: -2,27±1,24 x -2,29±1,22

    • T-score colo do fêmur: -2,27±0,76 x -2,24±0,74

    • T-score fêmur total: -1,95±0,87 x -1,95±0,82

    • Pacientes com 5 ou mais fraturas vertebrais: 16% x 15%

    • Uso prévio de bisfosfonatos: 59% x 57%

    • Duração média do tratamento antiosteoporose prévio (em anos): 3,2 x 3,3

    • Uso concomitante de corticoide: 10% x 8%

    Resultados:

    • Após 25 meses, a incidência de novas fraturas vertebrais foi de 5,4% das pacientes no grupo teriparatida comparado a 12% no grupo risedronato, com redução de risco relativo de 56% (RR 0,44, 95% IC 0,29-0,68, p<0,0001).

     

    
    

     

    • Houve redução também nas fraturas clínicas de 4,8% com teriparatida vs 9,8% com risedronato (HR 0,48, 95% IC 0,32-0,74, p=0,0009).

    • Não houve diferença entre os grupos para fraturas não-vertebrais ou não-vertebrais maiores.

    • Não houve diferença entre perda de altura, qualidade de vida ou dor lombar entre os dois grupos.

    • Os efeitos colaterais foram raros e semelhantes entre os dois grupos; hipercalcemia foi mais observada no grupo que recebeu teriparatida (2,2% vs 0,1%)

    Conclusões:

    • Teriparatida foi superior ao risedronato na redução de novas fraturas vertebrais e fraturas clínicas em mulheres pós-menopausa com osteoporose grave 

    Pontos Fortes:

    • Estudo multicêntrico ( 123 países em diversos continentes) com maior validade externa

    • Inclusão de pacientes de muito alto risco de fratura

    • Desenho double dummy ajuda a manter cegamento (ambos os grupos recebiam uma injeção SC e uma medicação VO: placebo ou medicação)

    Pontos Fracos:

    • Maioria dos participantes são brancos europeus, limitando a generalização dos resultados

    • Estudo que não necessariamente se aplica para população masculina e para mulheres com risco intrinsecamente menor de fratura

    • Ausência de avaliação de medidas de densidade mineral óssea e biomarcadores de remodelação óssea

    • Ausência de avaliação de fratura de quadril, que é a fratura usualmente relacionada com maior morbimortalidade na osteoporose

    • Inclusão de pacientes não virgens de tratamento que usaram antirreabsortivos previamente pode reduzir efetividade do anabólico como demonstrado em outros estudos (DATA Switch, STRUCTURE)

    • Não especificado a participação da indústria patrocinadora no estudo 


    Autor do conteúdo

    Matheo Stumpf


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/efeitos-da-teriparatida-e-risedronato-em-novas-fraturas-em-mulheres-pos-menopausa-com-osteoporose-grave


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