Efeitos da Redução do Comportamento Sedentário na Pressão Arterial em Trabalhadores de Escritório.
20 de fevereiro de 2025
5 minutos de leitura
A redução do comportamento sedentário durante o trabalho, por 3 meses, reduz a pressão arterial e a rigidez arterial?
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das principais causas modificáveis de doenças cardiovasculares (DCV) e morte. O tratamento de primeira linha são as intervenções não farmacológicas, como aumento da atividade física. Estudos de coorte demonstraram que o comportamento sedentário está associado a um maior risco de DCV e morte. Dentre seus efeitos deletérios estão o aumento da pressão arterial (PA) e rigidez arterial. Estes, porém, podem ser atenuados pela atividade física de baixa intensidade. Portanto, o objetivo deste estudo foi de, através de um ensaio clínico randomizado, testar a eficácia da redução do comportamento sedentário em reduzir a pressão arterial e a rigidez arterial.
Ensaio clínico randomizado
Unicêntrico (Universidade de Pittsburgh)
Aberto
Randomização na proporção de 1:1 em blocos de tamanhos variados, estratificado por sexo e valor de pressão
Poder estimado de 80%, com uma amostra de 240 participantes para detectar uma diferença de 4 mmHg no valor de PA entre os grupos
Adultos trabalhadores de escritório com PA elevada, sem uso de anti-hipertensivos e sedentários incluídos entre 2018 e 2022
Idade entre 21 e 65 anos
PA sistólica (PAS): 120-159 mmHg ou PA diastólica (PAD) 80-99 mmHg.
Sedentário ou insuficientemente ativo (atividade aeróbica de intensidade moderada a vigorosa <150 minutos/semana).
Empregado por pelo menos 20 horas/semana em trabalho sedentário em uma mesa.
Localização do escritório a aproximadamente 40 km do centro de pesquisa.
Emprego estável (empregado há ≥3 meses e previsão de permanência >3 meses).
Aprovação do supervisor para realização da intervenção.
Possuir um telefone celular capaz de receber mensagens de texto.
PA sistólica em repouso ≥160 mmHg ou PA diastólica ≥100 mmHg;
Uso de medicamentos anti-hipertensivos ou hipoglicemiantes;
Antecedente de DCV;
Gestação nos 3 meses anteriores ou planos de engravidar nos 3 meses seguintes;
Planejamento de se ausentar do trabalho por um período prolongado durante o seguimento;
Estar em uso de mesa ajustável, mesa para ficar em pé ou dispositivo vestível para interromper o comportamento sedentário;
Participação atual em programa de mudança de estilo de vida.
Redução de 2 a 4 horas/dia no comportamento sedentário.
Estratégias comportamentais (autocontrole, definição de metas, resolução de problemas), modificação do ambiente (acessório ajustável para sentar-se e ficar em pé) e estímulos externos próximos (lembrete de atividade) e mensagens de texto que estimulem a mobilização
Nenhuma intervenção durante o estudo.
Primário: redução da PAS e velocidade de onda de pulso (VOP) em comparação ao grupo controle, após 3 meses
Secundários: mudanças em 3 meses na PAD, PA ambulatorial de 24h.
MasculinoFeminino
271 pacientes // Masculino 40% e Feminino 60%
Grupo Intervenção (N=136) x Grupo Controle (N=135):
Idade (anos): 47 x 43
IMC (Kg/m2): 30,6 x 31,2
Peso (Kg): 88 x 91
Sexo Masculino: 40% x 39%
Horas de trabalho/semana: 42 x 42
PAS (mmHg): 130 x 128
PAD (mmHg): 83 x 83
VOP carotídeo-femoral (m/s): 8,2 x 7,7 (p=0,002)
VOP carotídeo-radial (m/s): 9,1 x 9,0
A intervenção teve efeitos significativos na redução do comportamento sedentário (CS). Considerando o tempo acordado, o grupo intervenção apresentou uma redução de 1,15 horas/dia em relação ao controle (p<0,0001).
Quando divididas entre horas de trabalho e fora do trabalho, as reduções no CS no grupo intervenção foram observadas durante o horário de trabalho (−1,14 horas/dia; p<0,0001), mas não fora do trabalho (−0,20 horas/dia; p=0,1881).
O CS parece ter sido substituído principalmente por períodos em pé, com um aumento durante o horário de trabalho em 1,25 horas/dia (p<0,0001). O número de passos diários aumentou significativamente apenas durante o horário de trabalho (420 passos/dia; p=0,0043).
Houve redução da PAS em ambos os grupos, sem diferença em 3 meses entre os grupos (−0,22±0,90 mmHg; p=0,8084), com um padrão semelhante na PAD (0,13±0,61 mmHg; p=0,8265).
Os efeitos da intervenção sobre a VOP carotídeo-femoral (0,10±0,11 m/s; p=0,3553) e carotídeo-radial (0,03±0,12 m/s; p=0,7850) foram semelhantes entre os grupos.
Ao se analisar o tempo em pé durante o trabalho, houve uma associação inesperada da intervenção com aumentos na VOP carotídeo-femoral (r=−0,19; p=0,0059). No entanto, aumentos no tempo em pé no período fora do trabalho foram associados a reduções na VOP carotídeo-femoral (r = −0,14; p=0,0379).
As mudanças na PA ambulatorial de 24 horas entre os grupos também foram semelhantes (PAS: 0,31±0,87 mmHg; p=0,7267; PAD: 0,85±0,61 mmHg; *p=0,1670).
As mudanças no peso (−0,19±0,32 kg; p=0,5438) não diferiram entre os grupos.
A intervenção RESET-BP de 3 meses reduziu o comportamento sedentário e aumentou o tempo em pé em aproximadamente 1 hora durante o dia de trabalho, mas não foi eficaz para reduzir a pressão arterial ou a rigidez arterial.
Ensaio randomizado
Randomização com boa estratégia para garantir sigilo de alocação
Intervenção efetiva em reduzir o comportamento sedentário
Alta taxa de permanência no protocolo
Pacientes sem doenças cardiovasculares
Tempo de seguimento curto
Ausência de avaliação de outros desfechos como adiposidade, controle glicêmico, entre outros.
Possível que o grupo controle tenha mudado os hábitos apenas por saber estar participando do estudo (estudo aberto / não cego)
Autor do conteúdo
Silas Furquim
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/efeitos-da-reducao-do-comportamento-sedentario-na-pressao-arterial-em-trabalhadores-de-escritorio
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